
Quando se trata de investimentos e planejamento financeiro, saber o que é IPCA e entender a dinâmica da inflação são fatores essenciais.
Responsável por desempenhar um papel crucial na análise econômica e nas decisões de aplicações financeiras, o índice IPCA, principal indicador da inflação no Brasil, foi programado para reproduzir de forma exata as mudanças no custo de vida no país.
Neste guia, entre outras informações importantes, você vai saber o que é IPCA, como ele é calculado, para que serve e qual o seu valor hoje. Fique com a gente e confira!
O que é IPCA?
Criado em 1979, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede as variações nos preços de produtos e serviços consumidos pelos brasileiros de um mês para outro.
Além disso, ele serve como referência para reajustes de salários, tarifas públicas, alimentação, mensalidades escolares, planos de saúde e aluguéis, por exemplo.
A variação do IPCA também afeta o poder de compra do consumidor e as políticas monetárias implementadas pelo Banco Central (Bacen).
Como o IPCA é calculado?
Mensalmente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realiza uma pesquisa nos preços de alguns itens e faz uma comparação com o mês anterior, para calcular a inflação.
A pesquisa cobre os itens mais consumidos pelas famílias brasileiras que possuem rendimentos mensais de 1 a 40 salários-mínimos, garantindo uma cobertura de 90% das áreas urbanas pesquisadas pelo IBGE.
O IPCA é calculado com base em grupos de gastos, cada um com um peso diferente no índice. Os maiores pesos são atribuídos a transporte, alimentação e habitação, enquanto vestuário e artigos de residência têm menor peso.
Mas atente-se para um detalhe importante: sua cesta de compras (produtos e serviços) pode ser bem diferente da cesta média da população brasileira. Com isso, seu índice pessoal de inflação pode ser maior ou menor do que o IPCA.
Quer um exemplo? Imagine uma família que não consome carne vermelha e não tem filhos em idade escolar. Certamente, este núcleo terá um índice pessoal de inflação diferente do oficial, cujo peso é maior no preço da carne e na mensalidade escolar.
Para que serve o IPCA?
Fundamental para a política monetária do país, o IPCA serve como referência para o sistema de metas da inflação (conjunto de procedimentos que servem para garantir a estabilidade de preços no Brasil).
O Banco Central usa a Selic (taxa básica de juros da economia) para manter a situação econômica do país controlada. Para isso, aumenta os juros quando a inflação está alta, a fim de desestimular o consumo, e reduz quando os preços estão sob controle para estimular a economia.
Caso o IPCA ultrapasse a faixa da meta, o Banco Central deve passar essa informação ao ministro da Fazenda e apresentar medidas para controlar a situação.
A inflação sobe e desce com base na oferta e na procura. Em períodos de alta demanda e renda, os preços tendem a subir.
Em recessões, podem estagnar, embora às vezes a inflação alta ocorra mesmo nesse ciclo de expansão. Gastos públicos excessivos e flutuações cambiais também podem impactar a inflação, porque afetam a quantidade de dinheiro em circulação e os preços dos produtos.
Histórico da inflação
O IPCA existe há 45 anos. De lá para cá, atingiu picos históricos na época em que o Brasil convivia com um intenso descontrole de preços (hiperinflação).
Em março de 1990, o IPCA mensal ficou em 82,39%, a maior variação já registrada pelo IBGE. Já o pico de baixa, ainda considerando a variação mensal de preços, ocorreu em julho de 2022, quando o índice ficou negativo em 0,68% (deflação).
Considerando o período pós-Plano Real (depois de julho de 1994), o resultado mais alto do IPCA ocorreu em novembro de 2002, quando o indicador ficou em 3,02%.
Naquele período, temores do mercado financeiro fizeram com que o dólar disparasse em relação ao real, fato que impacta diretamente a inflação, uma vez que os produtos e insumos importados ficam mais caros.
O que faz a inflação subir e cair?
O IPCA é mais afetado por mudanças nos preços dos itens que pertencem aos grupos com maior peso na sua composição. Por exemplo: quando o preço dos combustíveis sobe, isso afeta o grupo de transportes, que tem uma participação significativa no cálculo do IPCA, fazendo com que o índice de inflação suba.
Da mesma forma, se o preço dos alimentos sobe devido a fatores climáticos, o IPCA também tende a aumentar, pois o grupo de alimentos tem um peso importante na composição do índice.
Em contrapartida, se houver um aumento nos preços de videogames, o impacto no IPCA seria menor, uma vez que eles pertencem ao grupo de artigos para residência, que tem o menor peso na composição do índice.
Quando sai o índice do IPCA?
A coleta de dados começa no último dia útil do mês anterior e vai até o penúltimo dia útil do mês em análise. Geralmente, o resultado do IPCA é divulgado até a primeira quinzena do mês seguinte.
Veja a seguir o calendário de divulgação mensal para 2025, já disponibilizado pelo IBGE.
