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Stellantis dribla falta de chips e domina ranking dos mais vendidos em 2021
Grupo vai na contramão do setor ao contornar escassez de peças e coloca 6 produtos entre os 10 carros mais emplacados do país.
A escassez de microchips que atrapalha a indústria automotiva mundial atingiu em cheio o setor no Brasil. Todas as montadoras com produção nacional precisaram (e ainda precisam) paralisar a produção de veículos em algum momento devido à falta de semicondutores.
O grupo Stellantis, responsável pelas marcas Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot, não foi exceção. Mesmo assim, o conglomerado administrou a crise com competência nitidamente superior à concorrência, que, em alguns casos, suspendeu as atividades por meses.
Tanto esforço logo foi recompensado nas vendas. Mesmo com uma queda de quase 11% em suas vendas em relação a julho, nada menos do que seis dos 10 carros mais vendidos do país em agosto foram produzidos por uma das marcas da Stellantis.
Dos quatro modelos da Fiat, Strada, Argo e Mobi ocupam os três primeiros lugares, enquanto a Toro surge na oitava colocação. À frente da picape estão os Jeep Compass e Renegade na quarta e sexta posições, respectivamente.
Mais de 10% na frente do rival
O resultado foi a ampliação de uma liderança que já era folgada nas vendas. No resultado acumulado (de janeiro a agosto deste ano), a Fiat desfruta de 24,6% de participação de mercado.
A vantagem em relação ao segundo colocado (a Volkswagen) é de confortáveis 10 pontos percentuais – e pode crescer ainda mais.
Após revelar a versão elétrica do novo Fiat 500 e o SUV de 7 lugares Jeep Commander, a Stellantis ainda realizará importantes lançamentos nos próximos meses. A versão híbrida do Compass, o SUV compacto Fiat Pulse e a Strada com câmbio automático estão entre as novidades.
Atualmente, as duas maiores fábricas de automóveis da Stellantis são o Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG), e o Polo Automotivo Jeep, localizado em Goiana (PE).
Ambas operam em ritmo quase normal, em dois e três turnos, respectivamente. Mesmo admitindo que teve prejuízos bem menores do que os rivais, Filosa garante que poderia produzir (e vender, claro) ainda mais unidades se não houvesse escassez de peças.
“Conseguimos administrar a falta de semicondutores com flexibilidade industrial e a criatividade da nossa equipe de 1.100 engenheiros. Quem é mais eficiente neste momento ganha mercado, mas o que garante nossa liderança é o plano comercial que traçamos há três anos, ainda como FCA”, afirma Antonio Filosa, CEO da Stellantis América do Sul, à “Automotive Business”.
Essa situação, inclusive, ainda deve se estender por um período considerável. A própria Stellantis acredita que o fornecimento global de chips deve se normalizar apenas no segundo semestre de 2022.
Bom para todas as marcas
A fase positiva da Stellantis está rendendo ótimos resultados a cada uma de suas marcas. A Fiat vive o melhor momento de sua história justamente em seu 45º aniversário no país.
Já a Jeep passa pela fase mais positiva desde o início de sua produção local, em 2015. Em agosto, a marca norte-americana conquistou a 5ª posição entre as montadoras nacionais, à frente de gigantes como Chevrolet, Renault e Honda.
A Ram, marca de picapes de grande porte, obteve o melhor semestre de sua história no país. Mesmo com apenas dois modelos em seu portfólio (1500 e 2500, ambas na casa dos R$ 400 mil), a marca acumulou 1.398 emplacamentos de janeiro a junho deste ano.
Com isso, o Brasil já é um dos principais mercados da marca no mundo. A expectativa dos executivos é que o resultado obtido em 2021 seja o dobro do volume vendido no ano passado.
Até Peugeot e Citroën, que pertenciam ao finado grupo PSA, já se beneficiam da nova gestão. Em apenas sete meses deste ano, a Peugeot bateu o volume de unidades vendidas durante todo o ano de 2020.
De janeiro a julho deste ano, 15.040 unidades de modelos da marca foram comercializadas no mercado brasileiro. Assim, a empresa superou em 11,6% o volume registrado em todo o ano de 2020, quando 13.477 carros foram emplacados.
Resultado parecido foi obtido pela Citroën, que já superou o volume total de vendas realizadas de janeiro a dezembro de 2020. No acumulado dos oito primeiros meses do ano, a marca vendeu 13.771 veículos, superando as 13.481 unidades comercializadas nos doze meses de 2020.
Os números de vendas acumuladas da Citroën em 2021 representam um crescimento de 47% frente ao mesmo período do ano passado, mais do que o dobro da média de crescimento registrada pelo mercado brasileiro, que foi de 21% de janeiro a agosto.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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