Economia
5 fatos para hoje: custos da crise hídrica; e-commerce perde força
Depois do forte crescimento do comércio online durante a pandemia, empresas nativas digitais estão fazendo o caminho inverso e abrindo lojas físicas.
1- Governo publica MP que permite empréstimo às distribuidoras por custos da crise hídrica
O governo editou nesta segunda-feira uma medida provisória que permite a estruturação de um empréstimo às distribuidoras de energia em meio à disparada de custos do sistema elétrico nacional com a crise hídrica.
Os recursos serão usados para bancar medidas emergenciais que garantiram o suprimento de energia ao longo deste ano, como o acionamento de usinas termelétricas mais caras e a importação de energia da Argentina e do Uruguai.
O período chuvoso entre o fim de 2020 e início de 2021 foi o pior dos últimos 91 anos. A seca teve forte impacto sobre a geração hídrica, principal fonte da matriz elétrica brasileira.
A medida provisória nº 1.078, publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), não traz detalhes sobre a operação, mas a expectativa no mercado é de que ela siga os moldes do último financiamento ao setor, liberado no ano passado em decorrência dos impactos da pandemia da Covid-19 sob o caixa das distribuidoras.
2- Empresas digitais apostam em lojas físicas para engrossar faturamento
Depois do forte crescimento do comércio online durante a pandemia, empresas nativas digitais estão fazendo o caminho inverso e abrindo lojas físicas. Com isso, esperam acelerar a captação de novos clientes e ampliar a divulgação da marca. O movimento inclui nomes como a Wine, especializada em vinhos, a Mobly, de móveis, e o brechó online TROC, entre outros.
“O varejo físico proporciona complementos importantes. Além da captação de novos clientes a um custo baixo, traz relacionamento, engajamento dos clientes e também funciona como um ponto de distribuição para as vendas online”, explica Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail, lembrando que esse mesmo caminho já foi seguido antes, nos EUA, pela gigante online Amazon.
No caso da Wine, a primeira loja foi inaugurada em Belo Horizonte (MG) pouco antes do início das medidas de isolamento social, no fim de 2019. A exemplo do restante do varejo, a loja teve de baixar as portas logo em seguida, mas foi buscar na geolocalização uma forma de encontrar clientes próximos do ponto físico para o atendimento das vendas online – e o ponto acabou virando um centro de distribuição de produtos para a região.
Quando o comércio em geral voltou a funcionar, as entregas realizadas a partir da loja continuaram sendo estratégicas, mas outro ponto se mostrou um diferencial: com o crescimento do consumo de vinhos no País, o ponto físico se tornou uma importante arma de captação de novos clientes, aponta German Garfinkel, diretor da Wine.
“A ideia é a gente cortar a distância dos nossos sócios e clientes”, afirma o executivo. Pelo modelo adotado pela empresa, sócios ou assinantes da plataforma Clube Wine recebem, periodicamente, os rótulos selecionados pela casa.
Depois da loja em Belo Horizonte, a Wine abriu mais sete lojas em 2020 e outras oito neste ano. Em 2022, a ideia é abrir uma ou duas lojas por mês, diz Garfinkel. Mas os pontos de venda serão usados mais do que para vender: passada a pandemia de covid-19, a ideia é elaborar uma rotina de eventos e degustações, ampliando a interação com a clientela.
3- Assembleia confirma mudança de comando na Americanas
O trio de sócios Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles vai deixar o controle da varejista Americanas, depois de 40 anos no comando da empresa. A mudança, anunciada no início de novembro, foi oficializada na última sexta-feira em assembleia geral extraordinária de acionistas.
A transação simplifica a estrutura societária da companhia e responde a uma demanda de investidores. O próximo passo da empresa deverá ser a listagem de suas ações na Bolsa dos Estados Unidos.
Pela nova estrutura, a Americanas S.A. vai incorporar a Lojas Americanas – hoje, tanto holding quanto empresa têm ações listadas na Bolsa brasileira. Com isso, cada acionista da Lojas Americanas receberá uma fração da ação da Americanas S.A., precisamente 0,188964 do papel.
