Finanças

Ibovespa acumula queda de 17,8% no 1° semestre; dólar avança 35% desde janeiro

Após o vaivém das ações, bolsa brasileira recuou 0,71%, aos 95.055 nesta terça-feira (30).

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Em dia de vaivém, a Bolsa brasileira fechou o primeiro semestre de 2020 com queda acumulada de 17,80%. Esta terça-feira (30) foi marcada por forte volatilidade, com investidores reagindo à lei de segurança nacional para Hong Kong e a dados econômicos de desemprego no Brasil e confiança do consumidor no exterior.

O principal índice da B3, o Ibovespa, fechou em queda de 0,71%, aos 95.055 pontos. Apesar do desempenho negativo nesta terça-feira e da perda de fôlego observada na quinzena final de junho, o principal índice da B3 fechou o segundo trimestre com ganho de 30,18%, saindo de 73.019,76 pontos em 31 de março para 95.055,82 pontos no fechamento de hoje.

Foi o melhor desempenho trimestral desde os últimos três meses de 2003, quando o Ibovespa saiu de 16.010 pontos no encerramento de 30 de setembro para 22.236 pontos no de 30 de dezembro daquele ano, em progressão de 38,89% no período. Em junho, o Ibovespa acumulou ganho de 8,76%, após avanço de 8,57% em maio e de 10,25% em abril, que sucederam a histórica perda de 29,90% em março.

“Depois de um primeiro trimestre muito difícil, o segundo mostrou recuperação importante, mas, nesta última quinzena de junho, o mercado aqui e fora ficou neste vai, não vai, sentindo a necessidade de realizar (lucros), o que não ocorreu porque tem toda esta liquidez disponível”, observa Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, chamando atenção para a dificuldade de prever uma direção para julho, ainda no “escuro”, dado o elevado grau de incerteza quanto à pandemia, o grau de retomada da atividade e de recuperação das economias.

Já o dólar comercial fechou negociado em R$ 5,4396, subindo 0,25% nesta terça. No primeiro semestre, a moeda norte-americana acumulou valorização de 35,66%. O dólar fechou junho em alta de 1,9%, acumulando valorização de 4,7% no segundo trimestre .

No ranking de piores moedas de 2020, o real é seguido pelo rand da África do Sul, onde o dólar acumulou alta no primeiro semestre de 24%, e o peso mexicano, onde subiu 21%. Mesmo com o real tendo o pior desempenho este ano, a perspectiva dos estrategistas de câmbio é que a moeda brasileira deve seguir fraca na segunda metade do ano.

A analista de moedas e emergentes do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, observa que as incertezas sobre os rumos da pandemia de coronavírus no Brasil permanecem altas, isso em um cenário de juros historicamente baixos e com chance de cair ainda mais e ainda ruídos políticos. “Nesse contexto, é provável que os investidores sigam cautelosos e que o real continue fraco.”

O banco americano Citi projeta dólar acima de R$ 5,00 este ano e no próximo. Para dezembro, a projeção é de dólar em R$ 5,21. Em relatório divulgado hoje, a projeção de queda do Produto Interno Bruto (PIB) foi mantida em 6,5% para este ano. O Citi também manteve a estimativa para a taxa básica de juros em 2,25%, mas não descarta a possibilidade de novo corte na taxa na reunião de agosto do BC.

Destaques da Bolsa

As ações da mineradora Vale (VALE3) subiram perto de 1% na B3 com o avanço nos preços do minério de ferro e depois que analistas do BTG Pactual afirmaram se sentir encorajados com a retomada do pagamento dividendos para o terceiro trimestre.

A ação do grupo ressegurador IRB (IRBR3) caiu mais de 10% na sessão. Pouco antes do fechamento, o papel era negociado ao redor de R$ 10,80. A empresa divulgou um lucro líquido de R$ 13,8 milhões no primeiro trimestre, resultado 92% menor que no mesmo período de 2019 e bem abaixo das expectativas dos analistas.

A Ecorodovias (ECOR3) anunciou um lucro líquido de R$ 103,3 milhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano passado. Já a receita líquida da empresa cresceu 15,6%. A ação da empresa ficou quase estável perto do final da sessão, ao redor de R$ 12,97.

Cenário doméstico

A taxa de desocupação no Brasil de 12,9% no trimestre encerrado em maio, divulgada mais cedo, veio pouco abaixo da mediana do mercado (13,0%) e dentro do intervalo das expectativas dos analistas (entre 12,3% e 14,8%). O dado fica em segundo plano no câmbio. Em igual período de 2019, a taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua estava em 12,3%. No trimestre até abril de 2020, a taxa de desocupação estava em 12,6%.

Mais cedo, o Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 11,2 pontos na passagem de maio para junho, na série com ajuste sazonal, alcançando 71,7 pontos, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Apesar da melhora de 20,6 pontos nos últimos dois meses, o índice recuperou apenas 48% das perdas sofridas em março e abril.

Bolsas GLOBAIS

As bolsas asiáticas fecharam em alta, após dados de atividade positivos da China ajudarem a distrair os investidores das tensões entre chineses e americanos em torno de Hong Kong. Na China continental, o Xangai Composto subiu 0,78% hoje, a 2.984,67 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 1,88%, a 1975,52 pontos.

Números oficiais de Pequim sugerem que a economia chinesa, a segunda maior do mundo, está se recuperando em ritmo mais rápido do que se esperava do choque do coronavírus. O índice de gerentes de compras (PMI, pela sigla em inglês) do setor industrial chinês subiu de 50,6 em maio para 50,9 em junho, contrariando expectativas de queda, tocando o maior patamar em três meses e mostrando expansão um pouco mais forte da manufatura.

A maior parte das bolsas da Europa fechou em queda, em meio às repercussões da aprovação, na China, da lei de segurança nacional sobre Hong Kong, que deve elevar as tensões com os Estados Unidos. Mesmo assim, o índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou com leve alta, de 0,13%, em 360,34 pontos, terminando o trimestre com ganho de 12,59% – maior avanço porcentual desde março de 2015, segundo a Dow Jones Newswires.

“Mais uma vez, a Europa parecia um pouco incerta depois do fechamento, puxada em diferentes direções por manchetes da covid-19 continuamente alarmantes e uma manhã amplamente positiva para dados, se você olhar além do Reino Unido”, disse Connor Campbell, analista da Spreadex.

*Com Estadão Conteúdo

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