O banco central da Argentina realizou as vendas, provavelmente como agente financeiro do Tesouro no mercado de câmbio local.
O banco vendeu entre US$ 450 milhões e US$ 480 milhões, por cerca de 1.430 pesos por dólar, disseram as fontes, que pediram anonimato por discutirem operações confidenciais. O peso caiu 0,4%.
O governo do presidente Javier Milei vendeu cerca de US$ 1,3 bilhão desde a última terça-feira, esgotando a já escassa posição de caixa do Tesouro.
O governo tinha US$ 1,8 bilhão em depósitos em dólares em 1º de outubro, segundo os dados oficiais mais recentes.
De acordo com os termos do acordo do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o banco central da Argentina não pode usar suas reservas, a menos que o peso ultrapasse a faixa flutuante, que variou de 943 a 1.484 por dólar na segunda-feira (6).
Pressão na Argentina
As vendas ressaltam a pressão sobre o peso, mesmo depois que os Estados Unidos prometeram assistência e as autoridades locais reintroduziram controles de capital nas últimas semanas, incluindo uma proibição de 90 dias à revenda de dólares.
O ministro da Economia da Argentina, Luís Caputo, e o presidente do Banco Central, Santiago Bausili, viajaram para Washington na sexta-feira para conversas com o Secretário do Tesouro americano Scott Bessent e o FMI.
O governo havia vendido US$ 1,1 bilhão para estabilizar o peso antes de Bessent prometer socorro financeiro no mês passado.
Bessent reiterou novamente seu apoio em uma publicação no X na noite de segunda-feira, sem dar detalhes. Acompanhado de uma foto sua apertando a mão de Caputo, ele prometeu “continuar as discussões produtivas sobre as diversas opções que o Tesouro tem à disposição para apoiar as políticas firmes da Argentina”.
“Os títulos caíram tanto nas últimas semanas que vemos a distribuição de retorno distorcida para cima”, disse Matias Montes, estrategista da EMFI. “Por outro lado, a diferença mostrou alguma estabilidade hoje, mas acreditamos que os comentários de Bessent, demonstrando apoio renovado à Argentina, foram o principal impulsionador.”
Um porta-voz do banco central não quis comentar, enquanto o Ministério da Economia não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O presidente Javier Milei minimizou questões sobre o custo de defender o peso em meio ao crescente ceticismo sobre a sustentabilidade de sua estratégia cambial durante uma entrevista. Ele acrescentou que os resultados das negociações com os EUA logo ficariam claros. “Você sabe quanto tínhamos em reservas brutas quando assumimos o cargo?”, perguntou, dizendo que as reservas haviam subido de US$ 21 bilhões para US$ 43 bilhões desde então. “É isso. A discussão acabou.”