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É verdade que as ações perdem valor quando a Selic sobe?
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Pergunta do leitor: Ouvi dizer que quando a taxa de juros da economia fica mais alta, os papéis negociados na bolsa de valores ficam menos atrativos. Isso é verdade?
Resposta de Robson Calou:
Ótima pergunta, mas antes devemos entender os riscos das ações listadas na bolsa e os motivos da alta da Selic, pois nem todas as ações da bolsa têm esta relação.
Um dos motivos para a Selic subir é o aumento da inflação, cuja causa principal é o aumento do consumo (a procura), que faz os preços subirem. Para conter esse aumento da inflação, a mais importante estratégia monetária adotada no Brasil é aumentar a taxa básica de juros Selic.
Isso significa que vai ficar mais caro tomar crédito, não só para consumidores, mas também para empresas e isto desestimula o consumo (a procura) e ajuda a estabilizar os preços.
Dependendo do segmento da empresa, a subida da taxa Selic pode aumentar as dívidas financeiras já assumidas e prejudicar o resultado, tornando o preço da ação dela menos atrativo naquele momento.
Ou seja, com esta alteração no valor das ações, ocorre uma migração de setores investidos, ocasionando perda de valor momentâneo em alguns segmentos e aumento em outros segmentos.
Além disso, com o aumento da Selic, a relação retorno pelo risco da renda fixa fica mais atrativa, desestimulando alguns investidores de assumirem um risco maior no mercado de renda variável. Desta forma, alguns investidores relevantes, incluindo estrangeiros, saem da bolsa para entrar na renda fixa, gerando oscilações no preço das ações.
Desta forma, é importante entendermos os riscos de cada classe de ativos, conhecendo as diferenças entre a renda fixa atrelada à Selic, à inflação ou mesmo pré-fixada, o mercado de ações e mesmo os outros segmentos, como os multimercados.
Cada um deles apresenta características de liquidez, de riscos e de expectativas de retorno diferentes, mas é importante entender que nesse momento, mesmo com a atual taxa Selic majorada, ainda temos juros reais negativos, ou seja, quando descontamos a inflação, o retorno é menor do que zero e o poder de compra se reduz.
Fazendo um paralelo, devemos seguir a orientação médica mais assertiva, que é a prevenção. A melhor maneira de fazer isso não é seguir as últimas tendências de mercado no que diz respeito a produtos de investimento, mas sim compor uma carteira de investimentos diversificada que faça sentido para você, considerando seu perfil de investidor, seus projetos de vida e os prazos para concretizá-los.
Para isso, é importante buscar fornecedores de investimento que tenham alinhamento de interesses e que sejam de sua confiança.
*Planejador Fiduciário
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