Existem diferentes tipos de inflação, que impactam a economia e o bolso de formas distintas. É importante saber como as ações políticas e econômicas geram diferentes formas de inflação e impactam o poder de compra dos brasileiros.
Veja abaixo os principais pontos:
O que é inflação?
A inflação é o aumento geral dos preços e redução no poder de compra da moeda. Se uma pessoa vai ao mercado e encontra preços mais caros em comparação a última vez que fez compras, o preço dos produtos inflacionou. O consumidor compra menos com o mesmo dinheiro que tinha antes.
Desse modo, uma economia com uma inflação alta significa que o dinheiro está constantemente perdendo valor. Por exemplo: se alguém tinha R$ 100 guardado e o país teve uma inflação de 12% no ano, o poder de comprar é de apenas R$ 88.
O que causa inflação?
Existem vários fatores que impactam na inflação, mas podemos citar 4 principais: desequilíbrio entre oferta e a procura, aumento do custo de produção, aumento da carga tributária e falta de concorrência.
Veja abaixo mais detalhes sobre cada um desses pontos:
Desequilíbrio entre oferta e a procura
Quanto maior é a procura e menor é a oferta, maiores são os preços e vice-versa — é a premissa básica do capitalismo.
Nesse caso, quando a população tem mais acesso ao crédito e/ou aumento de renda, aumenta a demanda dos consumidores. Se, ao mesmo tempo, as empresas não conseguem acompanhar e elevar sua produção, os preços aumentam (já que a demanda está crescendo mais que a oferta).
Esse movimento ocorre, então, quando o volume de capital circulando fica maior que a oferta dos produtores.
Aumento do custo de produção
Se o preço de uma matéria-prima aumenta, a empresa costuma repassar esses custos para o consumidor, aumentando os preços da sua mercadoria. Assim, há um aumento em cascata dos preços na economia.
Por exemplo, se o petróleo aumenta de preço devido a guerras, escassez ou qualquer outra razão, o preço da gasolina fica mais caro e, consequentemente, dos produtos nas prateleiras dos supermercados também, já que o transporte encareceu.
No entanto, em momentos em que a economia vai mal e a demanda os consumidores já está fraca, os produtores podem não conseguir repassar o aumento de preços ao consumidor – ou seja, os empresários preferem absorver o aumento de custos e reduzir o lucro a ter uma procura ainda menor por seus produtos. Esse movimento, porém, tem um limite para a saúde financeira das empresas.
Aumento da carga tributária
Quando o governo aumenta os impostos das empresas para cobrir despesas, esse custo adicional também é repassado para a população nos preços dos produtos.
Falta de concorrência
Se poucas empresas vendem um certo tipo de produto, elas podem criar um sistema de oligopólio, controlando os preços daquela mercadoria na sociedade – seja por meio do aumento dos preços ou até restrição da produção, reduzindo a oferta.
Quando isso ocorre de maneira generalizada, o poder de compra da sociedade fica nas mãos de poucas empresas, que podem promover um aumento generalizado dos preços.
Quais são os tipos de inflação?
Quando falamos em inflação, sempre pensamos na alta dos preços como fenômeno único, mas existem tipos diferentes de inflação. Conheça quais são:
Inflação de demanda
É quando a demanda por produtos ou serviços aumenta, mas a oferta dos mesmos não acompanha. Desse modo, o ofertante aumenta o preço para reduzir a demanda e conseguir dar conta.
Esse é um tipo de inflação que ocorre principalmente quando a renda da população fica maior devido ao crescimento dos salários ou pagamento de auxílios do governo, por exemplo.
Inflação de custos ou inflação de oferta
Acontece quando os custos de produção aumentam ou quando há falta de produtos no mercado, prejudicando a oferta. Dentre alguns gastos que impactam na inflação de oferta, podemos citar:
- matéria-prima;
- mão de obra;
- tributação;
- energia;
- equipamentos;
- entre outros.