Mês | Data de divulgação |
Janeiro | 10/01/2025 |
Fevereiro | 11/02/2025 |
Março | 12/03/2025 |
Abril | 11/04/2025 |
Maio | 09/05/2025 |
Junho | 10/06/2025 |
Julho | 10/07/2025 |
Agosto | 12/08/2025 |
Setembro | 10/09/2025 |
Outubro | 09/10/2025 |
Novembro | 11/11/2025 |
Dezembro | 10/12/2025 |
Qual o valor do IPCA hoje?
Em dezembro de 2024 (dado mais atual), o IPCA acelerou 0,52% no mês e a inflação, acumulada em 12 meses, atingiu 4,83%. Só para nível de comparação: em dezembro de 2023, a taxa havia sido de + 0,56%.
Qual o valor acumulado do IPCA em 2024?
De acordo com o IBGE, a tabela IPCA 2024 até dezembro está com o valor acumulado em 4,83%.
Tabela IPCA mensal e acumulado em 12 meses
Mês | Variação | Acumulado nos últimos 12 meses |
Dezembro/2024 | 0,52% | 4,83% |
Novembro/2024 | 0,39% | 4,87% |
Outubro/2024 | 0,56% | 4,76% |
Setembro/2024 | 0,44% | 4,42% |
Agosto/2024 | -0,02% | 4,24% |
Julho/2024 | 0,38% | 4,50% |
Junho/2024 | 0,21% | 4,23% |
Maio/2024 | 0,46% | 3,93% |
Abril/2024 | 0,38% | 3,69% |
Março/2024 | 0,16% | 3,93% |
Fevereiro/2024 | 0,83% | 4,50% |
Janeiro/2024 | 0,42% | 4,51% |
Qual a diferença entre IPCA e Selic?
A diferença entre IPCA e Selic está ligada às suas respectivas características e funções na economia brasileira.
O IPCA mede a variação de preços dos produtos e dos serviços mais consumidos pelas famílias brasileiras, sendo o principal indicador da inflação no país.
Já a Selic é a taxa de juros básica utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação e incentivar os investimentos.
Existem ainda outros índices econômicos no Brasil que são produzidos pelo IBGE. Veja:
INPC: Índice Nacional de Preços ao Consumidor verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos. Segundo o IBGE, esses grupos são mais sensíveis às variações de preços, pois tendem a gastar todo o seu rendimento em itens básicos, como alimentação, medicamentos, transporte e etc.
IPCA-15: Difere do IPCA apenas por causa do período da coleta dos dados, que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência. Funciona como uma prévia do IPCA.
IPCA-E: É o acumulado trimestral do IPCA-15.
IPP: Índice de Preços ao Produtor é voltado para a indústria. Ele mede a variação de preços de venda recebidos pelos produtores de bens e serviços.
Sinapi: Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil. É um indicador produzido entre o IBGE e a Caixa Econômica Federal. Ele mede a variação de preços para o setor habitacional e de construção no país.
Existem, ainda, outros dois indicadores que são produzidos foram do IBGE e são muito importantes na medição da inflação no Brasil. Veja:
IGP-M: Índice Geral de Preços do Mercados é calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Ele é formado por 3 índices que medem os preços por atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M), e de Construção (INCC). De forma geral, o IGP-M é utilizado em contratos de aluguel, seguros de saúde e reajustes de tarifas públicas.
IPC-Fipe: Índice de Preços ao Consumidor é calculado pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Ele mede a variação de preços na cidade de São Paulo. Nele consta a variação do custo de vida médio de famílias com renda de 1 a 10 salários-mínimos.
Investimentos vinculados ao IPCA
Existem diversos tipos de investimentos que possuem rentabilidade atrelada ao IPCA e remuneram acima da inflação.
Por este motivo, muitos investidores procuram por essas aplicações, a fim de garantir um rendimento melhor e proteger o seu patrimônio contra possíveis oscilações na economia no período em que o dinheiro está investido.
Dito isso, vamos listar alguns dos principais investimentos vinculados ao IPCA. Confira:
Tesouro IPCA+: o que é?
O Tesouro IPCA+ é um título público indexado à inflação medida pelo IPCA. Seu objetivo é entregar uma rentabilidade superior à inflação em determinado período de tempo.
Antes conhecido como Nota do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B), esse título pode ser adquirido por qualquer investidor pessoa física no Brasil e é um investimento de renda fixa.
A rentabilidade de um título do Tesouro IPCA+ soma a inflação do período com a rentabilidade anunciada na compra. Um título do Tesouro IPCA+ com taxa de 5,5% ao ano significa que, no intervalo de um ano, o dinheiro irá render a variação do IPCA mais 5,5%.
Se, por exemplo, o IPCA no ano for de 7%, a rentabilidade anual do título será de 12,5%. Já se a rentabilidade for 5%, a rentabilidade anual será de 10,5%.