Economia
Yuan fraco ameaça consumo de commodities; pode pressionar preços
Moeda chinesa caiu cerca de 3% em relação ao dólar em um mês, e amarga queda de mais de 8% no ano.
A rápida queda no valor do yuan se somou à lista de desafios enfrentados pelos mercados globais de commodities.
A China, maior importadora de muitas matérias-primas, já viu a demanda diminuir com confinamentos contra o vírus, crise imobiliária e faltas de energia que afetam a atividade econômica. E, embora a energia cara mantenha preços globais em alta, o consumo está caindo à medida que a economia mundial se desacelera.
Como o resto do planeta, a China costuma comprar matérias-primas em dólares. Com isso, o enfraquecimento do yuan aumenta os custos para importadores, deprimindo a demanda e forçando a queda de preços.
É um vento contrário para commodities como petróleo e cobre, e mais ainda em mercados onde os importadores chineses respondem pela maior parte da demanda, como minério de ferro e soja.
O impacto imediato de um yuan mais fraco por enquanto deve ser moderado porque grande parte das compras da China são feitas por meio de acordos de longo prazo, disse Jia Zheng, chefe de operações e pesquisa de commodities da Shanghai Dongwu Jiuying Investment Management. Mas uma desvalorização mais duradoura afetará os contratos futuros e os mercados à vista que a China usa para complementar o fornecimento, disse ela.
A moeda chinesa caiu cerca de 3% em relação ao dólar em um mês, e amarga queda de mais de 8% no ano.
O tombo do yuan também pode ser um problema para o financiamento de commodities, nos casos em que os operadores chineses tomaram empréstimos em dólar para fazer suas compras e agora ficarão com custos de dívida elevados.
Em alguns mercados, os importadores devem absorver os custos cambiais, o que é mais fácil quando as compras são feitas por empresas estatais.
Operadores do mercado de gás natural, por exemplo, não serão impedidos de adquirir mais combustível se o governo ordenar que eles garantam o fornecimento para o inverno. As geradoras de energia podem estar na mesma situação, já que a demanda por carvão de alto teor calórico supera a produção local.
Os laços estreitos que Pequim tem com Moscou também podem permitir preços com desconto através de uma série de produtos energéticos, desde petróleo a gás e carvão, e a possibilidade de evitar o dólar por meio de transações em rublos ou yuan.
Os exportadores chineses de commodities, por sua vez, devem ser impulsionados pela moeda mais fraca, embora haja menos mercados onde eles são um fornecedor dominante para o resto do mundo. Mas os exemplos incluem alumínio, terras raras — usadas em ímãs, eletrônicos e armas — e energia limpa, especialmente painéis solares.
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