Economia
IBGE revisa variação negativa do PIB de 2020, de 3,9% para 3,3%
Segundo o IBGE, a dinâmica do setor de serviços, o mais atingido pelo fechamento de negócios por restringir o contato pessoal em meio à pandemia, foi determinante para a revisão.
Mesmo após ser atingido em cheio pela pandemia de covid-19, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2020 encolheu menos do que o inicialmente estimado: a queda passou para 3,3%, ante um recuo de 3,9%, segundo dados revisados com base no Sistema de Contas Nacionais e divulgados nesta sexta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A estimativa anterior tinha como base as Contas Nacionais Trimestrais, revisada em dezembro de 2021, na divulgação do PIB do terceiro trimestre do ano passado.
Com a revisão, que agora é definitiva, em 2020, o PIB somou R$ 7,6 trilhões. O PIB per capita foi de R$ 35.935,74, uma queda de 4,0% em relação a 2019.
Segundo o IBGE, a dinâmica do setor de serviços, o mais atingido pelo fechamento de negócios por restringir o contato pessoal em meio à pandemia, foi determinante para a revisão.
Conforme o Sistema de Contas Nacionais, o PIB de serviços encolheu 3,7% em 2020 ante 2019, no lugar do tombo de 4,3%, a mais recente estimativa com base nas Contas Nacionais Trimestrais. O destaque na revisão foi justamente a atividade “outras atividades de serviços”, que tombou 9,3%, três pontos porcentuais (p.p.) a menos do que a estimativa anterior, de queda de 12,3%.
“A queda de outros serviços explica a maior parte da queda da economia. Dentro dessa atividade, destacam-se as quedas em serviços de alimentação (-27,0%), serviços de alojamento (-27,0%), atividades artísticas (-25,5%) e serviços domésticos (-23,3%)”, diz a nota divulgada pelo IBGE.
No texto, a coordenadora de Contas Nacionais do órgão de estatísticas, Rebeca Palis, creditou a revisão ao caráter atípico do funcionamento da economia em meio à pandemia. “Sempre ocorrem revisões dos dados preliminares em relação aos definitivos, com mais fontes de informações. Entretanto, em épocas atípicas, como a pandemia de 2020, elas podem ser maiores, fato que ocorreu em todo o mundo”, diz a nota.
As revisões do IBGE melhoraram também o desempenho do PIB da indústria e do PIB da agropecuária. A indústria teve o tombo revisto para 3,0%, na comparação de 2020 com 2019, ante uma queda estimada em 3,4% anteriormente. Já o crescimento da agropecuária, setor que resistiu aos efeitos da pandemia, passou a 4,2%, ante os 3,8% anteriormente estimados.
Pela ótica da demanda, o consumo das famílias, que responde por 61,8% do PIB, caiu 4,5%. A retração foi fortemente marcada pela pandemia. Isso porque, enquanto o consumo final de serviços, muito mais afetado pelas restrições ao contato social, despencou 10,2%, o consumo de bens, em boa medida protegido pelo comércio eletrônico e pelas entregas em domicílio, caiu apenas 0,7%. O consumo do governo, que engloba as despesas com bens e serviços oferecidos à coletividade, também atingidos pela pandemia, cedeu 3,7% em 2020 ante 2019.
Já a formação bruta de capital fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) caiu 1,7% em 2020 ante 2019.
“A maior queda se deu em máquinas e equipamentos (-4,3%). Produtos de propriedade intelectual também teve retração (-2,3%). Já o grupo construção (0,6%) e outros ativos fixos (1,9%) cresceram”, diz a nota do IBGE.
Com a queda agregada da FBCF num ritmo inferior à queda da atividade econômica como um todo, a taxa de investimentos ficou em 16,6% do PIB, 1,1 p.p. acima do registrado em 2019.
Veja também
- PIB dos EUA cresce 2,8% no 3º trimestre impulsionado por gastos de defesa e consumo
- Crescimento do PIB da América Latina deve desacelerar para 1,9% em 2024, afirma Banco Mundial
- Dívida bruta do Brasil deve estabilizar em cerca de 81% do PIB em 2028, diz chefe do Tesouro
- Equipe econômica vê alta do PIB de 2024 se aproximar de 3% e cita incerteza e risco inflacionário
- Relação da dívida pública pelo PIB avança para 77,8% em junho