Nesse caso, a empresa tem duas opções: aumentar o preço para o consumidor ou reduzir a produção (e, como resultado, a oferta). Em ambos os casos, o resultado é a inflação.
Inflação estrutural
Ocorre quando existe uma escassez ou dificuldade de infraestrutura produtiva para as empresas, aumentando os seus gastos e, portanto, os preços. Por exemplo, se o governo não investe na melhoria das rodoviárias e os negócios acabam perdendo dinheiro no transporte da mercadoria, ocorre a inflação estrutural.
Inflação monetária
Decorre da emissão de dinheiro de maneira descontrolada para a sociedade. No momento em que há mais dinheiro circulando na economia do que oferta de produtos ou serviços, isso se reflete nos custos das mercadorias.
Por isso, existe um grande controle da Casa da Moeda e fornecimento de empréstimos pelas instituições financeiras.
Inflação inercial
É um tipo de inflação relacionada ao fator psicológico da população. É quando, por exemplo, acontece algum evento, como uma guerra em outro país, e os produtores têm a expectativa de que os custos ficarão mais caros e aumentam os preços antes mesmo disso se confirmar.
Esse é um fenômeno que pode gerar um efeito generalizado nos comerciantes. Um concorrente aumenta o valor da mercadoria, então, os outros seguem e fazem o mesmo.
Inflação global
É um evento que acontece quando as maiores economias do mundo aumentam os preços simultaneamente, impactando todo o sistema financeiro global. Por exemplo, se os Estados Unidos aumentarem o preço dos produtos que o Brasil exporta, o consumidor brasileiro também pode sentir esse custo adicional no seu bolso.
Inflação espiral
Trata-se de um evento que ocorre quando o salário dos trabalhadores aumenta justamente para acompanhar a perda do poder de compra (ou seja, os salários sofrem reajuste para “repor a inflação”).
Se o salário aumenta, os custos das empresas aumentam e, como resultado, gera a inflação espiral. Além disso, com mais recursos na mão da população, cresce a procura por produtos e ocorre a inflação por demanda.
Inflação reprimida
Esse é um tipo de inflação que decorre do ato de congelamento dos preços por parte do governo — em geral, é uma prática para tentar conter o próprio aumento dos preços, mas tem um efeito reverso.
Se o produtor gasta R$ 50 para produzir e o Estado determina que o produto deve ser vendido a 45, não tem razão para ele produzir. Desse modo, a produção para e isso gera uma grande escassez da mercadoria. Quando o governo retira a restrição, ocorre então o efeito da inflação reprimida.
Hiperinflação
É quando a inflação dos produtos fica tão grande que os preços recebem reajustes exorbitantes. Nesse caso, a hiperinflação tem diversos tipos de inflação juntos e indica que a economia do país enfrenta dificuldades. O Brasil já teve um período assim, entre 1980 a 1994.
Estagflação
Estagflação refere-se a um tipo de inflação em que a economia está estagnada e a população não está consumindo muito, mas os preços não param de crescer. Ou seja, o fenômeno caracterizado por crescimento econômico baixo e inflação em alta.
Quais são os principais indicadores de inflação no Brasil?
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) é o índice oficial de inflação do Brasil, mas temos outros indicadores de inflação com bases de cálculos diferentes.
Além do IPCA, também podemos citar:
- IPC (Índice de Preço ao Consumidor): estipula a variação de preços de determinados produtos e serviços de famílias com renda entre 1 e 33 salários mínimos mensais.
- INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): mede a inflação em uma faixa salarial mais baixa (até 5 salários mínimos);
- IPA (Índice de Preços ao Produtor Amplo): calcula a variação de preços dos produtos do agronegócio e indústria no setor de atacado.
- INCC (Índice Nacional de Preços da Construção Civil): pondera a mudança de preços na construção civil.
- IGP (Índice Geral de Preços): é calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) considerando os custos de atacado e da construção civil, além da inflação ao consumidor.
- IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas): mede a diferença dos custos de habitação, alimentação, transportes, despesas pessoais, saúde, vestuário e educação.