Finanças
Bolsa fecha nos 108 mil pontos com realização de lucro; dólar sobe
Este foi o melhor novembro para o Ibovespa desde 1999. No mês, o índice acumula alta de 15,94%
O Ibovespa fechou em queda de 1,52% aos 108.893 pontos nesta segunda-feira (30), em meio a um movimento de realização de lucros após cinco pregões de alta consecutivos. Contudo, o índice teve o melhor desempenho para novembro desde 1999. No mês, o Ibovespa acumulou alta de 15,94% e em 2020 o índice ainda recua 5,80%.
Nos Estados Unidos, também foi um dia de embolsar ganhos nas bolsas. Em Wall Street, a notícia de que a Moderna pediu autorização ao FDA para uso emergencial da sua vacina não animou os mercados. Os investidores repercutiram as sanções que os EUA deram à empresa de tecnologia chinesa CEIEC por ter vendido tecnologia para Venezuela com o intuito de sabotar a democracia.
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,91%, o S&P 500 caiu 0,33% e Nasdaq desvalorizou 0,06%. Embora o S&P 500 fechou em baixa, este também foi o melhor novembro registrado na história do índice americano.
Na Europa também foi um dia de perda generalizada, repercutindo as tensões entre Estados Unidos e China. As bolsas europeias fecharam em queda de mais de 1% nesta segunda-feira. O índice Stoxx 600, que reúne as principais ações da região, encerrou em baixa de 0,98%, a 389,36 pontos. No mês, contudo, a referência saltou 11,93%.
No cenário doméstico, além da realização de lucros o Ibovespa foi puxado pela queda dos bancos, Petrobras e Vale.
O dólar comercial fechou em leve alta de 0,38%, cotado a R$ 5,345 nesta segunda-feira (30). Na máxima do dia a moeda americana chegou a R$ 5,3961.
Embora o dólar surfou na correção global dos mercados para ter alta hoje, a moeda americana teve a maior queda mensal em dois anos e o maior tombo para o mês de novembro desde 2002, conforme dados da Refinitiv.
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Destaques na Bolsa
Entre os destaques positivos do dia subiram: o Carrefour (CRFB3) com alta de 3,61%, a Yduqs (YDUQ3) com ganhos de 3,19% seguida da Azul (AZUL4) que avançou 3,06%.
No lado oposto do Ibovespa recuaram: B2W (BTOW3) com queda de 8,11%. Caíram também Cosan (CSAN3) e Cielo (CIEL3) que desvalorizaram 5,67% e 5,59%, respectivamente.
Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, outro destaque importante é a reação das empresas de varejo pós Black Friday. Apesar dos números fortes, todas as companhias tiveram queda acentuada nesta segunda-feira, com exceção do Mercado Livre. Fora do Ibovespa, a companhia (MELI34) valorizou 3,31%, após informar um aumento de 130% dos volumes da empresa no Brasil na comparação anual.
Já Magazine Luiza (MGLU3) fechou em queda de 3,35%, mesmo com o crescimento superior a 100% na sua participação de mercado no e-commerce em novembro, em relação a 2019. Segundo Breder, a Magalu vendeu mais de 1 milhão de itens na Black Friday especialmente cerveja, ketchup, creme de leite, achocolatado, fralda e protetor solar.
“O aumento de vendas de itens destes itens entre quinta e domingo foi de 225%, corroborando com a estratégia da companhia de se tornar uma plataforma de compras para além do segmento eletrônico”, explica.
Ainda nas varejistas, apesar da alta de 99% nas vendas online a Via Varejo (VVAR3) caiu 4% nesta segunda-feira. E a B2W (BTOW3), maior queda do dia desvalorizou após apresentar o menor ritmo de crescimento do setor.
Bolsas americanas
O S&P 500 terminou em baixa nesta segunda-feira, com investidores realizando lucros após uma forte recuperação nas últimas semanas que resultou no melhor novembro de todos os tempos para o índice.
Nove dos 11 principais setores do S&P 500 caíram na sessão, com o índice de energia em baixa de 5,4% e liderando as perdas, acompanhando queda nos preços do petróleo.
O índice de tecnologia S&P 500 subiu 0,7%, em parte graças a um aumento de 2,1% nas ações da Apple Inc.
IHS Markit saltou 7,4%, depois que a gigante de dados S&P Global concordou em comprar o provedor de informações financeiras em um negócio de 44 bilhões de dólares, naquela que pode ser a maior aquisição corporativa de 2020.
Ajuste de carteiras típicas de fim de mês influenciou a fraqueza desta segunda-feira, disseram analistas, com investidores embolsando lucros após um mês forte marcado por contínuas atualizações sobre vacinas para a Covid-19 e esperanças de uma rápida recuperação econômica no próximo ano.
