Economia
3 fatos para hoje: Fed eleva juros; BCE e risco de desabastecimento
FED aumenta a taxa de juros em 0,75 ponto percentual e sinaliza que futuros aumentos podem ser menores; Banco Central Europeu segue movimento; distribuidoras de combustível fazem alerta
1 – Fed eleva juros em 0,75 p.p. e sinaliza ‘freio’
O Federal Reserve aumentou ontem (2) a taxa de juros em 0,75 ponto percentual conforme continua a combater a inflação que bate nas máximas em 40 anos. No entanto, o FED sinalizou que futuros aumentos nos custos de empréstimos podem ser menores para levar em conta o “aperto acumulado da política monetária” até agora.
O chair do Fed, Jerome Powell, afirmou que a mudança no ritmo pode acontecer já na próxima reunião do banco central, em dezembro, mas também alertou que ainda existem incertezas sobre até onde os juros precisam subir e que eles podem acabar ficando acima do que as autoridades estimaram na reunião de setembro.
O momento de reavaliar o ritmo “está chegando”, disse Powell em entrevista coletiva após a decisão do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de elevar os juros em 0,75 ponto pela quarta vez seguida.
“Pode acontecer já na próxima reunião ou na outra”, disse Powell. “Nenhuma decisão foi tomada. É provável que tenhamos uma discussão sobre isso na próxima reunião.”
A nova linguagem no comunicado de política monetária observa o impacto ainda em evolução do rápido ritmo de aumento de juros do Fed, e um desejo de focar em um nível para os juros “suficientemente restritivo para levar a inflação a 2% ao longo do tempo”.
“Aumentos contínuos na meta de juros serão apropriados”, disse o banco central dos EUA ao final de sua última reunião de política monetária.
Apesar de não excluírem qualquer decisão futura, as autoridades disseram: “Ao determinar o ritmo de aumentos futuros, o Comitê (Federal de Mercado Aberto) levará em conta o aperto acumulado da política monetária, a defasagem com que a política monetária afeta a atividade econômica e a inflação, e acontecimentos econômicos e financeiros”.
A linguagem reconhece o amplo debate que surgiu em torno do aperto pelo Fed, seu impacto sobre as economias norte-americana e mundial, e o perigo de que grandes aumentos contínuos dos juros possam estressar o sistema financeiro ou desencadear uma recessão.
Embora seus rápidos aumentos recentes tenham sido feitos em nome de um movimento “rápido” para alcançar a inflação em mais de três vezes a meta de 2% do Fed, o banco central está agora entrando em uma fase mais sutil – ajuste fino.
A decisão deixou a taxa de juros em uma faixa entre 3,75% e 4,00%, a mais alta desde o início de 2008. O banco central dos Estados Unidos aumentou os juros em suas últimas seis reuniões desde em março, marcando a rodada mais rápida de aumentos de juros desde a luta do ex-presidente do Fed Paul Volcker para controlar a inflação nos anos 1970 e 1980.
O comunicado do Fed disse que as autoridades permanecem “altamente atentas aos riscos inflacionários”, abrindo as portas para novos aumentos.
A economia, observou o Fed, parece estar crescendo modestamente, com ganhos de empregos ainda “robustos” e desemprego baixo.
2 – BCE precisará de mais aumentos de juros para combater a inflação, diz De Cos
O Banco Central Europeu “precisará de mais aumentos das taxas de juros” para combater a inflação, mesmo considerando a probabilidade cada vez maior de recessão na zona do euro, disse o membro do BCE Pablo Hernandez de Cos nesta quarta-feira (2).
“Mas em que nível e com que velocidade dependerá do panorama da inflação que, por sua vez, depende do panorama de crescimento e, portanto, inclui a probabilidade maior de recessão que agora estamos estimando”, disse De Cos, também chefia o Banco da Espanha, em um comunicado.
Nesta quinta-feira, o banco central britânico aumentou a taxa de juros de 2,25% para 3%, o maior aumento desde 1989 em meio a alertas de um cenário “bastante desafiador” para a economia.
O Banco da Inglaterra prevê que a inflação atingirá uma máxima de 40 anos de cerca de 11% durante o trimestre atual, mas que o Reino Unido já entrou em uma recessão que pode durar dois anos – mais do que durante a crise financeira de 2008-09.
A decisão de quinta-feira – a maior em 33 anos com exceção de uma tentativa fracassada de sustentar a libra em 1992 – ficou em linha com as expectativas dos economistas em uma pesquisa da Reuters, mas não foi unânime.
A inflação na zona do euro acelerou para 10,7% em outubro e deve ficar acima do objetivo de 2% do BCE até 2024.
3 – Distribuidoras de combustíveis alertam para risco de desabastecimento
A Federação Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Biocombustíveis e Gás Natural (Brasilcom) recomendou nesta quarta-feira (2) o desbloqueio de rodovias no país, sob o risco de desabastecimento de combustíveis. O alerta é emitido após protestos contra o resultado das eleições para a Presidência da República.
“A Brasilcom recomenda ações coordenadas das autoridades responsáveis, para o urgente desbloqueio das estradas e, onde necessário, proteger e acompanhar o deslocamento do transporte de combustíveis, visando assegurar o abastecimento de postos revendedores, supermercados e de hospitais, principais prejudicados pelas interrupções de fornecimento”, disse a federação, em nota.
Em tempo real
Segundo a federação, as distribuidoras têm repassado informações em tempo real sobre os bloqueios para as autoridades. De acordo com último levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), há 16 estados com rodovias interditadas no início da noite desta quarta-feira.
Na comparação com o período da manhã, houve piora em Goiás, que passou de duas para três interdições; Amazonas e Espírito Santo, que tinham três pontos, agora têm quatro; Maranhão, que apresentava um ponto com fluxo parcialmente impedido, agora tem bloqueio total da via; Mato Grosso (31 pontos de interdição. Antes, eram 30); Rondônia (tinha 11 interdições e agora tem 12); e Rio Grande do Sul, que registra três pontos com bloqueio total da pista, além de uma interdição.
*Com Reuters e Agência Brasil
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