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Sob Galípolo, Copom não se mostrou tão preocupado assim com a inflação

Retrato do economista Gabriel Galípolo, um homem de cabelo escuro, vestindo um terno azul escuro, camisa branca e gravata azul clara, gesticulando enquanto fala ao microfone com um fundo de figuras geométricas cinza.

Reunião da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para sabatinar o economista Gabriel Galípolo, indicado pelo governo para a presidência do Banco Central (BC). Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A decisão do Banco Central foi vista como branda por boa parte do mercado financeiro.

A primeira reunião comandada pelo presidente Gabriel Galípolo entregou o que havia prometido no encontro passado — uma alta de 1 ponto percentual da Selic, para 13,25%, e a indicação de mais uma elevação igual em março. 

Para analistas, entretanto, os sinais dados pela autoridade monetária no comunicado não foram tão rigorosos com a inflação quanto se esperava. Além disso, pesou o fato de o BC ter deixado a porta aberta a partir de maio, sem se comprometer com a manutenção do aperto.

O principal ponto visto como “dovish”, ou seja, mais suave, foi o destaque dado aos riscos de baixa para a inflação no futuro. De acordo com o Copom, uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada poderia favorecer os preços. O BC também apontou chance de um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional — o que foi lido como uma menção ao governo Donald Trump.

Os juros futuros de curto e médio prazo despencaram na B3, enquanto o Ibovespa avançou 3% na máxima do dia — também ajudado por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de apoio ao presidente do BC. O dólar também operou em alta na abertura, depois de oito dias seguidos de queda, antes de perder força.

Foi “um início um tanto quanto brando”, segundo relatório do Itaú assinado pelo economista-chefe da instituição, Mario Mesquita. O comunicado sugere preocupação com riscos à atividade econômica doméstica, bem como uma avaliação relativamente benigna – do ponto de vista da inflação – sobre o impacto potencial de choques no comércio global e nas condições financeiras, destaca o banco.

Katrina Butt, economista para mercados emergentes da AllianceBernstein, viu um tom mais leve com a inflação. “O mercado está interpretando a comunicação como dovish porque a declaração não se concentrou na deterioração da inflação realizada e nas expectativas de inflação que ocorreram desde a última reunião”, afirmou.

Uma pesquisa feita pela XP Investimentos com 70 gestores, economistas e consultores depois do Copom desta quarta-feira mostrou que 50% viram o comunicado da decisão como dovish, contra 49% que acharam o tom neutro e apenas 1% que o consideraram mais duro.

Para a economista Adriana Dupita, da Bloomberg Economics, uma possibilidade é de que o Copom, ao citar o risco de choque comercial externo, tenha se referido à hipótese de a guerra comercial desacelerar a economia da China – maior parceiro comercial do Brasil e outros países emergentes – o que poderia ter efeito negativo para a atividade e de baixa para a inflação doméstica.

Na bolsa, o impacto foi positivo. Ações mais sensíveis à taxa de juros — como Magazine Luiza e Yduqs — lideram a alta. “A bolsa para cima está em linha com o comunicado, que foi interpretado como dovish pelo mercado”, disse Marcelo Ornelas, gestor de ações da Kinitro Capital.

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