Economia
Inflação volta a subir e IPCA fica em 0,12% em julho com alta da gasolina
Após deflação no mês anterior, IPCA sofreu impacto do grupo de Transportes.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, teve alta de 0,12% em julho ante queda de 0,08% no mês anterior, de acordo com divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (11).
Com o aumento de 0,20 ponto percentual, o IPCA acumula alta de 2,99% no ano. Nos últimos 12 meses, o índice acumula alta de 3,99%, acima dos 3,16% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas abaixo do teto da meta do Banco Central deste ano que é de 4,75%. Em julho de 2022, a variação havia sido de 0,68% negativo.
O índice ficou acima das expectativas do mercado. Pesquisa da Reuters apontou que analistas esperavam alta de 0,07% em julho, acumulando em 12 meses avanço de 3,93%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, cinco tiveram alta no mês de julho. O grupo Transportes apresentou o maior impacto (0,31 p.p) e a maior variação (1,50%).
Expectativas sobre os juros
Para Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, o grande destaque está em serviços subjacentes (que exclui itens mais voláteis como hotéis, passagens aéreas, etc) que desacelerou passando de 0,67% em junho para 0,19% em julho.
“Podemos perceber que com essa desaceleração em serviços subjacentes, o mercado deve pressionar ainda mais a curva de juros futuro, provocando novas quedas, refletindo um desejo por cortes mais agressivos por parte do Copom.”
Andre Fernandes, especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital
Fernandes destaca que a inflação de serviços subjacentes era uma das teclas em que o BC vinha batendo por não estar cedendo e que, por isso, justificava a manutenção da taxa de juros, antes da queda da Selic na semana passada.
“Agora nós vemos que, finalmente, o setor de serviços está de fato desacelerando, e isso é bem positivo, pois pode indicar que se continuar nessa tendência, o ritmo de corte de juros pode acelerar. Finalmente o patamar de juros atual começou a ser refletido em serviços.”
Já o economista André Perfeito, disse em nota que, apesar dos números reforçarem a perspectiva de parte do mercado que haveria espaço para cortes maiores na taxa básica, ele acredita que isso não irá ocorrer.
“Não achamos isso factível uma vez que a própria autoridade monetária já se posicionou sobre o assunto dizendo que não haveria espaço para isso. Ademais mantenho a perspectiva de que os juros irão terminar o ciclo acima da taxa neutra como o próprio BCB já apontou e nesse sentido mantenho a perspectiva de 10,75% de Selic ao final do ciclo.”
André perfeito, economista
Gasolina volta a ser vilã da inflação
A gasolina, subitem de maior peso individual no índice de Transportes (4,79%), foi o produto que mais impactou no resultado de julho, com uma variação de 4,75% e contribuição de 0,23 ponto percentual. Em junho, o combustível havia apresentado queda de 1,14%.
“No mês passado, houve reduções aplicadas nas refinarias. A alta de julho capta a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de Pis/Cofins.”
André Almeida , analista do IPCA, em nota
Com exceção do óleo diesel, que caiu 1,37% em julho, os demais combustíveis também tiveram aumento: gás veicular (3,84%) e etanol (1,57%). As altas da passagem aérea (4,97%) e do automóvel novo (1,65%) também contribuíram para o resultado do grupo.
Já as maiores quedas foram dos grupos Habitação (-1,01% e -0,16 p.p.) e Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.).
A energia elétrica residencial puxou a queda do grupo Habitação. O resultado negativo ocorreu por conta da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado integralmente nas faturas emitidas no mês de julho.
Já no grupo de alimentação e bebidas as maiores quedas foram dos seguintes alimentos: feijão-carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e leite longa vida (-1,86%).
Os resultados dos demais grupos foram:
- -0,24% de Vestuário;
- 0,00% de Comunicação;
- 0,04% de Artigos de residência;
- 0,13% de Educação;
- 0,26% de Saúde e cuidados pessoais:
- 0,38% de Despesas pessoais.
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