Finanças
Bolsa fecha acima dos 116 mil pontos em sessão volátil e de baixo volume
Após o susto nos mercados com a nova cepa da Covid-19, investidores voltam a mirar retomada.
Após forte queda na véspera, com a nova cepa da covid-19 encontrada no Reino Unido, o Ibovespa voltou a subir nesta terça-feira (22) . Mas desacelerou os ganhos no começo da tarde puxado pelo pessimismo em Wall Street. O índice da B3 fechou em alta de 0,70% aos 116.636 pontos.
O giro financeiro somava R$ 23 bilhões de reais, bem abaixo da média de dezembro de R$ 38,84 bilhões, por causa da proximidade do Natal.
O Ibovespa conseguiu fechar em alta apesar da ameaça fiscal no cenário doméstico, com possível votação da PEC dos Municípios. Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, a bolsa chegou a passar por um teste por volta das 14h quando o governador de São Paulo, João Doria, anunciou a proibição de funcionamento de comércio não essencial entre os dias 25 e 27 de dezembro e 1 a 3 de janeiro. “No entanto, impulsionado pela recuperação dos grandes bancos, o índice firmou sua trajetória de alta”, afirma.
Em Wall Street foi um dia de instabilidade, as preocupações com a nova variante do coronavírus e dados econômicos decepcionantes ofuscaram o impacto da aprovação em Washington de um aguardado projeto de lei de alívio à pandemia.
O índice de confiança do consumidor americano caiu 88,6 em dezembro, bem abaixo das projeções do mercado de 97,5.
As bolsas americanas fecharam mistas: Dow Jones caiu 0,67%, o índice S&P 500 recuou 0,21% e na contramão Nasdaq terminou o dia em alta de 0,51%.
Na Europa, foi um dia mais favorável repercutindo a notícia de que a Comissão Europeia autorizou o uso condicional da vacina produzida pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech. Todas as bolsas fecharam em alta, o índice de Milão (FTSE MIB) teve o maior ganho e subiu 2,03%, aos 21844,33 pontos
O dólar emendou a terceira alta consecutiva e fechou no maior patamar em quase duas semanas frente ao real nesta terça-feira, alavancado pelo rali da moeda norte-americana no exterior, num dia mais negativo para ativos de risco em geral diante de preocupações com a Covid-19.
O dólar comercial fechou em alta de 0,76%, cotado a R$ 5,1619. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,1727.
LEIA MAIS:
- Morning Call: mercados respiram após tensão com nova variante do coronavírus
- Perspectivas para 2021: como garimpar as oportunidades de ouro?
Destaques da Bolsa
O destaque positivo do dia foi da PetroRio (PRIO3) que saltou 5,44%. Breder explica que a companhia valorizou após informar que assinou acordo com a Prisma Capital para converter financiamento de US$ 100 milhões em linha de longo prazo.
Subiram também empresas exportadoras acompanhando a alta do dólar, que fechou no patamar de R$ 5,16. Suzano (SUZB3) avançou 4,45%, seguida dos frigoríficos Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3) que fecharam em alta de 4,11% e 3,57%, respectivamente.
No lado oposto do Ibovespa recuaram as companhias do ‘kit coronavírus’, seguindo o movimento dos investidores de aversão ao risco frente a nova cepa da covid-19. CVC (CVCB3) recuou 6,32% e as aéreas Embraer (EMBR3) e Azul (AZUL4) desvalorizaram 3,75% e 3,37%, respectivamente.
Bolsas americanas
O índice S&P 500 perdeu terreno ao fim de uma sessão volátil nesta terça-feira, já que preocupações com uma nova variante do coronavírus e dados econômicos decepcionantes ofuscaram o impacto da aprovação em Washington de um aguardado projeto de lei de alívio à pandemia.
O índice Dow Jones também fechou em queda, enquanto as ações da Apple Inc ajudaram a sustentar o avanço do Nasdaq para uma máxima recorde de fechamento.
