Economia
Fed mantém juros na faixa de 5% e 5,25%, mas não descarta novo aumento
A decisão vem em meio a uma desaceleração da inflação de abril para maio.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos da América (EUA), anunciou nesta quarta-feira (14) que decidiu manter a taxa de juros na faixa de 5% a 5,25%. O ajuste veio de acordo com a expectativa da maior parte do mercado, e interrompeu um ciclo de altas iniciado em 2020.
A decisão vem em meio a uma desaceleração da inflação de abril para maio. Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4%, contra 8,6% do mesmo mês do ano anterior. Por outro lado, apesar da queda da inflação nos EUA, o cenário do indicador ainda está longe da meta (2%).
Outro ponto que chama a atenção é que o núcleo de inflação está em 5,3% no acumulado de 12 meses, segundo dados do Trading Economics. No comunicado desta quarta-feira, o o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) destacou que “a inflação continua elevada”.
O comitê também destacou que “indicadores recentes sugerem que a atividade econômica segue crescendo em ritmo modesto”, apontando que “os ganhos de empregos foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa”.
Nesse cenário, o FOMC apontou que as “condições de crédito mais apertadas para famílias e empresas devem pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação”, mas acrescentou que “a extensão desses efeitos permanece incerta”.
O comunicado não indicou qual deve ser a tendência para a reunião de julho, embora parte do mercado precifique uma volta dos aumentos dos juros. Apesar de não adiantar o que deve ser feito, o FOMC afirmou que “estaria preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surgissem riscos que pudessem impedir o alcance de suas metas”.
As previsões das autoridades mostraram que a expectativa é de mais 0,5 ponto percentual de alta até o final do ano. Em outro trecho, o comitê disse estar “fortemente empenhado em retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”.
Discurso do presidente do Fed
O chair do Fed, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que a próxima reunião de definição de juros do banco central norte-americano em julho será uma reunião “ao vivo” depois que as autoridades optaram por não elevar os juros em junho.
Repercussão
Caio Fasanella, diretor executivo e chefe da área de Investimentos da Nomad, comenta que “o desafio do Fed é controlar a inflação, enquanto os indicadores econômicos estão mistos”.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a decisão ainda pode ser considerada hawkish, visto que foram observadas alterações nos dot plots (projeções de juros) dos membros do FOMC, algo estratégico para afastar cenários de cortes precoces, segundo ele.
Na mesma linha, Gustavo Zuquim, gestor de investimentos do Andbank EUA, menciona que “a pausa atual não deve ser interpretada como uma permanente”.
“O novo dot plot dos membros do FOMC aponta para mais dois aumentos na taxa de juros. Há ainda que se observar a continuidade de queda nos indicadores de inflação, principalmente nos núcleos (que excluem energia e alimentação), os mesmos tem caído mais lentamente que o headline.”
Gustavo Zuquim, gestor de investimentos do Andbank EUA.
No mesmo contexto, Lucas Carvalho, da Toro Investimentos, diz que um ponto que chamou muita atenção do mercado no sentido negativo foi a elevação da projeção do Fed sobre os juros em 2023. “A projeção para a taxa de juros em 2023 subiu de 5,10%, para 5,6%”, pontua.
Quanto à atividade, Débora Nogueira, economista-chefe da Tenax Capital, comenta que a “avaliação segue de que o mercado de trabalho ainda está muito apertado, enquanto houve reconhecimento de dados de inflação mais moderados e que o processo de desinflação está em curso”.
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