Finanças

Bolsa deve ficar abaixo de 95 mil pontos em 2020. Quais ações podem se destacar?

Bancos já cortaram suas previsões para o Ibovespa este ano, mas destacam que há oportunidades para ficar de olho, mesmo em um cenário tumultuado pela crise.

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São Paulo – Diante do cenário desafiador com a pandemia do coronavírus, bancos já reduziram de forma drástica suas previsões para o Ibovespa, o maior índice da Bolsa brasileira (B3), até o final deste ano. Bem longe das estimativas mais otimistas feitas no ano passado – algumas casas chegaram a mirar os 140 mil pontos até dezembro – agora as últimas revisões dão conta de que o indicador não deve chegar à marca dos 95 mil pontos. 

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O novo olhar vem após o Ibovespa ter chegado a perder 48% desde seu último pico, alcançado no dia 24 de janeiro, dia em que bateu o recorde de 119.593 pontos. Em menos de dois meses, despencou para 61.690 pontos – seu nível mais baixo desde o pico (drawdown).

O banco JP Morgan é o menos otimista até agora. Em relatório a clientes, ele revisou sua projeção do Ibovespa para 80.500 pontos no final do ano, defendendo que as empresas não serão capazes de atingir os lucros necessários para sustentar uma alta maior. Anteriormente, a previsão era de que o índice terminaria o ano em 126 mil pontos

O Itaú BBA divulgou um relatório reduzindo sua projeção de 132 mil pontos do Ibovespa para 94 mil em 2020. A justificativa: lucros menores e um maior custo de capital das empresas. “No entanto, uma potencial recuperação da economia em 2021 poderia gerar oportunidades para investidores mirando para além de 2020”, escreveram os analistas Marcos Assumpção, Jorge Gabrich e André Dibe.

Em períodos de grande incerteza como o de agora, o banco recomendou que os investidores protejam seus portfólios escolhendo empresas capazes de enfrentar a crise. “Procuramos empresas com margens robustas, baixa alavancagem [nível de endividamento] e, de preferência, alta liquidez [dinheiro em caixa], pois podem surgir oportunidades”.

O banco incluiu a recomendação da companhia energética CPFL (CPFE3) e da locadora de veículos Localiza (RENT3) e retirou do portifólioa estatal elétrica Eletrobras (ELET3; ELETR6) e a fabricante de veículos de transporte coletivo Marcopolo (POMO4).

O Bank of America (Bofa) revisou sua estimativa para 87 mil pontos. O banco Morgan Stanley, por sua vez, cortou a previsão para o Ibovespa de 125 mil pontos, feita em janeiro, para 85.000 pontos no fim deste ano. Apesar disso, o banco vê uma rápida recuperação da economia do país, em forma de “V”, após uma desaceleração acentuada.

A previsão dos analistas é de que os lucros caiam 20% este ano e subam 12% no próximo ano. Segundo o banco, o Ibovespa perto dos 70 mil pontos como agora oferece um “risco interessante de retorno para investidores que miram os próximos 6 a 12 meses”.

Para os analistas do Morgan Stanley, quem investe com este prazo no horizonte deve começar a comprar. Entre as ações favoritas, o banco citou Itaú Unibanco (ITUB4), a varejista de moda Lojas Renner (LREN3) e a rede de varejo Magazine Luiza (MGLU3).

De olho nos gráficos


Ao debruçar sobre os gráficos (análise técnica), o analista de investimentos da Easynvest, José Falcão, destaca que a tendência principal do Ibovespa ainda é de baixa, mas as três altas seguidas na semana passada que levaram o índice a subir 22%, aos 77.709 pontos na quinta-feira (26), foram importantes.

“Serão necessários mais alguns movimentos do índice para configurar uma possível nova tendência de alta no curto prazo”, destaca Falcão. Para ele, antes de uma recuperação mais consistente do indicador, seria normal que o índice andasse “de lado” (movimento lateral) ou sofresse uma leve correção, com investidores realizando lucros.

Segundo Falcão, a análise gráfica mostra que, se o índice rompesse abaixo de seu menor nível (61.690 pontos, no dia 19 de março), o Ibovespa poderia voltar a cair para níveis de dezembro de 2016, quando estava na casa dos 56 mil pontos.

Já olhando para prazos mais longos, como o final de 2020, Falcão destaca que ainda não é possível fazer uma estimativa com base em análise gráfica. Mesmo o cenário interno está difícil de precificar. “Há fatores que ainda não estão precificados e podem estar ofuscados pelo coronavírus, como o atraso na aprovação das reformas no Congresso”, diz.

*As recomendações de ações são de inteira responsabilidade das instituições financeiras que divulgaram seus relatórios.

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