Economia
Dólar fecha em leve alta com receios por cenário fiscal e após leilão do BC
O humor no mercado de câmbio ficou mais pessimista no início da tarde, com investidores que voltaram a demonstrar receio com a trajetória das contas públicas
O dólar à vista fechou em leve alta nesta sexta-feira (13), ampliando os ganhos da véspera, à medida que os investidores seguiam demonstrando receios com o cenário fiscal do país, com um leilão à vista do Banco Central reduzindo o que era uma alta de mais de 1% da divisa norte-americana durante a tarde.
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,28%, cotado a R$ 6,0295. Na semana, a moeda dos Estados Unidos teve perda de 0,78%.
Na B3, às 17h24, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,99%, a R$ 6,044 na venda.
Nas primeiras horas de negociação desta sessão, a moeda norte-americana oscilou pouco, em meio a uma agenda relativamente esvaziada no Brasil e no exterior, com os investidores acabando de digerir todos os eventos econômicos da semana.
Mas o humor no mercado de câmbio ficou mais pessimista no início da tarde, uma vez que os agentes financeiros voltaram a demonstrar receio com a trajetória das contas públicas, enquanto esperam a tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso.
Nesse cenário, em que a questão fiscal está atrelada a decisões políticas, seja do governo ou de parlamentares, o mercado parecia estar especialmente sensível a qualquer notícia nova, incluindo sobre a hospitalização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O mercado já percebeu que a tramitação do pacote não será simples, principalmente com a ausência de Lula na articulação, e as medidas ainda podem ser diluídas… Até o final do ano, não há dúvidas que a aprovação no Congresso é crucial”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
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Lula usou nesta sexta-feira (13) sua conta no Instagram para publicar um vídeo em que aparece caminhando em um corredor do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, e disse em um texto na mesma publicação que está “firme e forte” depois de passar por uma cirurgia de emergência para drenar um hematoma no crânio.
No texto que acompanha o vídeo na publicação, Lula afirma ainda que “em breve” estará “pronto para voltar para casa e seguir trabalhando e cuidando de cada família brasileira”.
Se por um lado a ausência de Lula nas articulações do pacote fiscal gera receio pela aprovação, a estabilidade da saúde do presidente derruba expectativas criadas no início da semana de que ele poderia deixar de buscar a reeleição em 2026, o que poderia abrir espaço para um nome mais alinhado ao mercado.
“O mercado entende que a presença do Lula é essencial para angariar votos e impedir que as medidas sejam diluídas. Mas dando um passo para trás, o cenário para os próximos dois anos se torna menos construtivo”, disse Moutinho.
“Com inflação e juros elevados, forma-se o pior cenário possível para o início de uma campanha política, e ele possui a máquina pública nas mãos.”
Outro razão para a alta do dólar diante dos temores pelo fiscal eram as elevadas taxas de juros futuras. Os altos prêmios de risco estariam afastando a entrada de investidores estrangeiros no mercado.
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Na frente de dados, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com o mês anterior. A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma queda de 0,2%.
O dólar atingiu a cotação máxima da sessão às 14h33, a R$ 6,0773 (+1,07%). A mínima do dia foi alcançada às 9h02, a R$ 5,9813 (-0,52%).
Com a moeda norte-americana rondando as máximas, o Banco Central anunciou a realização de um leilão de dólares à vista durante a tarde, no segundo dia consecutivo de intervenção cambial.
O BC vendeu um valor total de 845 milhões de dólares no leilão à vista. A autarquia não mencionou o motivo para a realização do leilão, que contribuiu imediatamente para conter a alta do dólar na sessão.
Na véspera, o BC havia vendido um total de 4 bilhões de dólares em dois leilões de linha, nos quais os dólares são vendidos com compromisso de recompra.
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No cenário externo, os investidores estão à espera da reunião do Federal Reserve na próxima semana, em que há expectativa de um corte de 25 pontos-base nos juros.
“Talvez na próxima semana, a reunião Fed possa ter uma influência maior no câmbio. Comunicação do (chair Jerome) Powell pode influenciar a preficicação do mercado”, disse Moutinho.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,03%, a 106,990.
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