Economia

Joe Biden desiste de tentar a reeleição contra Donald Trump e anuncia apoio a Kamala Harris

Desistência ocorre após pressão de doadores e políticos democratas. Aos 81 anos, Biden é o mais velho presidente dos EUA

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 7 min

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na tarde deste domingo (21) que está desistindo de tentar a reeleição. Ele também disse que vai apoiar Kamala Harris, atual vice-presidente do país, como representante do partido democrata para enfrentar o ex-presidente Donald Trump nas eleições marcadas para novembro.

Em carta aberta publicada na sua conta no X, Biden afirmou que a desistência é o melhor a ser feito e disse que vai se concentrar em cumprir o atual mandato até o fim.

“Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu Biden.

Depois de publicar a carta, Biden anunciou também na rede social que vai apoiar a vice-presidente Kamala Harris como candidata do partido democrata. Ele disse que a escolha por Kamala como vice foi sua primeira decisão como candidato, em 2020, e e que essa “tem sido a melhor decisão” que ele tomou.

“Hoje quero oferecer meu total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso.”, escreveu o presidente.

A desistência de Biden ocorre após políticos democratas pressionarem publicamente para que ele deixasse a corrida eleitoral. No momento, o presidente americano se recupera da covid-19 e deve falar publicamente sobre a desistência nesta semana.

LEIA MAIS: Biden dá fortes sinais de senilidade em reuniões fechadas, dizem fontes

Aos 81 anos, Biden é a pessoa mais velha a ocupar a presidência dos Estados Unidos. Nos últimos meses, ele tem dado sinais de debilidade que preocuparam partidários. A pressão sobre Biden cresceu muito depois do primeiro debate contra o adversário republicano, o ex-presidente Donald Trump. Na ocasião, Biden perdeu a linha de raciocínio por diversas vezes e teve dificuldades para enfrentar a retórica do republicano.

O desempenho de Biden no debate foi avaliado como desastroso por especialistas e correligionários. Desde então, além da crescente pressão de políticos democratas, também apoiadores ameaçaram parar de doar para a campanha caso Biden não desistisse de tentar a reeleição.

Presidente dos Estados Unidos Joe Biden, e sua vice Kamala Harris (Bloomberg)

Pesquisas recentes também apontavam que a maioria do eleitorado democrata defendia a desistência de Biden.

Em entrevista à CNN, Donald Trump disse que será mais fácil derrotar Harris nas eleições e que Biden será lembrado como “o pior presidente da história”.

As eleições presidenciais dos Estados Unidos estão marcadas para o dia 5 de novembro.

Kamala Harris

A vice-presidente agradeceu a Biden pelo apoio e afirmou que pretende conquistar a indicação do partido democrata. “Ao longo do último ano, tenho viajado pelo país e falado com os americanos sobre a clara escolha a ser feita nesta eleição tão importante. E é isso que vou continuar a fazer nos dias e semanas que virão”, disse Kamala Harris em comunicado publicado pela campanha democrata.

“Farei tudo ao meu alcance para unir o Partido Democrata — e unir nossa nação — para derrotar Donald Trump e sua extrema agenda Projeto 2025. Temos 107 dias até o Dia da Eleição. Juntos, vamos lutar. E juntos, vamos vencer.”

O nome da vice-presidente já aparecia como favorito para uma eventual substituição de Biden como representante do partido democrata. Com o apoio explícito do presidente, sua indicação ganhou ainda mais força. Mas ainda não é o caso de afirmar que a situação está resolvida.

No modelo do partido democrata, são os delegados da legenda que escolhem quem será o candidato, e a nomeação só ocorre oficialmente na convenção nacional do partido, marcada para acontecer entre os dias 19 e 22 de agosto. Teoricamente, qualquer político democrata pode conseguir a indicação caso tenha apoio suficiente entre os delegados.

Além de Harris, estão cotados para substituir Biden como candidato democrata o secretário dos Transportes, Pete Buttigieg, e os governadores Gretchen Whitmer (Michigan), J.P. Pritzker (Illinois), Josh Shapiro (Pensilvânia) e Gavin Newsom (Califórnia).

LEIA MAIS: Economistas dizem que inflação pode ser pior com Trump do que com Biden

O apoio de Biden à vice, no entanto, deu início a uma onda quase imediata de endosso à candidatura de Kamala Harris. Políticos democratas têm falado à imprensa e anunciado nas redes sociais que apoiam Harris. É o caso do ex-presidente Bill Clinton e da ex-secretária de Estado Hilary Clinton.

Em carta conjunta, os Clinton se disseram “honrados em nos juntar ao presidente ao endossar a vice-presidente Harris”. “Faremos tudo o que pudermos para apoiá-la”, escreveram.

“Agora é a hora de apoiar Kamala Harris e lutar com todas as nossas forças para elegê-la. O futuro da América depende disso.”

Kamala Harris tem 59 anos e é a primeira mulher a ocupar a vice-presidência dos Estados Unidos. Fez carreira na Califórnia, onde foi procuradora do Estado e também senadora.

Leia a carta de Biden na íntegra:

Meus compatriotas americanos,

Ao longo dos últimos três anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.

Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos de medicamentos prescritos para idosos e na expansão do atendimento de saúde acessível para um número recorde de americanos. Fornecemos cuidados criticamente necessários para um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. E aprovamos a legislação climática mais significativa na história do mundo. A América nunca esteve em melhor posição para liderar do que estamos hoje.

Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, o povo americano. Juntos, superamos uma pandemia centenária e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças ao redor do mundo.

Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me retire e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato.

Falarei à nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.

Por enquanto, deixe-me expressar minha mais profunda gratidão a todos que trabalharam tanto para me ver reeleito. Quero agradecer à vice-presidente Kamala Harris por ser uma parceira extraordinária em todo esse trabalho. E deixe-me expressar minha sincera apreciação ao povo americano pela fé e confiança que depositaram em mim.

Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos isso juntos. Só precisamos lembrar que somos os Estados Unidos da América.

Mais Vistos