Uma rotação para ações dos setores de energia, industrial e financeiro – que, para investidores, terão desempenho superior à medida que a economia se recupera da crise – gerou ganhos de quase 11% para o S&P 500 em novembro e ajudou o Dow Jones a registrar o maior ganho mensal desde 1987.
“Eu atribuiria (a queda desta segunda-feira) às preocupações sobre o coronavírus, combinadas com o mercado apenas procurando digerir alguns dos ganhos recentes”, disse o estrategista-chefe de investimentos da CFRA, Sam Stovall.
Depois de uma explosão em infecções e restrições de negócios neste mês –que paralisaram a recuperação do mercado de trabalho dos EUA, o foco mudou para o discurso de terça-feira do chair do Fed, Jerome Powell, perante o Comitê Bancário do Senado, o Livro Bege do Fed (com divulgação na quarta-feira) e o relatório mensal de empregos, na sexta-feira.
O índice Dow Jones caiu 0,91% nesta segunda, a 29.639 pontos, enquanto o S&P 500 perdeu 0,33%, a 3.622 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq recuou 0,06%, a 12.199 pontos.
Em novembro, o S&P 500 ganhou 10,8%, o Dow subiu 11,9%, e o Nasdaq saltou 11,8%. É o maior ganho mensal desde abril para o S&P 500 e o Nasdaq.
Boletim Focus
Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o indicador oficial de preços em 2020. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 30, pelo Banco Central, mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 3,45% para 3,54%. Há um mês, estava em 3,02%.
Outras projeções:
- Produto Interno Bruto (PIB): a expectativa para a economia este ano passou de retração de 4,55% para queda de 4,50%;
- Selic (a taxa básica da economia): seguiu em 2,00% ao ano;
- Câmbio: a mediana das expectativas para o dólar no fim do ano foi de R$ 5,38 para R$ 5,36
Bolsas na Europa
As bolsas da Europa fecharam em queda de mais de 1% nesta segunda-feira, 30, em meio à nova escalada das tensões entre Estados Unidos e China. O anúncio da Moderna de que sua vacina para a covid-19 teve eficácia de 94,1% chegou a fornecer certo alívio aos mercados, mas o movimento não se sustentou, diante de um processo de realização de lucros no final de um novembro de fortes ganhos.
O índice Stoxx 600, que reúne as principais ações da região, encerrou em baixa de 0,98%, a 389,36 pontos. No mês, contudo, a referência saltou 11,93%.
“O tom do mercado continuará a ser determinado pelo equilíbrio desconfortável entre as esperanças de uma retomada da atividade a longo prazo, à medida que as vacinas são lançadas, e uma percepção a curto prazo quanto aos danos atualmente causados pelo vírus”, destacam analistas do banco holandês Rabobank.
A Moderna informou hoje que pedirá autorização para uso emergencial de sua vacina para a covid-19 nos EUA e na Europa, após os resultados finais de seus testes clínicos. A farmacêutica será a segunda a protocolar o pleito, seguida da Pfizer, em parceria com a BioNTech, cujo imunizador tem eficácia de 95%.
Também foi bem recebida por investidores a confirmação da ex-presidente do Fed Janet Yellen como secretária do Tesouro americano na gestão do democrata Joe Biden, que assume o poder em 20 de janeiro de 2021. A expectativa é a de que a economista tome liderança na defesa por uma nova rodada de estímulos fiscais.
Mesmo com o noticiário positivo, os mercados preservaram a cautela durante a sessão, na esteira de novas ações dos EUA à companhia China National Electronics Import and Export Corporation (CEIEC) por supostamente vender bens eletrônicos à Venezuela.
Com temores de acirramento nas tensões entre as duas maiores potências econômicas do globo, o índice FTSE 100, referência na Bolsa de Londres, cedeu 1,59%, a 6.266,19 pontos, na mínima do dia. Por lá, seguem repercutindo os desdobramentos das negociações por um acordo comercial pós-Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia que será oficializada em 1 de janeiro de 2021. Reportagem da agência Reuters descreveu o clima das discussões neste final de semana como “bastante difíceis”.
Em Frankfurt, o DAX recuou 0,33%, a 13.291,16 pontos, enquanto, em Paris, o CAC 40 perdeu 1,42%, a 5.518,55, no menor nível do dia. No mercado francês, o papel do BNP Paris baixou 1,96% e o do Credit Agricole se desvalorizou 1,93%.
Na Bolsa de Milão, o FTSE MIB assinalou queda de 1,30%, a 22.060,98 pontos e, em Paris, o PSI 20 cedeu 1,01%, a 4.604,72 pontos – ambos nas mínimas do dia. O Ibex 35, de Madri, caiu 1,39%, a 8.076,90 pontos.
*Com Estadão Conteúdo e Reuters