Economia
Threads x Twitter: o que está em jogo na batalha entre Zuckerberg e Musk
Com mais de 100 milhões de usuários em 5 dias, novo app da Meta quer ser substituto da rede rival.
Surgiu na semana passada uma nova rede social com potencial para rivalizar com o Twitter (TWTR34) – que passou por mudanças após ter sido adquirida por Elon Musk. Mesmo com poucos recursos, o Threads, da Meta (FBOK34), havia atingido 100 milhões de usuários até esta segunda-feira (10), em cinco dias de existência. Em meio à disputa por qual plataforma prevalecerá, já houve ameaça de processo, acusação de roubo de informações sigilosas e provocações de ambos os lados.
As mudanças promovidas por Musk no Twitter, como a retirada do selo de usuários verificados e a cobrança por um novo selo, descontentaram parte dos frequentadores – o que abriu espaço para alternativas à plataforma do passarinho azul. No Instagram, app da Meta com 2 bilhões de usuários, influenciadores já vinham pedindo para a empresa criar um aplicativo de textos rápidos em substituição.
“Deveria haver um aplicativo de conversas públicas com mais de 1 bilhão de pessoas”, declarou o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, em um post em sua conta no Threads na semana passada. “O Twitter teve a oportunidade de fazer isso, mas não acertou em cheio. Espero que a gente consiga”, acrescentou. Em 2023, o Twitter possuía 556 milhões de usuários.
No Threads, os usuários podem postar textos e links e responder ou repassar mensagens de outras pessoas, porém não há recursos semelhantes ao Trending Topics e recomendações. Sua popularidade foi facilitada pelo fato de que o novo aplicativo permite aos usuários do Instagram transferirem suas listas de seguidores e nomes de contas para lá.
Poucas horas após a criação do Threads, grandes influenciadores e celebridades já se faziam presentes no aplicativo, muitos deles já divulgando publicidade nos posts. No Brasil, a nova rede atraiu empresários como Flávio Augusto, fundador da Wiser e criador do Geração de Valor, que disse acreditar que o app deve “bombar”. “Aproveite este momento para abrir sua conta e a da sua empresa, para garantir o seu nome antes que alguém reserve”, aconselhou em uma publicação.
Nesta segunda-feira (10), a nova rede social afirmou não vai impulsionar conteúdos sobre política nem publicações noticiosas em sua plataforma. A decisão representa uma nova estratégia diante do nascimento de diversas redes sociais, como o Facebook e o próprio Twitter.
- Descubra a história do Facebook e a aquisição de outras redes sociais
Adam Mosseri, CEO do Instagram, afirmou que conteúdos de outras comunidades, como esportes, beleza e moda, já são o suficiente para “fazer uma plataforma vibrante, sem que seja preciso entrar em política ou notícias”, escreveu. Como exemplo, ele cita o próprio Instagram, onde esses materiais aparecem, mas não são encorajados pelo algoritmo.
“A meta não é substituir o Twitter. A meta é criar uma praça pública para comunidades no Instagram que nunca abraçaram o Twitter e para as comunidades no Twitter (e outras plataformas) que estão interessadas em um lugar menos raivoso para as conversações, mas não todas do Twitter”, escreveu o CEO no app recém-lançado.
‘Rinha de bilionários’
No final da última quarta-feira (5), mesmo dia do lançamento do Threads, Zuckerberg publicou um tuíte pela primeira vez em 11 anos, com uma imagem de dois homens-aranha frente a frente. O ato foi interpretado como uma provocação ao seu rival bilionário, que recentemente o desafiou para um embate físico, que passou a ser chamado de “rinha de bilionários”.
Não é de hoje que Instagram e Facebook copiam modelos de redes sociais concorrentes. O Reels, recurso de vídeos, teve como referência o aplicativo chinês TikTok, enquanto os Stories têm a mesma lógica do Snapchat, pioneiro na ideia de postagens que desaparecem. Mas é a primeira vez que a companhia de Zuckerberg tenta copiar o modelo do Twitter, que detém o domínio de declarações oficiais de autoridades, celebridades e políticos.
Mas no caso do Threads, ainda há dúvidas sobre como a nova rede social conseguirá lidar com problemas do app rival, como a disseminação de informações falsas e discurso de ódio. São esperadas melhorias já que, por enquanto, os usuários do Threads não podem procurar por frases específicas e visualizam um feed segundo os algoritmos da Meta, de modo que usuários mais populares devem ter mais visibilidade nesta fase.
Ameaça de processo e acusações
Na quinta-feira, correu a notícia de que o Twitter ameaçou processar a Meta por violar segredos comerciais da companhia para criar sua nova plataforma, segundo uma carta enviada ao CEO da controladora do Facebook, Mark Zuckerberg, pelo advogado do Twitter, Alex Spiro, informou a Reuters.
Spiro, que também é advogado pessoal de Elon Musk e sócio do escritório de advocacia Quinn Emanuel, teria acusado a Meta de contratar ex-funcionários do Twitter, que “tiveram e continuam tendo acesso aos segredos comerciais do Twitter e outras informações altamente confidenciais”. A carta foi obtida pelo site de notícias Semafor.
Recentemente, o Twitter promoveu rodadas de demissões em massa sob o aval de Elon Musk. De acordo com o Twitter, muitos desses ex-trabalhadores ainda têm acesso aos segredos comerciais da empresa e outras informações confidenciais.
O Twitter alega que a Meta se aproveitou disso e encarregou esses funcionários de desenvolver um aplicativo que copiasse a plataforma, o que, segundo a empresa, seria uma “violação da lei estadual e federal”.
No entanto, em resposta à carta, um funcionário da Meta postou no Threads que nenhum integrante do time de engenharia do novo aplicativo é ex-funcionário da rede rival.
Threads x Twitter
Compare as funcionalidades das duas redes sociais:
Recurso | Threads | |
Limite de caracteres | 500 | 280 ou 25.000 para usuários pagos |
Múltiplas contas | Sim | Sim |
Verificação | Só se for verificado no Instagram | US$ 11 por mês para mobile |
Pode deletar a conta? | Sim, se a conta do Instagram for deletada | Sim |
Opções do feed | Thread única | Trending topics, cronológico e pessoas que você segue |
Anúncios | Não, por enquanto | Sim |
Hashtags | Não | Sim |
*Com informações da Bloomberg e Estadão Conteúdo
Veja também
- Trump escolhe crítico de Big Tech para presidir Comissão Federal de Comunicações
- X (ex-Twitter) voltou para alguns usuários, mas STF e Anatel dizem que foi engano
- STF manda transferir R$ 18,3 milhões do X e da Starlink para a União e desbloqueia contas
- Maioria discorda de decisão de Moraes de suspender X, diz pesquisa
- Starlink volta atrás e diz que cumprirá bloqueio do X no Brasil