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1º fundo multimercado focado em eleições pelo mundo estreia em abril

Zaftra, gerido pela Gauss Capital, nasce para antever o resultados de disputas presidenciais; ex-CEO do Instituto Ideia comandará pesquisa política.

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Antes do primeiro turno das eleições presidenciais no Brasil em 2022, agentes do mercado e gestores acreditavam que Lula venceria com facilidade o então presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro. Pesquisas também apontavam Lula muito à frente de Bolsonaro, o que não aconteceu. O segundo turno foi acirrado, dando vitória ao candidato petista, com 48,43% dos votos válidos. 

Doutor em economia, fundador e ex-CEO do Instituto Ideia (empresa de pesquisas eleitorais no Brasil), Maurício Moura, tinha em mente exatamente o resultado que foi concretizado: a vitória de Lula não aconteceria no primeiro turno, mas viria no segundo por margem apertada.

Maurício Moura, Doutor em Economia e Política

“Eu falava que as pesquisas mostravam 10 pontos a favor de Lula, mas minha experiência dizia que essa diferença iria diminuir. Sempre teve um antipetismo de chegada no Brasil, tanto que o PT nunca ganhou uma eleição no primeiro turno, e o motivo é que a abstenção é sempre maior na baixa renda, onde Lula tem a maior concentração de votos”, explica Moura, que por 12 anos foi responsável por interpretar pesquisas eleitorais no Brasil por meio do Instituto Ideia.

1º fundo com foco em eleições no mundo

Agora, ele será estrategista político do primeiro fundo multimercado focado em eleições presidenciais pelo mundo. Batizado de Zaftra, o fundo gerido pela Gauss Capital tem como estratégia investir em ativos que possam ser favorecidos pelos resultados eleitorais.

Com as eleições na Turquia, Espanha, Nova Zelândia e Argentina em 2023, o fundo passa a operar em abril, sendo essa a primeira análise estratégica oficial de Moura para a Gauss, que já conta com R$ 1,8 bilhão em ativos sob gestão. O fundo “event driven” contará com exposição a ativos líquidos (ações, moedas, juros) e ampla exposição geográfica.

O fundo foi criado dado o aumento da demanda pela expertise política na gestão de ativos. “Hoje não há local no mundo em que o tema eleições não esteja presente no mercado financeiro. Política e mercado estão plenamente conectados – o que nem sempre foi assim”, disse Moura ao InvestNews.

Nas últimas eleições no Brasil, o fundo funcionou em caráter experimental seguindo as projeções do ex-CEO do Ideia. “A minha projeção foi de que teríamos uma eleição mais apertada do que apontavam as pesquisas, e a leitura do comitê de investimentos à época era que se isso se materializasse, o mercado abriria otimista e se beneficiaria de posições montadas no aumento do Ibovespa, e foi praticamente isso o que aconteceu”.

O primeiro pregão da B3 após o resultado nas urnas foi marcado pelo Ibovespa com alta de 1,3%. O dólar, por sua vez, teve queda expressiva frente ao real, de 2,55%.

Como os dados serão interpretados

Primeiro, Moura fará uma leitura do cenário das eleições: quem será o candidato com potencial chance de vitória. Será feito um acompanhamento de redes sociais e internet, além de uma pesquisa baseada em três pilares: intenção de voto; análise do histórico eleitoral e ativos e setores que podem ser beneficiadas em cada cenário. 

“Vamos operar conforme entendermos quais investimentos serão favorecidos em cada resultado”.

Segundo o pesquisador político-eleitoral, as eleições na Turquia podem refletir sobre a Europa porque, pela primeira vez, a oposição teria condições de vencer Recep Tayyip Erdogan, o que  afetaria a relação do país com a União Europeia. 

“Em termos de comércio, isso é muito importante. Afeta a relação da Turquia com a Rússia e a gestão interna do índice de Istambul. Hoje, a Turquia está com uma política econômica de baixar juros e reduzir a inflação”. 

No caso da Espanha, o economista aponta que o mercado espanhol é líquido e que a eleição afeta o mercado local. Já na Argentina, o mercado do país deve ser afetado, uma vez que há potencial de a oposição vencer as eleições, que hoje é a direita do Kirchnerismo, “sendo mais amigável para o mercado”.

As eleições na Nova Zelândia afetam o mercado da Austrália uma vez que os países são muito conectados. Segundo Moura, o cenário aponta para a possibilidade de a direita vencer, que é a atual oposição do governo atuante.

Eleições em 2024

No entanto, nehuma das eleições previstas para 2023 terão o impacto que as eleições de 2024 terão. Taiwan, Estados Unidos e União Europeia definirão quem serão seus líderes, além de México, Índia e África do Sul. Apesar dos três últimos serem mercados líquidos, eles não impactam o mercado mundial como os três primeiros.  

“As eleições em Taiwan serão complexas  e arriscadas, já que trazem o perigo de uma guerra com uma potencial  invasão chinesa. Já a política nos Estados Unidos influencia na maioria dos mercados, inclusive no Brasil”. 

Maurício Moura, pequisador político-eleitoral e ex-ceo do ideia

Questionado sobre o impacto da Guerra na Ucrânia nos ativos de cada país que terá eleições presidenciais, Moura aponta que a equipe vai isolar as decisões operando as variáveis macro tentando aproveitar as oportunidades micro.

“Na Espanha, alguns setores podem se beneficiar de um candidato político, o que nos permite entrar de maneira cirúrgica nesses setores, isolando o efeito da guerra na Ucrânia que não necessariamente dialoga com os eventos eleitorais”. 

O Zaftra Fund será voltado ao investidor profissional (com R$ 10 milhões ou mais), e aporte inicial de  R$ 300 mil. Inicialmente, os investidores serão convidados a investir.

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