Finanças
Bolsa fecha em queda com 2ª onda da covid nos EUA; balanços amenizam perdas
Avanço do coronavírus e medidas restrição voltam a assustar os investidores.
Dia negativo para o Ibovespa que acumulou perdas com o aumento de casos de coronavírus nos Estados Unidos e na Europa o que gerou uma aversão ao risco global. O índice da B3 fechou em queda de 0,24% aos 101.016 pontos. Durante o dia o Ibovespa chegou a perder os 100 mil pontos, mas conseguiu se recuperar com a expectativa de bons balanços no terceiro trimestre.
Nos Estados Unidos houve recorde dos novos casos de covid-19, com 83 mil novas infecções registradas no final de semana, patamar superior aos 77 mil casos registrados no mês de julho. As bolsas americanas fecharam em queda repercutindo a notícia: Dow Jones caiu 2,29%, o S&P 500 recuou 1,86% e o Nasdaq teve baixa de 1,64%.
Na Europa as bolsas também tiveram queda generalizada, apesar dos esforços com novas restrições para conter uma segunda onda do vírus.
Mesmo com uma taxa de mortalidade inferior ao começo da pandemia, novos casos continuam surgindo e o mercado aguarda nesta semana novas notícias sobre a vacina. No cenário doméstico, ações de companhias de turismo e aviação despencaram.
A incerteza motivou a procura pelo dólar, porém a moeda teve um dia volátil acompanhando o desdobramento do pacote de estímulos americano e a agenda fiscal no Brasil. Apesar de registrar ganhos durante a manhã, o dólar comercial fechou em queda de 0,27%, cotado a R$ 5,612.
Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,663. No ano, o dólar acumula alta de 40%.
Os juros futuros também tiveram baixa, repercutindo a alta da inflação em outubro e na espera da reunião do Copom nesta quarta-feira (28), embora o consenso do mercado é que a Selic deve permanecer estável em 2%.
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Destaques da Bolsa
Entre os destaques positivos do dia estão: o banco Santander (SANB11) com alta de 3,74%, seguido da Cielo (CIEL3) que avançou 3,47%. Ambas as companhias se beneficiaram com expectativas dos investidores para o resultado dos balanços do terceiro trimestre que serão divulgados nesta terça-feira.
Subiu também a Intermédica (GNDI3) com alta de 3,40%.
No lado oposto do índice recuaram setores diretamente impactados por uma possível segunda onda de coronavírus, além das restrições de isolamento. O setor de shoppings e turismo tiveram um péssimo desempenho.
Multiplan (MULT3) foi a maior queda do dia, com desvalorização de 4,29%. Seguida da CVC (CVCB3) com baixa de 4,25%. Caiu também a BR Malls (BRML3) que recuou 3,61%.
Bolsas americanas
Os mercados acionários de Nova York registraram quedas fortes nesta segunda-feira, 26, com a disseminação da covid-19 em partes dos Estados Unidos e em outros locais, sobretudo na Europa. Além disso, houve menor apetite por risco diante do fracasso até agora dos políticos em Washington para acertar um novo pacote fiscal para apoiar a economia.
O índice Dow Jones fechou em baixa de 2,29%, em 27.685,38 pontos, o S&P 500 recuou 1,86%, a 3.400,97 pontos, e o Nasdaq caiu 1,64%, a 11.358,94 pontos.
O novo coronavírus continua a preocupar, com a piora nos números da pandemia em várias nações. Nos EUA, houve novo recorde diário da doenças na sexta-feira, segundo a Universidade Johns Hopkins.
A Capital Economics destaca a possibilidade de novas ondas da doença no país um risco importante de baixa às perspectivas para a economia americana.
Já o presidente americano, Donald Trump, anunciou que entregará 100 milhões de doses de uma vacina “segura” contra a doença até o fim deste ano. Além disso, reafirmou que haverá reação econômica em V, após a recessão diante da crise de saúde.
Continuam, contudo, as divergências sobre mais estímulo fiscal, apontado por vários analistas como crucial para apoiar o quadro nos EUA, com riscos de baixa importantes na recuperação.
Nesta segunda, a presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse que pode haver acordo rápido, mas criticou o chefe de gabinete do governo Trump, Mark Meadows, por ter falado que o país “não vai controlar o vírus”. Pelosi insiste em medidas como um plano nacional para realizar testes para a covid-19, além do uso de máscaras e o distanciamento social.
À tarde, ela conversou com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, e a democrata não descartou haver um acordo ainda antes da disputa eleitoral de 3 de novembro, segundo um porta-voz.
Entre ações em foco, Boeing recuou 3,90%, após um tribunal de apelações da Organização Mundial de Comércio (OMC) reafirmar a decisão de que a União Europeia pode impor retaliação aos EUA por causa de subsídios americanos à empresa. Entre os setores, vários mostraram baixas consideráveis, entre eles energia – em jornada negativa para o petróleo – industrial, serviços de comunicação e tecnologia.
Bolsas na Europa
Os mercados acionários europeus tiveram quedas fortes nesta segunda-feira, superior a 3% no caso de Frankfurt, com investidores atentos a novas ondas da covid-19 em países da região. Outra questão que contribuiu para o movimento foi o fato de que há poucos avanços no diálogo sobre mais estímulos fiscais nos Estados Unidos.
O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,81%, em 355,95 pontos.
O Commerzbank afirma em relatório que os ativos de mais risco têm sido pressionados, diante de recordes nos casos do novo coronavírus na Europa e da falta de progresso por mais estímulos em Washington.
O banco aponta que a covid-19 é um risco para a economia alemã, mas crê que o governo da chanceler Angela Merkel evitará novo lockdown. Na agenda de indicadores, o índice Ifo de sentimento das empresas da Alemanha recuou em outubro, a 92,7, pior do que o esperado pelos analistas.
Na Bolsa de Frankfurt, o índice DAX recuou 3,71%, a 12.177,18 pontos. A ação da SAP caiu quase 22%, pressionando o setor de tecnologia, após ela cortar projeções de receita futura, diante do impacto da pandemia.
Na Bolsa de Londres, o índice FTSE 100 fechou em queda de 1,16%, em 5.792,01 pontos. AstraZeneca subiu 1,16%, após a notícia de que a vacina que desenvolve com a Universidade Oxford produz resposta imune similar tanto em adultos mais velhos quanto nos mais jovens. Já o papel da BP recuou 2,68%, em jornada negativa para o petróleo.
Em Paris, o índice CAC 40 caiu 1,90%, a 4.816,12 pontos.
Na Bolsa de Milão, o índice FTSE MIB recuou 1,76%, para 18.945,14 pontos.
Em Madri, o índice IBEX 35 fechou com baixa de 1,40%, a 6.796,90 pontos.
Em Lisboa, o índice PSI 20 registrou queda de 2,12%, a 4.051,69 pontos, terminando na mínima do dia.
*Com Estadão Conteúdo