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R$ 2,5 bi para o Fundo Amazônia: como regiões brasileiras podem se beneficiar?

No Fórum Global das Grandes Economias sobre Energia e Clima promovido pelo governo de Joe Biden, foi anunciada a intenção de repassar R$ 2,5 bilhões para o Fundo da Amazônia.

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No Fórum Global das Grandes Economias sobre Energia e Clima promovido pelo governo de Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, foi anunciada a intenção de repassar R$ 2,5 bilhões para o Fundo da Amazônia. Marina Silva, ministra do Clima, afirmou que o apoio em ações ambientais diversas pode chegar a US$ 2 bilhões. O financiamento para a economia verde está chegando e outras regiões do Brasil podem também se beneficiar desses volumosos recursos.

O Brasil hoje passa por uma situação sui generis onde de um lado, estados e municípios estão com o pires na mão — uma vez que a pandemia agravou a situação — , por outro lado, a economia verde pode salvá-los por um passe de mágica.  

Somos possuidores de recursos naturais que antes não eram explorados como florestas, rios, mares e uma biodiversidade que hoje vale ouro para quem souber explorar bem esse potencial realizando projetos concretos ESG (acrônimo em inglês para fatores de investimentos ambientais, sociais e de governança). Antes, esses ativos eram só mais um motivo para os orçamentos ficarem mais apertados; mas agora a chave virou. 

No entanto, não bastará para os governos estaduais e municipais terem somente recursos naturais para canalizar esses investimentos, deve-se esticar a manga das camisas e começar a planejar de forma consistente que possuem capacidade de recebê-los.

Temos que abrir ainda mais essa janela de oportunidade e demonstrar que não é só na Amazônia que merecemos recursos financeiros. Temos que gerar acesso a eles para outras regiões. De forma coordenada, governos federais, estaduais e municipais têm o dever de nesse momento realizarem um planejamento consistente para demonstrar que estamos preparados para recebê-los. 

Pôr do sol visto da floresta amazônica. Crédito: jkraft5

Importante notar que o presidente americano ressaltou que o montante só será disponibilizado porque foi renovado o compromisso do governo brasileiro de acabar com o desmatamento até 2030 no país. Não é só na Amazônia, temos florestas e diversos biomas espalhados por todo o país. 

Ou seja, estados e municípios brasileiros precisam começar a desenhar o arcabouço legal e regulatório para incluir projetos verdes como estratégia obrigatória de investimento. Tirem do papel os projetos de cidades inteligentes e sustentáveis. Incluam em todos os projetos de urbanização, de saneamento ou de concessão governamental a obrigatoriedade de impactos positivos ambientais e sociais, principalmente, aqueles que tragam mitigação de emissões e combate ao desmatamento. 

Façam já o mapeamento de todas as suas áreas verdes, matas, florestas e se aproveitem, por exemplo, da nova Lei que permite que as concessões florestais possam gerar créditos de carbono em reservas e parques.

Digo isso, porque no jargão do mercado de capitais, quando você recebe o primeiro recurso, nesse caso, vindo dos Estados Unidos, outros investidores percebem que vale a pena investir quando os projetos são consistentes e trazem retorno. O próprio presidente americano conclamou outras nações a aportarem capital rapidamente nos países em desenvolvimento, ele sabe da urgência em salvar o mundo.

E mais dinheiro vem por aí. Além do anúncio feito para a preservação da Amazônia, Joe Biden também disse que aportará capital para o Fundo Verde das Nações Unidas de financiamento dos danos climáticos nos países em desenvolvimento. Fundo que foi destravado na COP 27 de 2022.

Não deixemos de aproveitar essa chance, temos todas as condições para nos tornarmos a maior economia verde do mundo e os países mais ricos sabem que o Brasil é estratégico e um dos poucos países que tem a capacidade de ser decisivo para salvar o planeta.

Alexandre Furtado é Presidente do Comitê de Informações ESG da Fundação Getúlio Vargas, Sócio e Diretor de ESG da Grant Thornton.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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