“Hoje o mercado está dando uma pausa no fôlego”, disse Ryan Detrick, estrategista sênior de mercado da LPL Financial em Charlotte, Carolina do Norte. “Está digerindo as duas grandes notícias que recebemos nas últimas 24 horas, o estímulo e a nova cepa da Covid.”
A Apple foi uma exceção em meio a uma ampla liquidação, registrando alta de 2,8% e dando o maior impulso ao S&P 500 e ao Nasdaq, após notícia dos planos da empresa de lançar um veículo elétrico de passageiros até 2024.
Na segunda-feira, o Congresso aprovou um pacote de alívio à pandemia de 892 bilhões de dólares após meses de disputa partidária, com o objetivo de sustentar uma recuperação econômica titubeante diante do peso das restrições destinadas a conter o ressurgimento do coronavírus.
Uma nova variante do vírus e de rápida propagação descoberta no Reino Unido interrompeu o fluxo de entrada e saída do país e fez com que as fabricantes de vacinas Pfizer Inc e Moderna Inc se apressassem para garantir que seus medicamentos são eficazes contra essa mutação.
Na frente econômica, a confiança do consumidor caiu inesperadamente, enquanto as vendas de residências usadas nos EUA registraram sua primeira queda em seis meses.
O índice Dow Jones caiu 0,67%, a 30.016 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,21%, a 3.687 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq avançou 0,51%, a 12.808 pontos.
Bolsas na Europa
As bolsas da Europa recuperaram parte das perdas de ontem e fecharam o pregão desta terça-feira (22) em alta, alimentada pelo pacote fiscal aprovado na segunda-feira nos EUA sem, no entanto, tirar de foco os fatores que lançam incerteza sobre o futuro econômico da região. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou o dia em alta de 1,18%, aos 391,25 pontos.
O avanço da covid-19 na Europa e o impasse em torno do acordo pós-Brexit continuam no centro das atenções dos investidores. Após mais de 40 países anunciarem restrições de viagem ao Reino Unido, em resposta ao surgimento de uma nova cepa de coronavírus ainda mais transmissível, hoje a Comissão Europeia instruiu os países do bloco a suspender as proibições, a fim de garantir viagens essenciais e evitar interrupções na cadeia de suprimentos.
A recomendação acontece enquanto as negociações do Brexit continuam. Segundo o negociador da União Europeia, Michel Barnier, as discussões chegaram a um “momento crucial”, com ambos os lados correndo contra o tempo para fechar um acordo antes que o Reino Unido deixe a UE, em 1º de janeiro.
Em relatório divulgado hoje, o Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que as medidas restritivas para conter a segunda onda de covid-19 na zona do euro devem pesar na atividade econômica no curto prazo. A entidade defendeu mais apoios monetário e fiscal para atenuar os impactos da crise e manter a trajetória de recuperação econômica. Pelas projeções do FMI, a economia da zona do euro de se contrair 8,3% neste ano e crescer 5,2% em 2021.
Nesta manhã, o Escritório Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês) do Reino Unido revisou para cima os dados do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre, apontando expansão de 16% ante os três meses anteriores. Já na Alemanha, o índice de confiança do consumidor medido pelo Instituto GfK caiu de -6,8 pontos em dezembro para -7,3 pontos em janeiro.
Em Londres, o índice FTSE 100 fechou em alta de 0,57%, aos 6453,16 pontos, acompanhado do DAX, da Bolsa de Frankfurt, que teve elevação de 1,30%, aos 13418,11 pontos. Na bolsa de Milão, o FTSE MIB subiu 2,03%, aos 21844,33 pontos, enquanto em Madri o Ibex 35 avançou 1,85%, para 7934,20 pontos e, em Lisboa, o PSI 20 ganhou 1,45%, aos 4726,08 pontos.
*Com Reuters e Agência Estado