Colunistas
O que aconteceria com meus investimentos em caso de guerra ou calote do governo?
Investidor quer saber qual a segurança de um papel com vencimento de 2050 em caso de conflito mundial ou falência.
Pergunta de Alex Nascimento: O que aconteceria com meus investimentos se eu investisse na renda fixa para o ano de 2050 e daqui para lá houvesse uma terceira guerra mundial ou se o governo quebrasse no Brasil?
Resposta de Valter Police:
Antes de mais nada vamos ver quais são os riscos da renda fixa, seja em cenários de guerra ou de prazos mais longos, com maiores incertezas. Ao investir em títulos de renda fixa, você está emprestando dinheiro para alguém. Pode ser para o governo, por meio de títulos público, pode ser para um banco, por meio de um CBD ou uma LCI, ou pode ser para uma empresa não bancária, por meio de uma debênture.
Desta forma, por esse tipo de investimento ser um empréstimo, o primeiro e maior risco é o de calote, que chamamos de risco de crédito, quando o devedor não te devolve o dinheiro. É por esse motivo que dizemos que os títulos do governo são mais seguros, uma vez que ele pode até imprimir dinheiro para te pagar, embora isso fosse gerar inflação.
Depois, os títulos bancários têm alta segurança, seja pela supervisão do Banco Central quanto à sua solvência, seja pela existência do fundo garantidor de crédito, que indeniza os credores em caso de falência de uma instituição financeira, até determinados limites. Já títulos de outros emissores, como as debêntures, os CRIs e CRAs, por não contarem com tais mecanismos, são considerados mais arriscados e, até por esse motivo, costumam pagar maiores remunerações.
Mas esse não é o único risco dos títulos de renda fixa. Existe o chamado risco de mercado, que é a oscilação do preço do título entre a data em que você o adquire e a data de vencimento. Note que nessas duas datas os preços são conhecidos, mas entre elas as oscilações podem ser grandes, em especial nos títulos pré-fixados e também naqueles atrelados à inflação.
Quando falamos de títulos pós-fixados, essa oscilação e, portanto, esse risco, tendem a ser bem menores. O terceiro risco associado a investimentos de uma forma geral, mas também a renda fixa é o risco de liquidez, que reside na falta de possibilidade de se vender um título quando se quer ou precisa.
Os títulos de renda fixa têm um vencimento, no qual o dinheiro é devolvido ao credor, mas em boa parte dos casos eles podem ser negociados antes do vencimento, como é o caso dos títulos públicos e dos CDBs DI. Assim, mesmo que tenha títulos que vencem em 2050, você pode transformá-los em dinheiro antes disso, sabendo que existe o risco de mercado sobre o qual escrevi acima, embora valha checar cada título individualmente.
Voltando à sua pergunta, você iria perder tudo se o emissor do título, aquele a quem você emprestou o dinheiro, viesse a falir. Quando falamos que um governo “quebra” o país, significa que sua dívida é alta demais para ser paga, mas o mais comum é que o governo não consiga pagar a dívida externa, aquela em que tem que pagar em outras moedas. Para a dívida interna, ele poderia simplesmente imprimir mais dinheiro e te pagar, embora nesse caso a inflação tendesse a subir muito e você receberia dinheiro com menor poder de compra.
É importante notar que todos os investimentos apresentam riscos e incertezas sobre seu comportamento futuro. Aliás, a própria vida é assim.
Desta forma, para minimizar os riscos, mesmo sabendo que o futuro é incerto, o ideal é possuir uma carteira diversificada, de acordo com seu perfil como investidor, incluindo aí seus objetivos financeiros, além de não permitir que o medo trazido pelas incertezas te paralise e faça guardar dinheiro embaixo do colchão ou gastar tudo em coisas que não te aproximam de seus objetivos de vida. Um gestor profissional pode te ajudar, em especial por meio de fundos de investimentos. Boas escolhas!
*Planejador e sócio da Fiduc
*As informações neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. Envie sua pergunta para pautas@investnews.com.br
Veja também:
- Qual o melhor investimento em renda fixa para a reta final de 2022? Especialistas respondem
- Como escolher o melhor CDB e fugir das armadilhas
- Investir em LCI e LCA são as melhores opções até o fim de 2022? Especialistas opinam