Economia

Entenda o que levou à forte alta no preço do arroz

Governo decidiu zerar a tarifa de importação para tentar conter a alta de um dos principais alimentos do brasileiro.

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O preço dos alimentos foi um dos destaques de alta da inflação oficial em agosto. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ficou em 0,24% – maior alta para o mês desde 2016. Mas um produto essencial da mesa do brasileiro chamou atenção pela forte alta de 19,2% nos preços no acumulado de 2020: o arroz.

Para tentar amenizar o impacto no bolso do brasileiro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu ontem zerar a tarifa de importação do arroz. O governo estabeleceu uma cota de 400 mil toneladas do produto até o fim do ano que pode entrar no País sem a taxa. O montante vale para o arroz com casca e o beneficiado.

Segundo o governo, o total é suficiente para ajudar a conter a subida no preço no varejo e garantir que não faltará produto nas prateleiras. Neste ano, até agosto, o Brasil importou 45.087 toneladas de arroz com casca e 372.890 toneladas de arroz beneficiado (sem casca, parbolizado e polido).

O produto tem pouca importação no Brasil. A ideia é justamente tirar a taxa para que aumente a compra enquanto os preços internos estão altos. A alíquota de importação de países de fora do Mercosul é de 12% para o arroz.

Supermercados passaram a limitar a compra de sacos de arroz por CPF para evitar a revenda do produto. Diante da alta, o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, afirmou que o setor deve promover uma campanha para estimular o consumidor a substituir o arroz pelo macarrão. Segundo ele, não há prazo para que o preço do produto seja reduzido no varejo.

“Vamos promover o consumo de massa, macarrão, que é o substituto do arroz. E vamos orientar o consumidor que não estoque (arroz)”, disse ele, depois de se reunir com o presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, para falar sobre a questão do aumento dos preços dos produtos da cesta básica.

Não é a primeira vez que uma recomendação como essa é feita para o consumidor. Em 2014, no governo Dilma Rousseff, o então secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Márcio Holland sugeriu trocar o consumo da carne vermelha por outros alimentos mais baratos, como ovos e aves.

O que fez o arroz ficar tão caro?

Sanzovo Neto afirmou que os mercados não são “os vilões” da inflação da cesta básica e que o problema está ligado ao excesso de demanda, principalmente no exterior, e à falta de oferta. Na prática, isso significa que falta produto e, por isso, o preço aumenta.

“É a lei de mercado, é oferta e procura. Se você tem menos produtos sendo ofertados, e no caso foi exportado, muitos dos nossos produtos estão sendo exportados, o produtor prefere exportar porque o câmbio está alto e tem uma receita maior do seu produto”, justificou.

Segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, isso aconteceu, sobretudo porque o governo, no esforço para combater a crise do coronavírus, transferiu parcela importante de recursos de auxílio emergencial aos informais.

“Era natural que as pessoas gastariam parte desse dinheiro com alimentos. O que é muito bom. A demanda por alimentos aumentou e é que o estamos vendo hoje. A demanda internacional aumentou também. Mas essa é questão de conjuntura. Não me parece ser estrutural”, afirmou ao “Estadão Conteúdo”.

Segundo ele, a alta em alguns produtos da cesta básica pode levar a um pequeno “repique” da inflação”. “Mas quando se olham os índices de inflação, em termos agregados, continuam totalmente sob controle. A inflação continua muito baixa”, afirmou. “As pessoas que vão ao supermercado sentem que aumentou, mas é uma alta transitória. Isso mostra o acerto da política, porque a pessoa está gastando mais com comida”.

*Com informações do Estadão Conteúdo

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