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O preconceito de gênero no trabalho está em todos nós
Um estudo recente da ONU concluiu que não há igualdade de gênero em nenhum país do mundo.
Um relatório recente publicado pela ONU revela que quase 90% dos homens e mulheres têm algum tipo de preconceito contra as mulheres. O índice “Normas Sociais de Gênero” analisou vieses em áreas como política e educação em 75 países. Para nossa tristeza, o estudo concluiu que não há igualdade de gênero em nenhum país do mundo.
De acordo com o relatório, cerca de metade dos homens e mulheres do mundo sentem que os homens são melhores líderes políticos. Já no mercado de trabalho as mulheres recebem menos do que os homens e têm muito menos probabilidade de ocupar cargos de liderança. Globalmente, 40% das pessoas consideram os homens melhores executivos de negócios. E o pior: cerca de 50% dos homens afirmaram ter mais direito ao emprego do que as mulheres.
Um outro estudo mais abrangente feito pela consultoria Kantar mostra que somente 41% dos brasileiros se sentem confortáveis com uma mulher como líder de uma grande empresa. Conduzido em 11 países, o resultado coloca o Brasil na posição intermediária do grupo liderado pelo Canadá – onde 62% das pessoas se sentem mais confortáveis com uma mulher na liderança de uma grande empresa – e fechado pela Rússia (somente 11% confortáveis).
As oportunidades de emprego são apresentadas às mulheres de maneira diferente dos homens – dependendo da ideologia política do gerente de contratação. Acontece que o preconceito de gênero na contratação e promoção é mais difundido do que pensávamos.
Mulheres em cargos de liderança
Embora certamente tenha havido progresso em relação à paridade de gênero no local de trabalho – algumas empresas, por exemplo, estão escrevendo avaliações de desempenho mais equilibradas em termos de gênero -, a realidade é que as mulheres ainda estão sub-representadas em cargos de liderança.
Provavelmente, existem vários motivos para isso. Algumas pesquisas apontam que os tomadores de decisão mais conservadores tendem a considerar menos candidatas do sexo feminino para as posições de liderança. A discriminação absoluta – negar empregos às mulheres com base em seu gênero e não em seu conjunto de habilidades – é outro importante motivo. Há também um outro fator, difícil de detectar, que pode contribuir para a lacuna de liderança: a tendência de alguns tomadores de decisão organizacionais de dissuadir sutilmente as mulheres de buscar papéis de liderança.
Existem ainda fatores psicológicos: líderes mais conservadores do sexo masculino geralmente protegem mais o status quo do que os líderes mais disruptivos, além de ficarem mais receosos de aplicar mudanças no topo dos organogramas. O problema é que o status quo que eles protegem já inclui mais homens na liderança, em parte como resultado do preconceito do passado, o que cria um ciclo sistêmico de avanço alimentado pelo preconceito que é difícil para as mulheres romper.
O que quero dizer é que existe uma tendência de falarmos sobre diversidade e provocarmos essas mudanças na base. O grande desafio está em romper esse preconceito no topo!
Ou seja, o preconceito está dentro de cada um de nós, isso não é novidade. O desafio está em conseguir identificar e driblar os nossos vieses inconscientes. Nossos? Sim! Afinal, segundo a ONU, 9 em cada 10 pessoas têm algum tipo de preconceito contra as mulheres.
*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro. |
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