Finanças
Ibovespa fecha em 97 mil pontos com reabertura econômica; dólar cai para R$ 4,85
Enquanto o Ibovespa engata sua 7ª alta seguida, moeda americana tem menor valor desde 13 de março
Para quem fez as apostas de que a bolsa chega a 100 mil pontos esta semana, a segunda-feira (8) já trouxe um cenário bem otimista. O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 3,18% aos 97.644 pontos. Esta é a sétima alta consecutiva do índice impulsionada pelo otimismo dos investidores com a reabertura econômica e o apetite de risco.
Esta seria a maior sequência de altas desde fevereiro de 2018, quando a Bolsa subiu por nove pregões seguidores. O volume financeiro negociado foi de R$32.692 bilhões.
Já o dólar foi na contramão do otimismo econômico, e atingiu seu menor valor desde 13 de março, quando estava cotado a R$ 4,813. O dólar comercial fechou em queda de 2,66%, cotado a R$4,855. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 4,970.
Além de ser impactado pelo otimismo da economia, influenciou também a venda de 10.450 contratos de swap cambial com vencimento para fevereiro de 2021. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reforçou que não empregará medidas de flexibilização quantitativa (QE) até que as ferramentas tradicionais de política monetária estejam esgotadas. E destacou que problemas de liquidez podem originar conflitos de solvência se não forem bem gerenciados, contudo afirmou que as contas externas devem melhorar.
Entre as ações mais negociadas do dia subiram: a Azul (AZUL4) e Magazine Luiza (MGLU3), que avançaram 29,25% e 4,93%, respectivamente, puxadas pelas retomada econômica. Também apresentaram alta os bancos, entre estes o Bradesco (BBDC4), que subiu 5,25%.
Ainda entre as mais negociadas subiram as preferenciais da Petrobras (PETR4), com alta de 1,95%. A companhia bateu o record na exportação de óleos combustíveis, 1,11 milhão no mês de maio. Segunda a Petrobrás, o novo recorde ocorre em meio a um período complexo de redução de demanda do petróleo e derivados.
Avançou também a Vale (VALE3), com alta de 0,31%. A companhia foi influenciada pelos ganhos no minério de ferro e a suspensão das operações no complexo de mineração de Itabira (MG).
Os investidores ainda ficam de olho no problema dos dados sobre a covid-19 e a divulgação pelo Ministério da Saúde, além dos julgamentos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na terça, de duas das sete ações que pedem a cassação da chapa Bolsonaro-Mourão, e pelo Supremo Tribunal Federal (STF), na quarta-feira, do inquérito das fake news, após o relator do pedido de arquivamento das investigações, ministro Edson Fachin, jogar a decisão para o Plenário.
Destaques da Bolsa
O destaque positivo do dia foi do setor aéreo e turismo que apresentaram altas acima de 10%. É o caso de Azul (AZUL4), Gol (GOLL4) e Embraer (EMBR3) que saltaram 29,25%, 28,29% e 18,36%, respectivamente. Todas estas motivadas pelo otimismo com a reabertura gradual das economias em alguns estados.
Foi favorecida ainda com esse otimismo, a CVC (CVCB3), que teve alta de 10,19%. Pesquisas do setor apontam que o brasileiro pode começar a fazer turismo doméstico após a quarentena.
Entre as maiores altas do dia também estava a Siderúrgica Nacional (CSNA3), que avançou 17,12%, com recuperação das atividades na China, segundo comprovam dados de exportação da Secretária de Comércio Exterior (Secex).
Entre as maiores baixas do dia caíram: a Yduqs (YDUQ3), que recuou 3,66%. E a TIM (TIMP3), com queda de 1,10%.
As ações dos shoppings também recuaram. É o caso da Iguatemi (IGTA3) e Multiplan (MULT3), ambas caíram 1,04%.
Focus
Os economistas do mercado financeiro cortaram novamente a previsão para o IPCA – o índice oficial de preços – em 2020. O Relatório de Mercado Focus divulgado nesta segunda-feira, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 1,55% para 1,53%.
As projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 foram cortadas. A expectativa para a economia este ano passou de retração 6,25% para queda de 6,48%. A mediana das previsões para a Selic neste ano seguiu em 2,25% ao ano. Para o câmbio no fim do ano, a expectativa seguiu em R$ 5,40, ante R$ 5,00 de um mês atrás.
Dólar
O dólar teve o terceiro dia seguido de queda e já acumula desvalorização de 19% desde que atingiu a máxima histórica intradia, R$ 5,97, há pouco menos de um mês, em 14 de maio. Só em junho, o dólar já caiu 9%. A valorização do real continua sendo puxada pelo cenário externo favorável, com a visão de que a recuperação da economia será mais rápida nos Estados Unidos e regiões da Europa, e uma melhora do ambiente político doméstico. Em meio à liquidez em excesso nos países desenvolvidos, a avaliação mais otimista dos investidores sobre a retomada da economia estimula a busca por ativos de risco e a desmontagem de posições contra o real no mercado futuro. O dólar à vista fechou em queda de 2,73%, cotado em R$ 4,8544, menor valor desde 13 de março. No mercado futuro, o dólar para julho era negociado em R$ 4,84 às 17h40.
Prosseguem os relatos de entrada de capital externo no Brasil, para aplicações em Bolsa, que na tarde de hoje superou os 97 mil pontos, engatando a sétima alta consecutiva. Na mínima do dia, o dólar caiu a R$ 4,84.
Nesse ambiente de busca por retorno, os ativos da América Latina, especialmente os do Brasil e México, que haviam piorado mais que outras regiões do planeta, agora se recuperam, avalia o economista-chefe para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson. “A melhora no apetite por risco no mercado mundial beneficiou os mercados da América Latina mais que outras regiões.” Apesar da alta dos ativos locais, Jackson ressalta que os recentes indicadores da atividade econômica no Brasil e nos demais países da América Latina ainda estão ruins e os casos de coronavírus seguem em expansão na região.
No exterior, o dólar teve novo dia de queda ante divisas fortes e a maioria dos emergentes, ainda ecoando o relatório de emprego da economia americana divulgados na sexta-feira, que mostrou criação de 2,5 milhões de vagas em maio enquanto se esperava fechamento de 8 milhões. “Foi uma completa surpresa”, escrevem hoje os analistas do banco suíço Julius Baer, ressaltando que o documento sinaliza que os EUA já passaram pelo fundo do poço da crise.
Mesmo com o rali dos últimos dias, o dólar ainda acumula alta de 21% ante o real em 2020, com a moeda brasileira liderando o posto de pior desempenho. Segundo analistas, a moeda americana devolveu um pouco nos últimos dias do excesso da alta de maio, ajudado por um cenário externo positivo e ausência de notícias ruins no mundo político. A aproximação de Jair Bolsonaro com os partidos do Centrão e o avanço de reformas e que a reabertura das atividades em São Paulo pode ajudar para o dólar seguir em queda.
*Com Estadão Conteúdo