Economia
Corte da Arábia Saudita não sustenta alta do petróleo; entenda
Expectativa por demanda fraca com desaceleração da China e expectativa por acordo entre EUA e Irã puxam cotação.
O petróleo segue em queda no mercado internacional, mesmo após a Arábia Saudita anunciar mais um corte na produção. Para especialistas, a redução da oferta não foi suficiente para atenuar as preocupações sobre uma queda da demanda pela desaceleração econômica. Além disso, há perspectivas sobre um acordo entre Estados Unidos da América (EUA) que pode elevar a produção.
Os preços do petróleo cravaram na última sexta-feira (9) a segunda semana consecutiva de recuo. O petróleo Brent encerrou a US$ 74,79 o barril, enquanto o petróleo nos EUA (WTI) caiu para US$ 70,17 o barril.
Nesta segunda-feira (12), o dia é novamente marcado por declínio das cotações, com o barril do Brent chegando à mínima de US$ 72 o barril e o WTI, US$ 66.
Os preços reagiram a uma série de dados fracos da economia da China divulgados nos dias anteriores. Além disso, o mercado repercutiu a divulgação das notícias sobre a iminência do um possível acordo nuclear entre EUA e Irã que resultaria em mais produção – ou seja, mais oferta de petróleo.
Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, explica que o acordo “derrubaria os embargos existentes na oferta de petróleo pelos iranianos, marcando assim o retorno do país ao mercado global. Em contrapartida, o país reduziria o enriquecimento de urânio”.
Qual o impacto da Arábia Saudita?
Os preços do petróleo chegaram a subir no início da semana, repercutindo o corte de 1 milhão de barris por dia (bpd) em sua produção de petróleo anunciado pela Arábia Saudita, ampliando as reduções acertadas antes com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep+), na tentativa de evitar quedas mais profundas dos preços internacionais da commodity.
A Arábia Saudita ocupa o 3º lugar no ranking de produtores da matéria prima. A lista dos maiores produtores de petróleo do mundo foi realizado pela Austin Rating, que coletou os dados mais recentes disponíveis no mercado.
Estima-se que até abril a Arábia Saudita produzia mais de 10,4 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) de petróleo, contra possivelmente uma atual produção de por volta de 9,4 milhões considerando o corte.
Em 1º e 2º lugar estiveram os Estados Unidos da América (EUA), com uma produção de 12,6 milhões de bpd de petróleo até março, e a Rússia, com uma produção de 10,4 milhões de bpd de petróleo até fevereiro. O Brasil apareceu em 7º lugar, com produção de 3 milhões de bpd de petróleo até fevereiro.
Apesar da relevância da Arábia saudita no mercado, o Citi diz que a promessa do país em aprofundar ainda mais os cortes não sustentará o aumento de preços para a casa de US$ 90.
Danielle Lopes, sócia e analista de ações Nord Research, menciona que, apesar do país justificar que o corte foi feito para evitar ainda mais a queda de preços do produto, na verdade se trata de interesses comerciais.
“Para os sauditas é interessante os preços do petróleo dispararem ou valorizarem de uma forma relevante para que eles tenham aumento de riqueza em seus países e, por consequência, consigam ter mais capital para investir.”
Danielle Lopes, sócia e analista de ações Nord Research.
Já para Orlando Assunção Fernandes, professor de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), o corte na produção de petróleo da Arábia Saudita, com a intenção de elevar o preço do produto, tem a ver com a necessidade do país em cumprir os seus orçamentos.
“A Arábia Saudita tomou essa decisão por uma questão interna de orçamento. A venda de petróleo é a principal fonte de receita do reino. A Arábia Saudita tem uma uma questão interna de fechar o orçamento e ela precisa das receitas que vem do petróleo”, diz.
Ele ainda acrescenta que a necessidade do corte tem a ver também com a compensação do aumento da oferta do produto por parte da Rússia.
Impactos da elevação de preço do petróleo
A elevação do preço da commodity tende a impactar a economia global. Com o petróleo mais caro, combustíveis, consequentemente, encarecem. Considerando que esses itens são de extrema importância para toda a cadeia produtiva, a inflação de outros produtos também tende a ser pressionada.
“Pelo impacto que ele [petróleo] tem em várias cadeias produtivas, inclusive no transporte, acaba pressionando os preços de uma série de produtos e gerando inflação. Um processo inflacionário mais alto acaba exigindo por parte dos bancos centrais uma prática de uma política monetária mais contracionista”, diz Fernandes.
*Com informações da Reuters.
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