Economia

Haddad anuncia secretário para reforma tributária e fala em ‘novo arcabouço fiscal’

Futuro ministro anunciou Bernard Appy e criticou medidas fiscais do atual governo.

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O futuro ministro da Fazenda pelo governo eleito, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (13), em sua primeira entrevista coletiva concedida à imprensa após a nomeação, que há muitas reformas a serem feitas além da tributária, que segundo ele “caminha junto da necessidade de um novo arcabouço fiscal”.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante anúncio de ministros no CCBB Brasília. Crédito:

Haddad afirmou, ainda, que pretende definir até o final desta semana, ou começo da próxima, o quadro do primeiro escalão da equipe econômica.

Ele anunciou Bernard Appy como secretário especial de reforma tributária. Mentor da proposta de reforma tributária (PEC 45/2019) em tramitação no Congresso, ele é diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCiF), formado em economia pela FEA-USP, além de ter sido diretor de políticas públicas e tributação da LCA Consultores.

Também foi diretor de pesquisas e projetos de negócios da BMF&Bovespa entre 2009 e 2022, além de secretário executivo e secretário de política econômica do Ministério da Fazenda entre 2003 e 2009.

Galípolo: ‘minha voz dentro do ministério’

Mais cedo, Haddad, Gabriel Galípolo será seu secretário-executivo, número dois na hierarquia da pasta. De acordo com o futuro ministro, ele será sua “voz dentro do ministério”.

Sua aproximação com Galípolo aconteceu há cerca de um ano. Haddad disse considerar o ex-banqueiro “tecnicamente qualificado para a posição”, um economista que, segundo ele, possui “formação, prática, vivência”, além de ser determinado nos compromissos nos quais Haddad diz acreditar.

Galípolo é formado em ciências econômicas e mestre em Economia Política pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Atuou nas privatizações da Cesp e da Cedae, foi chefe da Assessoria Econômica da Secretaria de Transportes Metropolitanos (2007) e diretor da Unidade de Estruturação de Projetos da Secretaria de Economia e Planejamento em São Paulo (2008).

Também fundou a Galípolo Consultoria (2009), foi presidente do Banco Fator (2017-2021) e professor da graduação da PUC-SP (2006-2012). O economista é muito próximo do futuro ministro e também de Lula.

Novo arcabouço fiscal

Haddad destacou também que pretende corrigir distorções cometidas durante o processo eleitoral por meio de uma “nova agenda”, mas “sem tirar o pobre do Orçamento”.

Em discurso, o escolhido por Luiz Inácio Lula da Silva para a Fazenda declarou o compromisso com o social e manifestou o desejo de “voltar à normalidade”. “O pobre tem que ser representado porque é ele quem paga impostos no Brasil”, afirmou.

O futuro ministro também fez críticas a medidas que, segundo ele, desorganizaram programas sociais e as contas públicas, referindo-se a uma série de despesas autorizadas pelo atual governo, o que ele chamou de “medidas eleitoreiras de última hora”.

“A farra eleitoral custou caro ao país, mas vamos trabalhar com as variáveis adequadas”, declarou o futuro ministro, destacando que considera um novo arcabouço fiscal como “imprescindível”.

“Temos que definir uma política econômica equilibrada e sensata que vai permitir uma perspectiva de desenvolvimento. Não são problemas pequenos”, disse, referindo-se a decisões tomaras pelo atual governo.

“Já participei de vários governos que tiveram esse compromisso de corrigir a distorção das contas públicas, porque isso faz parte de fortalecimento do Estado”, afirmou Haddad.

Expansão do crédito

O futuro ministro falou, também, sobre a importância de fortalecer a expansão do crédito no país e elogiou políticas econômicas adotadas em antigas gestões petistas e falou em “desmamar grandes empresas”que recorrem ao mercado de capitais.

“Olhando a trajetória do crédito de 20 anos para cá, fizemos uma das mais eficazes agendas de expansão de crédito, não teve quebra de bancos, eles ficaram mais robustos porque eram programas corretos”, avaliou.

Mercadante no BNDES

Também nesta tarde, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou o nome do ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) para indicação ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em seu governo.

01/12/2022 REUTERS/Adriano Machado

Em evento do encerramento dos trabalhos de transição, Lula afirmou que ouviu críticas sobre boatos da indicação de Mercadante, e informou que “não é mais boato”.

O presidente eleito acrescentou em discurso que o objetivo foi buscar um nome que pense em desenvolvimento e em reindustrializar o país. Lula também frisou que seu governo não privatizará empresas públicas.

Eleito deputado federal por São Paulo na década de 1990 e senador nos anos 2000, Mercadante foi ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT), entre 2011 e 2012.

Chefiou a pasta da Educação entre 2012 e 2014 e foi ministro da Casa Civil entre 2014 e 2015. Em seguida, voltou a ser ministro da Educação até o final do mandato de Dilma, que foi afastada do cargo após sofrer um impeachment em 2016.

*Colaborou Erica Martin

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