Economia

Em 1ª decisão no governo Lula, Copom deve manter Selic em 13,75%

Mercado ficará atento a uma possível reação do BC à postura do novo governo em relação aos gastos públicos.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 4 min

Em sua primeira reunião do ano e do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (1), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define o rumo da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira. A expectativa majoritária do mercado é que ela se mantenha no patamar de 13,75% ao ano, com expectativa para o órgão adotar um tom mais duro em relação ao risco fiscal.

“O Banco Central deve se manter vigilante ao cenário da economia do país, mas não acreditamos que o comunicado deva apontar mudanças futuras”, defende Rafael Cardoso, economista-chefe da Daycoval Asset.

Para Eduardo Mekitarian, professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), mesmo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tendo apresentado queda de junho a dezembro de 2022, a taxa de juros deve ser mantida porque alguns setores (como alimentação, saúde, transporte, habitação, comunicação e despesas  pessoais) mostraram certa resistência na elevação de preço. 

Na mesma linha, Caio Canez de Castro, sócio da GT Capital, acredita na manutenção da Selic e aponta que “apesar de um arrefecimento nos níveis de inflação, o risco com os gastos públicos segue no radar, enquanto o governo não sinaliza nenhum esforço efetivo com o compromisso fiscal”. 

Para a Suno, casa de análise de investimentos, também não haverá ajustes na taxa de juros neste momento.

“O Banco Central deverá acompanhar a cada reunião a evolução do estado da economia antes de tomar qualquer decisão. Ele só irá iniciar o processo de cortes na taxa de juros quando tiver certeza de que a inflação estará em trajetória estável e em direção à meta, as expectativas ancoradas e ausência de grandes choques que o façam mudar a rota no meio do caminho”.

Suno, casa de análise de investimentos.

De olho nos sinais do Copom

Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, menciona que a maior atenção ao comunicado do Copom fica por conta do interesse do mercado sobre as preocupações e novas premissas esperadas pelo BC

Do mesmo modo, Adriana Dupita, economista da Bloomberg Economics, aponta que a dúvida é como e se o BC reagirá, no comunicado, a eventos recentes protagonizados pelo governo. “Nossa leitura é de que o esforço de Haddad para compensar o maior gasto da PEC de Transição é um sinal de responsabilidade fiscal e de alinhamento com a política monetária — e esperamos que isso reduza, ao menos em parte, o tom negativo do BC neste tema”, diz. 

Quando deve haver corte na taxa de juros? 

De acordo com o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (30) pelo BC, a Selic deve encerrar 2023 em 12,50%. Desse modo, o mercado começa a estudar quando deve começar os cortes dos juros.

Para a Suno, os próximos meses serão importantes para entender a dinâmica da inflação e dos juros. “Caso as perspectivas se mantenham, a nossa expectativa é de que a autoridade monetária realize os primeiros cortes na Selic em agosto deste ano“, aponta a casa de análise de investimentos em relatório.

Por outro lado, a Daycoval Asset tem outra expectativa. “Diferente do cenário projetado anteriormente de corte de juros já a partir de agosto, nossa projeção atualizada é de que o ciclo inicie somente em setembro e em ritmo mais moderado, com 0,25 pontos percentuais base e encerrar o ano em 12,5%”, diz o economista-chefe da instituição.

Castro, da GT Capital, menciona que manter a taxa de juros real em níveis altos por muito tempo pode trazer diversas consequências, por isso acredita que “o principal desafio será entender qual o nível de redução da Selic o BC poderá chegar, sem aliviar a estratégia contracionista dedicada a inflação e sem sinalizar ao governo que poderá manter a sua dívida alta, ou seja, acelerar nos gastos públicos durante 2023″.

Para Jorge, da Quantzed, o BC tem feito um “excelente trabalho” nas decisões de juros.

“De maneira geral, a atuação do Banco Central foi e tem sido contundente e tem agradado o mercado em relação ao trabalho de controle do processo inflacionário”. 

Suno, casa de análise de investimentos.

Mais Vistos