Economia
IBC-Br tem queda de 1,13% em agosto, mais do que o esperado
Expectativa em pesquisa da Reuters era de um recuo de 0,5% no mês.
A economia brasileira encolheu mais do que o esperado em agosto, no ritmo mais forte em quase um ano e meio, de acordo com indicador do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (17).
O Índice de Atividade Econômica do BC (IBC-Br) registrou em agosto contração de 1,13%, de acordo com o dado dessazonalizado do indicador que é um sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB).
Esse é o primeiro resultado no vermelho depois de dois meses seguidos de ganhos e foi bem pior do que a expectativa em pesquisa da Reuters de queda de 0,5%. A leitura marca ainda a contração mensal mais intensa desde março de 2021, quando o IBC-Br teve queda de 3,6%.
O resultado, entretanto, não apagou o avanço do mês de julho, que o BC revisou para uma alta de 1,67%, depois de informar anteriormente ganho de 1,17%.
Na comparação com agosto do ano anterior, o IBC-Br registrou alta de 4,86%, enquanto no acumulado em 12 meses passou a um avanço de 2,08%, de acordo com números observados.
Estímulos fiscais devem dar alguma sustentação à economia neste ano, principalmente aos serviços que ainda se recuperam do abalo provocado pela pandemia, embora a política monetária seja restritiva.
Medidas adotadas pelo governo para aquecer a economia no ano eleitoral incluíram a antecipação do 13º para aposentados, liberação de recursos do FGTS e, mais recentemente, desonerações dos setores de combustíveis e energia e aumento do valor do Auxílio Emergencial.
No entanto, os preços elevados ainda pesam no bolso dos consumidores. Embora o IPCA tenha registrado deflação em setembro pela terceira vez seguida, a queda dos preços se concentrou recentemente nos combustíveis e energia, e só agora os alimentos começam a mostrar algum alívio.
Em agosto, o setor de serviços continuou sendo o destaque, com alta de 0,7% no volume em relação a julho, acima do esperado.
Mas tanto as vendas no varejo quanto a produção industrial tiveram perdas no mês, em um ambiente também de juros elevados.
“O resultado acima do esperado do setor de serviços não foi suficiente para carregar o IBC-Br. O número reflete as atividades mais fracas tanto da indústria quanto do varejo no período, que sentem os efeitos iniciais da política monetária mais restritiva sobre suas atividades”, explicou Eduardo Vilarim, economista do Banco Original.
Segundo ele, apesar do resultado negativo de agosto ele mantém perspectiva de resultado positivo para o PIB do terceiro trimestre, calculando crescimento de 0,5% no período.
O BC interrompeu no mês passado seu agressivo ciclo de aperto monetário ao manter a Selic em 13,75% ao ano, e ainda melhorou sua projeção para o crescimento econômico em 2022 a 2,7%, ante estimativa de 1,7% feita em junho, repetindo a taxa de expansão do PIB calculada pelo Ministério da Economia.
Mas ainda pairam sobre a economia as incertezas relacionadas à eleição presidencial, cujo segundo turno acontece em 30 de outubro e coloca frente a frente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A agenda fiscal é ponto focal, e a questão do teto de gastos –principal âncora para as contas públicas brasileiras– é a que mais chama a atenção de investidores
Ao mesmo tempo, o aumento de juros nas economias avançadas segue no radar, uma vez que tende a retrair a atividade no mundo e afastar investimentos de países emergentes.
A pesquisa Focus realizada semanalmente pelo BC com uma centena de economistas aponta que a expectativa é de que o PIB cresça 2,71% neste ano, mas desacelere com força em 2023 para uma expansão de 0,59%.
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