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O maior erro que chefes cometem ao delegar

Muitos gestores adotam uma postura excessivamente distante e acabam se frustrando quando as coisas dão errado. Há um jeito melhor de fazer isso

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A marca de um bom gestor é a capacidade de delegar. Ou, ao menos, é isso que diz a sabedoria convencional: ao repassar tarefas aos subordinados diretos, gestores liberam tempo para atividades de nível mais alto, empoderam os funcionários e ampliam a capacidade de suas equipes.

Mas, se a delegação deveria ser algo tão positivo, por que ela dá errado com tanta frequência?

Descobri que quase todos os gestores caem na mesma armadilha ao delegar: tratam a delegação como um botão de ligar e desligar. Ou seja, depois de atribuir uma tarefa a um funcionário, adotam imediatamente uma postura distante, esperando que ele faça tudo certo — e se frustrando quando isso não acontece. Em vez de empoderar os funcionários e reduzir a pressão sobre os gestores, a delegação acaba gerando frustração para ambos, além de desperdício de esforço e baixa motivação da equipe.

Uma gerente de engenharia de uma grande empresa de alta tecnologia certa vez me disse: “Eu delegaria se alguém soubesse fazer as coisas sozinho. Eles não fazem direito, demoram demais e não têm iniciativa.” Ao nos aprofundarmos, porém, percebemos que os problemas de delegação tinham mais a ver com ela do que com a equipe.

Em vez de delegar e desaparecer, sugiro uma estratégia baseada no que chamo de botão de ajuste da delegação.

Passo a passo

O primeiro passo é determinar o grau de conhecimento, habilidade e experiência do funcionário para lidar com a função ou tarefa que você quer delegar. É óbvio que um estagiário precisará de orientação, mas isso também pode valer para qualquer membro da equipe — até mesmo um profissional sênior — dependendo do projeto. Observe o tipo de perguntas que o funcionário faz: elas indicam que a pessoa tem alguma noção do que você espera que seja feito?

Depois de identificar em que nível o funcionário se encontra, você pode avaliar o quanto precisa se envolver. Meu botão de ajuste da delegação — o nível de orientação que você deve oferecer — tem cinco estágios: “fazer”, “dizer”, “ensinar”, “orientar” e “rede de segurança”.

Fazer” significa que o funcionário observa você executando a tarefa antes de assumi-la. Esse estágio é mais adequado para quem nunca realizou aquela atividade e não sabe por onde começar. Para funcionários capazes de ter um pouco mais de autonomia — por exemplo, que entendem quais habilidades ainda precisam desenvolver — há o estágio “dizer”, em que você fornece instruções passo a passo, ou “ensinar”, quando explica claramente por que a tarefa deve ser feita de determinada forma e ordem, deixando que o funcionário siga adiante.

O próximo nível, “orientar”, ocorre quando você permite que o funcionário execute a tarefa delegada por conta própria, mas o acompanha fazendo perguntas como: “O que mais você considerou?” ou “O que levou você a escolher essa opção?”. Por fim, há a “rede de segurança”, quando você deixa o subordinado direto fazer o trabalho e avisa que estará disponível se for necessário. Ironicamente, é nesse estágio que a maioria dos gestores começa.

Acompanhamentos regulares

Independentemente do estágio do botão de ajuste da delegação em que você e o membro da equipe estejam, marque acompanhamentos regulares para evitar desencontros de expectativas de última hora. A gerente de engenharia com quem trabalhei, por exemplo, agendava reuniões quinzenais mesmo quando atuava apenas como rede de segurança.

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Reavalie periodicamente em que estágio de aprendizado os funcionários se encontram para determinar se já estão prontos para assumir mais autonomia. Peça que avaliem o que funcionou e por quê, onde encontraram dificuldades e quais foram as causas. Qual foi o nível geral de conforto com o projeto? Se houver qualquer dúvida sobre o aumento da capacidade do funcionário, o melhor é manter a delegação no estágio atual até que a pessoa se prove.

O uso do botão de ajuste da delegação cumpre três objetivos: menos trabalho acumulado para o gestor, crescimento da equipe e entregas de maior qualidade — com menos crises de última hora.

Sabina Nawaz (@sabinanawaz) é coach global de CEOs e palestrante em liderança, além de autora do livro “Você é o chefe: torne-se o gestor que você quer ser (e que os outros precisam)”.

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