Tecnologia
Em nova empreitada, Sam Altman pretende aumentar expectativa da vida humana
O CEO da OpenAI investiu US$ 180 milhões na startup Retro Biosciences. O objetivo é reprogramar o corpo humano
O CEO da OpenAI, Sam Altman, está com os olhos voltados não apenas a negócios envolvendo inteligência artificial. Agora, ele mira em uma tentativa de reprogramar o corpo humano. Na verdade, isso já faz três anos.
Foi em 2021 que Altman começou um negócio paralelo à presidência da criadora do ChatGPT. Ele investiu inicialmente US$ 180 milhões na startup “Retro Biosciences”, cujo objetivo do negócio é adicionar 10 anos saudáveis ao fim das vidas – o que de certa forma vai de encontro à visão de mundo futurista do bilionário.
Mas para isso foi preciso se unir a Joe Betts-LaCroix, um cientista, biofísico e gênio da computação treinado em Harvard, MIT e Caltech conhecido por ter desenvolvido o menor computador pessoal do mundo. Segundo o “Business Insider”, Betts-LaCroix tem sido um promotor de longa data da ciência mais rigorosa e da “biologia profunda” para a longevidade através de sua organização sem fins lucrativos Health Extension Foundation.
A Retro Biosciences
A Retro Biosciences é apontada como tendo um espírito puro Vale do Silício. A sede é um escritório semelhante a um armazém, e os laboratórios são um conjunto de contêineres. A startup segue fazendo apostas sobre o que poderia funcionar para prolongar a vida humana através de três técnicas anti-envelhecimento: autofagia, reprogramação celular e terapia plasmática.
No primeiro caso, o foco está na criação de uma pílula para reciclagem das células. Esta área de pesquisa seria a mais madura das três para uma possível solução “rápida” para o envelhecimento. E isso se deve ao fato de que já existem dois medicamentos promissores para transplantes renais e diabetes a fim de aumentar a longevidade. E alguns biohackers já os usam off-label como intervenções de envelhecimento.
Já no segundo caso, da reprogramação celular, a ideia é fazer com que as células velhas fiquem jovens novamente, usando quatro fatores “Yamanaka” (uma pesquisa de células-tronco do japonês, Shinya Yamanaka, ganhador do Prêmio Nobel em 2012).
Para este fim, a startup está fazendo pesquisas a partir da extração de células dos ouvidos ou das articulações dos joelhos das pessoas a fim de reprogramá-las parcialmente para depois de rejuvenescidas, serem inseridas de volta nos doadores assim que forem consideradas seguras para tratamento.
Caso esses experimentos se provarem efetivos em questões como perda auditiva relacionada à idade ou mobilidade articular, por exemplo, a Retro poderá tentar algo mais avançado.
Por fim, a terceira aposta é via terapia plasmática, considerada a mais promissora nos testes já feitos em camundongos. Nela foi diluído o plasma sanguíneo com solução salina e injetado nos roedores idosos. O resultado? Uma ampla gama de problemas relacionadas à idade foram melhorados, como, redução na inflamação, melhora da saúde muscular e hepática, assim como o estímulo a formação de células cerebrais. Pesquisas em andamento na startup investida por Altman sugerem que a técnica também pode funcionar para humanos.
A empreitada do CEO da OpenAI não é um fato isolado entre titãs de tecnologia. Jeff Bezos também investiu centenas de milhões de dólares na Altos Labs, empresa de biotecnologia sediada em San Diego. Este já é considerado o laboratório de longevidade mais bem financiado do mercado, segundo as principais mídias americanas.
A questão é que ainda é cedo para saber se a abordagem de Altman, que funcionou tão bem na descoberta de várias startups de grande sucesso no Vale do Silício, vai garantir a corrida para um produto que aumente a longevidade.
Mas se gerocientistas conseguirem fazer com que as pessoas vivam por mais tempo tomando uma pílula, os efeitos no mundo dos negócios e no setor de saúde podem vir a ser um tsunami.
Veja também
- ‘Não, obrigado’: Hypera rejeita fusão com EMS e lança dúvida sobre governança da rival
- Supercomputador da Nvidia acelera descoberta de novos remédios na Dinamarca com IA
- Dasa vende divisão de seguros para grupo Case por R$ 255 milhões
- A Pfizer foi incrível contra a Covid, mas ela precisa de um Ozempic para chamar de seu
- Dasa avança em negociação para venda de divisão de seguros por até R$ 245 milhões