
Holding é um tipo de empresa muito comum na Bolsa de Valores e que tem como principal função controlar outras empresas.
Esse modelo de negócio é amplamente utilizado em diversos setores econômicos e países, e existem diferentes tipos de holdings, cada uma com características específicas.
Mas você sabe exatamente o que é uma holding e quais são suas vantagens? Confira a seguir para entender melhor esse importante conceito no mundo empresarial.
Como funciona?
Holding é uma empresa que detém a maior parte das ações de outras companhias, conferindo a ela o poder de decisão sobre os negócios. Geralmente, a holding é a sócia majoritária e funciona como a empresa matriz das subsidiárias, participando ativamente da política e da gestão interna de cada uma.
O termo “holding” vem do verbo inglês “to hold”, que significa “manter” ou “controlar”, e descreve uma empresa cujo principal objetivo é controlar outras empresas, chamadas subsidiárias.
Simplificando: a holding busca ter participação societária em outras companhias, que podem atuar no mesmo setor ou em áreas diferentes. Além de ações, ela pode controlar outros tipos de ativos, como fundos, imóveis e marcas registradas.
Conforme definido pelo Cosif (Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional), com base nas definições do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão responsável por fiscalizar essas empresas, a holding aplica o capital dos seus acionistas ou quotistas em ações de outras empresas, que assim se tornam coligadas ou controladas.
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As empresas podem ser enquadradas nos regimes jurídicos de Sociedade Anônima (S.A.) ou Sociedade Limitada (LTDA) e são acompanhadas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Esse modelo empresarial foi formalizado pela Lei nº 6.404, de 1976, também conhecida como Lei das Sociedades Anônimas.
“O conceito de holding não é um tipo específico de pessoa jurídica, mas sim uma denominação para uma empresa que pode ter diferentes características societárias. Ela pode ser constituída, por exemplo, como uma empresa limitada ou uma sociedade anônima”, explica Gabriela Martins Bassi, advogada especialista em Direito Societário.
Segundo Bassi, é importante desmistificar a ideia de holding como um tipo societário distinto. Na verdade, holding é apenas uma forma de designar empresas que exercem controle acionário sobre outras, independentemente do seu formato jurídico.
Exemplos de holdings:
- Berkshire Hathaway: a maior holding no mercado financeiro, criada por Warren Buffet, participa de diversas grandes empresas, de vários segmentos, como Apple, American Express e Coca-Cola.
- J&F Investimentos: A J&F Investimentos, empresa brasileira entre as maiores produtoras de carnes do mundo, é a holding controladora da JBS, além de controlar outras empresas, como a Marfrig e a Vigor, PicPay e Eldorado Brasil.
- Alphabet Holdings: é a holding que controla o Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, e outras companhias como o YouTube.
- Grupo Ultra: outra holding brasileira, o Ultra é uma empresa multinegócios que atua principalmente nos setores de distribuição de combustíveis e gás, controlando empresas como Ultragaz e Ipiranga.
Holding patrimonial
A holding patrimonial tem, como principal objetivo, a detenção, gestão e proteção do patrimônio, além da realização de investimentos em diversos negócios. Ela centraliza os bens, como imóveis, e facilita a gestão do negócio, podendo ser utilizada para proteção patrimonial ou no planejamento sucessório.
“É comum que pessoas que não fazem parte do mesmo núcleo familiar, mas possuem interesses empresariais em comum, optem pela constituição de uma holding patrimonial. Essa pessoa jurídica passa a deter os bens, que podem incluir outras empresas, assim como ativos que serão objeto de gestão e investimentos”, explica Rafael Stuppiello, advogado especialista em Planejamento Patrimonial e Sucessório do Machado Meyer.
Existem diversas aplicações da holding patrimonial. Um exemplo é um empresário que deseja administrar seus investimentos financeiros.
Holding familiar
A holding familiar é uma ferramenta que pode ser utilizada para proteger o patrimônio da família.
“A holding familiar possui como principal objetivo a estruturação e a organização do patrimônio de um núcleo familiar, por meio da constituição de uma empresa cujo capital, em regra, é composto por bens móveis, imóveis, direitos, entre outros. Esse mecanismo viabiliza a distribuição dos ativos familiares de acordo com a vontade dos detentores do patrimônio por meio da conferência das quotas ou ações de sociedade (holding) e não dos seus ativos em si. Essa conferência pode ser realizada, ainda em vida, por meio de doações ou por ocasião do falecimento, por meio de testamento e outros documentos jurídicos”.
Essa é uma configuração criada para gerenciar o patrimônio de uma ou mais pessoas da família e é administrada pelos próprios membros. A holding também pode reduzir os custos com escrituras e tributos, como o ITCMD.
No Brasil, um exemplo conhecido de holding familiar é o da família de Abílio Diniz, empresário brasileiro que fundou o Grupo Pão de Açúcar, a Península Participações.
Outra empresa que pode ser citada é a Globo S.A, criada para reunir os ativos controlados pela Família Marinho, dona da TV Globo e editora Globo.
Outros tipos de holding
- Holding Pura
- Holding Mista
- Holding Administrativa
- Holding de Participação
- Holding de Controle
Holding pura
A holding pura é aquela que possui foco apenas na participação do capital social de outras empresas, para a administração e o controle desses negócios sendo sócia majoritária, mas sem exercer outras atividades econômicas.
Esse tipo de holding possui sua receita proveniente dos dividendos das subsidiárias.
Exemplo – Itaúsa
A Itaúsa é uma holding que, além de controlar o Itaú Unibanco e outras empresas de serviços financeiros, também gerencia marcas como Duratex, Elekeiroz e Alpargatas.
“A Itaúsa é uma holding pura que investe em empresas atuantes em diversos setores como o financeiro, bens de consumo, materiais de construção civil, saneamento, energia e infraestrutura”, diz a Itaúsa.
Holding mista
A holding mista possui esse nome, pois, diferentemente da pura, ela não foca apenas na participação societária. A holding mista tanto controla outras empresas quanto exerce atividade econômica. Possui, portanto, duas fontes de receita: os dividendos das companhias controladas por ela e as suas atividades secundárias.
Exemplo – Itaú Unibanco S/A
Uma holding controlada pela holding pura Itaúsa, o Itaú Unibanco pode ser um exemplo de holding mista, pois, além de exercer suas atividades, também controla instituições financeiras como Credicard e Rede.
Holding administrativa
A holding administrativa atua diretamente na gestão das empresas subsidiárias, otimizando seu processo de decisões por meio de uma administração profissional.
Ela conta com um time de administradores para melhorar o controle da empresa e centralizar as decisões, tornando-a mais eficiente.
Holding de participação
A holding de participação busca participar de diversas outras companhias, mas de forma minoritária, ou seja, sem se envolver diretamente na gestão.
Ela busca, geralmente, por meio de ações, manter apenas um percentual da empresa.
Holding de controle
Como o termo sugere, a holding de controle busca controlar totalmente suas subsidiárias. Ao se tornar sócia majoritária, ela tem o poder de tomar decisões estratégicas para as empresas que controla, suas subsidiárias.