Finanças
Após balanço da Vale, analistas seguem divididos sobre tese de investimento
Mineradora divulgou na véspera resultado do quarto trimestre de 2022, que veio em linha com as expectativas; ação recua.
A Vale (VALE3) divulgou na véspera seu balanço do quarto trimestre de 2022, que veio em linha com as expectativas do mercado. Apesar disso, a ação da mineradora tem recomendações distintas, com analistas divididos sobre a tese de investimento na companhia.
A ação da Vale operou entre perdas e ganhos nesta sexta-feira (17) e encerrou o pregão em queda de 1,30%, a R$ 88,03.
Na quinta-feira (16), a Vale informou que registrou lucro líquido de US$ 3,72 bilhões de no quarto trimestre, o que representa uma queda de 30,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, diante de menor produção e preços mais baixos de minério de ferro.
Já em 2022, o lucro da mineradora somou US$ 16,73 bilhões, queda de 32,4% na comparação com 2021, em um período marcado por atrasos em licenciamentos de minas de ferro na Serra Norte.
A receita líquida da companhia no quarto trimestre foi de US$ 11,94 bilhões, ante US$ 13,10 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Já a dívida líquida expandida da empresa somou US$ 14,1 bilhões, US$ 856 milhões de dólares ante o trimestre anterior.
A Levante Investimentos e a XP Investimentos avaliaram o balanço da Vale como dentro do esperado, assim como analistas da Genial Investimentos, que disseram em relatório enxergar o resultado como neutro. As recomendações para ação da mineradora, no entanto, são distintas.
Tese da Vale não é unânime
Os analistas Ygor Guedes, Igor Araújo e Renan Rossi, da Genial Investimentos, disseram em relatório acreditar que a Vale está bem posicionada para colher alguns frutos da reabertura econômica da China, que já começaram a ter efeito no quarto trimestre de 2022, a partir dos preços provisionados afetando positivamente os resultados.
Eles destacam, no entanto, que a tese da Vale está longe de ainda ser uma unanimidade nesse momento, pois, segundo os analistas da Genial, de 16 casas cobrindo o papel na Bloomberg, a Genial e outras 6 adotam a recomendação neutra, com algumas importantes casas rebaixando a recomendação da companhia recentemente, nas prévias do último trimestre.
“Ao conversarmos com investidores institucionais, vemos alguns já se posicionando em operar vendido no papel, outros ainda relativamente otimistas com a reabertura”, disseram os analistas.
A Genial Investimentos rebaixou a recomendação para a ação da Vale de compra para manter cerca de 15 dias após as notícias sobre a flexibilização do covid-zero, ainda em dezembro.
“A tendência, para nós, é cada vez mais o consenso começar a perceber que que houve um certo tom exagerado sobre a volta da China e o impacto nas mineradoras”, defendem os analistas da Genial.
Guedes, Araújo e Rossi apontaram que enxergam um cenário de novas oportunidades conjunturais para a companhia no curto prazo, mas mantendo a cautela em relação ao cenário no longo prazo, principalmente por conta: da dificuldade dos licenciamentos ambientais que permitiram uma evolução na produção e problemas estruturais com o mercado imobiliário chinês a serem resolvidos.
Com isso, os analistas da corretora mantêm recomendação de “manter” para o papel da mineradora, com preço alvo de R$ 105 por ação.
Na mesma linha, a Ativa Investimentos mantém recomendação neutra para a ação da Vale. A corretora informou em relatório que fez revisão do setor, e, por isso, alterou a recomendação de Vale para “neutro”, por acreditar que os preços de minério de ferro estão altos e podem sofrer futuras correções.
Já os analistas André Vidal, Guilherme Nippes e Helena Kelm, da XP Investimentos, avaliaram em relatório que ainda gostam da tese de investimento de longo prazo da Vale e que, por isso, mantêm recomendação de compra. Eles destacam, no entanto, que, no curto prazo, estão receosos com a discrepância da alta do preço do minério de ferro em relação a outras commodities, principalmente petróleo.
Pontos de atenção
Segundo a Ativa Investimentos, agora ficam como centro das atenções envolvendo a Vale temas como a venda de participação minoritária na divisão de metais básicos, o envolvimento da Cosan na companhia e a possibilidade de tributação do setor de mineração no Brasil.
Já os analistas da XP avaliam que a Vale continua comprometida com a disciplina de capital, com a maior parte de sua geração de caixa retornando aos acionistas e que os principais temas a serem observados a partir de agora são:
- Os riscos do aumento das taxas de royalties no Brasil;
- Até onde (e por quanto tempo) durará a alta do preço de minério de ferro;
- Monetização nas operações de metais básicos;
- Influência da Cosan na próxima assembleia geral sobre a nova diretoria a ser eleita;
- Demanda chinesa de aço após o fim dos bloqueios.
Vitorio Galindo, head de análise fundamentalista da Quantzed, que também avaliou o resultado da mineradora como neutro, destaca que, agora, é olhar para frente, como a Vale vai conseguir desempenhar ao longo de 2023, o que pode acontecer com o preço do minério de ferro e se a empresa vai conseguir reduzir custos e aumentar sua produção.
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