Com a conclusão desse processo, em que apenas a Americanas S.A. será listada, o trio de investidores terá sua participação diluída e passará a deter 29,5% do capital, deixando, assim, o controle para ser o investidor de referência da empresa – que terá capital difuso no mercado.
4- Câmara aprova texto-base de marco que permite volta de ferrovias privadas
Classificado como o projeto mais transformador da infraestrutura de transportes atualmente, o novo Marco Legal das Ferrovias teve o texto-base aprovado pela Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, 13, por votação simbólica e sob oposição de partidos de esquerda. O avanço da matéria dá segurança a potenciais projetos ferroviários que envolvem R$ 150 bilhões de investimentos privados.
Os deputados analisarão em outra sessão as sugestões de mudança no texto (destaques). Se alguma alteração for aprovada, a matéria precisará voltar para a análise dos senadores. Do contrário, poderá seguir para sanção presidencial.
A principal novidade do marco legal é liberar um novo regime ferroviário no País, chamado de autorização. Nele, novos traçados são construídos exclusivamente pelo interesse da iniciativa privada, sem licitação. Muito comum em países como Estados Unidos e Canadá, o modelo nasce para atender demandas específicas de transporte de cargas, identificadas pelos próprios produtores e empresas. Com fardo regulatório mais leve, esse regime é baseado nos princípios da livre concorrência e da liberdade de preços – ou seja, sem intervenção do poder público na definição das tarifas de transporte.
Com isso, o novo sistema permitirá que, depois de mais de 100 anos, o Brasil volte a ter ferrovias privadas. As regras eram discutidas pelo Senado desde 2018, mas só foram votadas pela Casa em outubro. Os trâmites de votação foram acelerados após o governo Bolsonaro editar uma medida provisória com conteúdo similar ao do projeto, e que liberou o novo regime. Como o movimento do Planalto irritou os senadores, um acordo prevê que o Congresso deixe a MP perder a validade após seu prazo de 120 dias, o que acontece em fevereiro. O que valerá é o texto do Legislativo, que agora segue para a sanção.
Desde que o governo editou a MP, em agosto, empresas já manifestaram interesse em construir pelo menos 36 novas ferrovias. São projetos que totalizam R$ 150 bilhões de investimentos privados, em 11.142 quilômetros de trilhos que cortam 14 unidades da Federação. Nove desses traçados já foram autorizados pelo governo federal, que assinou os primeiros contratos de ferrovias privadas, envolvendo mais de R$ 50 bilhões, na última quinta-feira, 9.
5- Bancos de poupança trilionários da Alemanha avaliam entrar em criptomoedas
Bancos de poupança da Alemanha, um bastião conservador que detém mais de 1 trilhão de euros, estão investindo em criptomoedas, disse um grupo do setor nesta segunda-feira.
O projeto marca uma ruptura potencialmente radical da postura tradicional do grupo, cujos clientes evitam investimentos arriscados ou empréstimos pesados.
Com cerca de 50 milhões de clientes, eles constituem o maior grupo financeiro da Alemanha. “O interesse em ativos criptográficos é enorme”, disse um porta-voz dos bancos.
A medida ocorre num cenário de alta inflação e tarifas cobradas dos poupadores, alimentando um acalorado debate na Alemanha. Isso levou os alemães a investirem mais em propriedades e em outros lugares para evitar o que alguns apelidaram de “expropriação” de sua riqueza.
No mês passado, Helmut Schleweis, presidente da Associação de Bancos de Poupança Alemã, chamou a combinação de taxas de juros baixas e preços crescentes de uma “mistura tóxica”, dizendo que ficou mais difícil conter a erosão da riqueza.
O bitcoin, maior criptomoeda do mundo, com valor de mercado de 1,2 trilhão de dólares, aumentou fortemente, alimentado em parte pelo medo da inflação, com seu fornecimento limitado visto como uma proteção.
O bitcoin tem dezenas de rivais menores, a maioria com pouca utilidade além do comércio, competindo por uma participação no mercado de moedas digitais de 2 trilhões de dólares.
(*Com informações Reuters e Estadão Conteúdo)
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