Economia

Itaú piora estimativas para fiscal e dólar com auxílio emergencial

Economistas do banco avaliaram ainda que o cenário global tem se mostrado “potencialmente mais desafiador”.

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O Itaú Unibanco (ITUB4 e ITUB3)  piorou estimativas para as contas públicas e a taxa de câmbio e antecipou para o fim deste ano a previsão de Selic antes esperada para o término de 2022, vendo agora aumento de juros de 0,50 ponto percentual já em março.

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Em relatório nesta sexta-feira (26), o Itaú atribuiu a revisão no prognóstico para o déficit primário à aprovação da extensão do auxílio emergencial e à expectativa de que o impacto prático de medidas de contrapartidas seja sentido apenas a partir de 2023.

O banco espera agora déficit primário de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, ante 2,1% no cenário anterior.

“A extensão do auxílio emergencial prejudica a já frágil sustentabilidade fiscal brasileira, elevando o prêmio de risco local”, disse a equipe de pesquisa econômica do Itaú, chefiada pelo ex-diretor do BC Mario Mesquita.

Os economistas avaliaram ainda que o cenário global tem se mostrado “potencialmente mais desafiador“, conforme os mercados se ajustam à perspectiva de recuperação cíclica forte e possibilidade de retirada antecipada de estímulos por parte do banco central norte-americano.

Nesse contexto de maior risco, o BC, segundo o Itaú Unibanco, deverá elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, para 2,50%, ao término da reunião do Copom dos dias 16 e 17 de março – antes, o banco projetava acréscimo de 0,25 ponto percentual.

Esse ritmo deverá ser mantido nas reuniões seguintes, avalia o banco. Dessa forma, o juro básico da economia fechará o ano em 5%, acima dos 3,50% esperados anteriormente. O Itaú manteve estimativa de que a Selic terminará 2022 em 5%. Ou seja, agora a instituição projeta estabilidade dos juros ao longo do ano que vem, contra expectativa anterior de aumento de 1,5 ponto percentual.

A estimativa para o dólar ao fim de 2021 também foi elevada – de R$ 4,75 para R$ 5.

A incerteza fiscal deve permanecer elevada e o cenário global pode se tornar desafiador adiante para ativos de risco, impedindo uma apreciação mais intensa da moeda, como projetávamos”, disse o banco, avaliando, contudo, que os fundamentos ainda são de apreciação do real frente ao patamar atual.

“O aumento da taxa básica de juros e os preços de commodities mais altos, que tendem a se refletir em fluxos comerciais favoráveis, abrem espaço para uma volta do fluxo de dólares para o país”, avalia a instituição.

O Itaú calcula que o PIB brasileiro crescerá 4% neste ano, após queda estimada de 4,1% em 2020. A inflação medida pelo IPCA deverá ficar em 3,8% neste ano, um pouco acima do centro da meta (​3,75%).

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