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Caso 123 Milhas: mitigar riscos tem um custo, e nem todos podem pagar
Sugerir que o consumidor busque sempre o caminho de menor risco também pode ser uma solução muito simplista.
As agências virtuais de turismo estão ganhando cada vez mais destaque como uma opção prática e acessível para viajantes que desejam planejar a viagem pela internet e, acima de tudo, economizar. Oferecendo a conveniência de pesquisar e reservar pacotes turísticos, voos e acomodações diretamente em plataformas digitais e garimpar preços com facilidade, essas agências proporcionam acesso a uma variedade de opções com apenas alguns cliques. No entanto, há riscos comumente associados às compras online que precisam ser levados em consideração.
Há cerca de uma década, era esperado que os consumidores apresentassem cautela com relação a compras online, especialmente as de maior valor. Com o passar dos anos, à medida em que suas aquisições foram se mostrando bem sucedidas, o ticket médio das compras pela internet foi aumentando cada vez mais, assim como a confiança do consumidor. Ainda assim, sempre que eventos relacionados a fraudes ou propaganda enganosa ocorrem, a insegurança e a cautela voltam a assolar o mercado de forma generalizada – e não prejudicam apenas as empresas causadoras do dano.
Se por um lado as comodidades e preços da internet são tentadores, por outro, as agências virtuais costumam ter menos “lastro” do que as agências físicas, as quais têm como trunfo as indicações e o atendimento personalizado, além de soluções imediatas para problemas que possam surgir antes, durante ou após a viagem. A interação direta com um agente de viagens e a possibilidade de conhecer as instalações da empresa também podem proporcionar uma maior sensação de segurança, especialmente para viajantes mais cautelosos.
O caso 123 Milhas
A agência de turismo 123 Milhas tornou-se conhecida por “democratizar” as passagens aéreas oferecendo preços abaixo do mercado. Após amplo investimento em divulgação e a sua popularização em todo o Brasil, a empresa tomou a decisão, nesta semana, de suspender temporariamente a comercialização de pacotes e a emissão de passagens da linha promocional denominada “Promo”.
A medida atraiu a atenção do Procon-SP e levantou suspeitas, inclusive, sobre o estabelecimento de uma suposta pirâmide financeira. A justificativa fornecida pela 123 Milhas foi de que desafios econômicos e de mercado a levaram a tomar tal decisão – o que pode até ser verdade, mas não sossega os consumidores prejudicados.
Quando se trata de turismo de lazer, o custo passa a ser um fator determinante para a grande maioria dos brasileiros, muitas vezes representando parte importante de seu orçamento anual. A verdade é que mitigar os riscos e buscar agências mais consolidadas tem um custo, e nem todos podem pagar.
Sugerir que o consumidor busque sempre o caminho de menor risco também pode ser uma solução muito simplista, uma vez que ao fazer isso pode-se estar sugerindo que o mesmo extrapole seu orçamento ou simplesmente deixe de viajar – o que, em ambos os casos, também o prejudica. Portanto, é preciso analisar o orçamento sempre de foram racional, buscando um equilíbrio adequado entre custo, risco e benefício.
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