Finanças
Bolsa cai mais de 3% e dólar fecha a R$ 4,21 com coronavírus
Ações ligadas a commodities e ao setor de turismo foram as mais prejudicadas pela disseminação da epidemia.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, fechou em forte queda nesta segunda-feira (27), em linha com os mercados no exterior. Investidores temem o rápido alastramento do coronavírus na China e para outros 14 países no final de semana, lançando dúvidas sobre o impacto na economia mundial.
O Ibovespa fechou em queda de 3,29%, aos 114.481 pontos. Foi a maior desvalorização em quase 1 ano. A última vez que o índice caiu acima desse percentual foi no dia 6 de fevereiro de 2019, quando cedeu 3,74%. Apenas 5 das 74 ações do índice fecharam no azul.
Já o dólar subiu 0,58% frente ao real, negociado a R$ 4,2101. Na máxima do dia, a moeda alcançou R$ 4,2297.
Subiu para 2.835 o número de casos de pessoas infectadas pelo coronavírus na China, segundo a TV estatal do país. O número de mortes subiu para 81 na China. Além disso, há casos confirmados da doença em outros 14 países, incluindo EUA, França e Japão.
Destaques de baixa
As principais ações de peso na carteira do Ibovespa, Vale ON (5,97%) e Petrobras PN (-4,33%) e ON (3,66%), tiveram perdas expressivas, acompanhando o sinal negativo das commodities.
Por temor de cancelamento de viagens, na Europa várias ações de empresas do setor operaram com perdas. Lufthansa apresentou desvalorização de 4,33% hoje, enquanto a Air France caiu 5,64%. A IAG, que controla a British Airways, teve perdas de 5,48% e os papéis da britânica de baixo custo Easyjet caíram 4,92%.
No Brasil não foi diferente: o papel da Gol cedeu ao redor de 3% e Azul perdeu em torno de 3%. CVC, a maior operadora de turismo do país, chegou a desvalorizar 4%.
Em Londres e nos Estados Unidos, o petróleo chegou a cair 3,00%. No radar, esteve a notícia de fontes de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) discute ampliar os cortes de produção da commodity visando possíveis impactos da disseminação do coronavírus.
A Bolsa de Tóquio sofreu sua maior queda em cinco meses nesta segunda-feira, à medida que investidores mantêm a cautela em meio à rápida disseminação do surto de coronavírus que teve início na cidade chinesa de Wuhan.
O índice japonês Nikkei terminou o pregão em baixa de 2,03%, a maior desde 26 de agosto de 2019, a 23.343,51 pontos. Ações ligadas ao turismo chinês foram fortemente afetadas depois que o governo suspendeu viagens ao exterior de grupos turísticos. A Oriental Land, operadora do parque temático da Disney em Tóquio, caiu 7,8%, e a Japan Airlines recuou 3,9%.
Feriados em outras partes da Ásia e do Pacífico mantiveram fechados hoje os mercados de China, Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Austrália.
Assuntos no radar
No radar da semana estão a decisão de juros do Federal Reserve, nesta quarta-feira, 29, e a divulgação da primeira estimativa para o PIB dos Estados Unidos no 4º trimestre e no consolidado de 20, na quinta-feira (30).
No mercado doméstico, o investidor monitorou os dados do setor externo e, no começo da tarde, acompanhou os números da balança comercial (15h). No caso das transações correntes, o déficit somou US$ 5,691 bi em dezembro e US$ 50,762 bilhões em 2019. No caso do investimento direto no país (IDP), somou US$ 9,434 bilhões em dezembro e US$ 78,559 bilhões em 2019.
Na pesquisa Focus, as projeção dos economistas para o IPCA de 2020 caíram de 3,56% para 3,47%, assim como a estimativa atualizada nos últimos 5 dias úteis passou de 3,50% para 3,45%.
Para a Selic no fim deste ano, a estimativa também caiu de 4,50% ao ano para 4,25%; a alta do PIB de 2020 esperada permanece em 2,31%; o câmbio projetado para o fim de 2020 passou de R$ 4,05 para R$ 4,10; e o superávit comercial em 2020 esperado diminuiu de US$ 37,40 bilhões para US$ 37,22 bilhões.
Também nesta manhã, a FGV divulgou que o Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 1,3 ponto na passagem de dezembro para janeiro, para 98,1 pontos. Segundo a FGV, a melhora na confiança neste início do ano de 2020 é puxada pelo avanço das expectativas, que voltaram a subir depois de um período de espera dos empresários no final do ano passado.
Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,32% na terceira quadrissemana de janeiro, desacelerando em relação ao acréscimo de 0,41% observado na segunda quadrissemana deste mês, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
* Com Estadão Conteúdo