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Em até 10 anos, o Brasil pode estar no palco da inovação mundial

Para dar um mergulho no universo das startups e falar de inovação, convidei o empresário Pierre Schürmann, um dos nomes mais importantes do mundo digital no Brasil.

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É praticamente impossível falar de inovação disruptiva sem avaliar o papel decisivo ocupado pelas startups. A princípio, elas nascem para resolver problemas de mercado e da sociedade por meio de soluções inovadoras e novos modelos de negócios. Muitas das startups conseguiram, inclusive, criar novos segmentos que não existiam antes e que, hoje em dia, nos fazem quase dependentes deles.

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Para dar um mergulho no universo das startups e falar de inovação, convidei o empresário Pierre Schürmann, considerado um dos nomes mais importantes do mundo digital no Brasil.

Pierre foi cofundador da Bossa Nova Investimentos, junto com o empresário João Kepler, e a dupla liderou a companhia focada em investimento “seed money” com um portfolio de mais de 600 startups investidas. Um verdadeiro ecossistema de inovação e de investimento.

Começo perguntando ao Pierre como ele enxerga a evolução do mercado de startups desde a época que ele e seu sócio fundaram a Bossa Nova. Questiono sobre as fortalezas que poderiam ter evoluído mais e as fraquezas que ainda podem ser perigosas.

Para Pierre, o mercado evoluiu muito nesses últimos 10 anos, mas ainda está no começo de seu ciclo, com muitas fragilidades para melhorar e muitos aprendizados a serem conquistados.

A relação entre empreendedores e investidores amadureceu bastante do ponto de vista mercadológico, porém, o grande gargalo permanece na esfera burocrática, pois no Brasil ainda é muito difícil abrir uma empresa e, praticamente, impossível fechar a empresa. Fora os riscos que existem para um investidor que até pode ser punido pelas leis trabalhistas, mesmo não atuando como executivo da companhia. A fragilidade jurídica empresarial é, infelizmente, o maior impeditivo para que o capital de risco seja muito maior.

Mas mesmo diante desses desafios, questionei Pierre se o Brasil poderá algum dia ser reconhecido como o país do código e não somente o país dos grãos. Ele acredita que é fundamental haver uma mudança de mindset tanto do setor público como do setor privado. Afinal, há uma massa enorme de jovens desempregados, entre 18 e 25 anos, com capacidade de ingressar imediatamente no mercado de trabalho, se contar com mais suporte em educação e políticas públicas mais eficientes.


“Com mais apoio tanto do governo como do mercado, o Brasil consegue se colocar no palco da inovação mundial, principalmente pela vontade que os jovens brasileiros têm de aprender.”

Pierre Schürmann embarcou há pouco mais de um ano em uma nova jornada empresarial ao lançar um ecossistema de empresas SaaS (software as a service) chamado Nuvini. Perguntei a ele quais as metas e onde ele quer chegar.

De acordo com Pierre, a Nuvini apresenta um modelo de negócios diferente da Bossa Nova, com crescimento inorgânico por meio de aquisições de empresas já consolidadas no segmento de soluções e produtos de tecnologia B2B como serviços. O grande desafio está na integração dessas diferentes culturas e das pessoas e a meta é se tornar uma das principais empresas de SaaS do Brasil até o final de 2021 e conquistar a posição de maior empresa de SaaS da América Latina até 2025.

Se você tivesse 25 anos hoje e fosse criar uma startup, qual seria o playbook para criar algo realmente de impacto?

Perguntei se ele acredita mesmo que haverá um avanço exponencial das novas tecnologias, como inteligência artificial, computação quântica, robotização, entre outros e se o mundo pode mesmo mudar muito em cinco anos. Com a experiência de 24 anos em tecnologia, Pierre se diz propenso a acreditar que sim. Contudo, ele ressalta que o desafio não está na evolução tecnológica, mas em como o ser humano vai se adaptar para que tudo isso não vire um grande problema social.

Quando o questionei sobre a presença da tecnologia para resolver as grandes questões da humanidade, como aquecimento global, fome, pobreza, desigualdade de gêneros, Pierre traz uma visão semelhante aos futuristas que venho entrevistando nos últimos tempos ao considerar que as tecnologias já foram desenvolvidas e já podem resolver grandes problemas, com energias renováveis e logísticas de grãos para erradicar a fome. Para ele, o maior problema é que o ser humano está se apropriando dessas novas tecnologias e optando pelo enriquecimento pessoal ao invés de pensar no coletivo. Pierre deixa claro que não existe razão para ainda haver fome no mundo, nem pessoas analfabetas.

“Em qual momento a raça humana vai entender que estamos em um planeta só e que os problemas precisam ser equalizados? ”, ele me questiona.

Meu caro amigo, eu espero que isso aconteça muito em breve. Afinal, precisamos caminhar para um mundo mais Star Trek e menos Mad Max.

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