Finanças
Dólar bate novo recorde e fecha a R$ 5,83; bolsa cai 1,20%
Dólar disparou depois que o BC fez um corte mais agressivo na Selic ontem, de 0,75 ponto percentual, acima do que o mercado esperava.
O dólar voltou a disparar nesta quinta-feira (7), após atingir o recorde nominal de R$ 5,87 na máxima do dia. A moeda foi às alturas depois que o Banco Centralsurpreendeu com um corte de juros de 0,75 ponto percentual na véspera. Na Bolsa, o dia foi de queda, após subir mais cedo com o otimismo no exterior.
O principal índice da B3, o Ibovespa, caiu 1,20%, aos 78.118 pontos. Já o dólar comercial fechou o dia negociado a R$ 5,8399, em alta de 2,39%.
O Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ontem com corte 75 pontos-base da Selic, para 3%, e não 50 p.b, como era esperado. Ao justificar a decisão, o BC afirmou que, considera um “último ajuste” para a próxima reunião, “não maior do que o atual”, para fazer frente à pandemia do coronavírus, o que sinaliza que poderá haver um novo corte, de até 0,75%.
O trader Luis Felipe Laudísio dos Santos disse ao Estadão Conteúdo que o tom mais suave (“dovish”) do Copom levou o real a mais um dia de forte desvalorização. Para ele, a próxima parada do real frente ao dólar deve ser o nível psicológico dos R$ 6.
Essa perspectiva deve achatar o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos (o chamado “carry trade”), afastando o investidor estrangeiro do Brasil. No entanto, o dólar mais fraco ante outras moedas emergentes ajudou um pouco a segurar a alta frente o real.
A valorização externa de outras moedas emergentes veio após um inesperado avanço das exportações da China. Internamente, a PEC do “Orçamento de Guerra” foi promulgada, mas o projeto de auxílio a Estados e municípios na pandemia de Covid-19 foi aprovado pelo Senado com a desidratação da Câmara, o que preocupa do ponto de vista fiscal.
Destaques da Bolsa
A divulgação dos resultados do Banco do Brasil registrando queda de 20% no lucro líquido no primeiro trimestre do ano, para R$ 3,395 bilhões, fizeram os papéis do BB (BBAS3) caírem por volta de 2,7%, perto do horário do fechamento.
Ainda no setor bancário, as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) registraram queda de 3,6% e de 4,3%, respectivamente. Os dois maiores bancos privados do país demonstraram recentemente quedas acima de 40% no lucro líquido do primeiro trimestre de 2020, devido ao maior uso da reserva de provisão para devedores duvidosos.
Entre as maiores quedas no Ibovespa, aparecem a Totvs (TOTS3) e Localiza (RENT3), que caiam ao recor de 7,5% e 8,4%, respectivamente. Entre as maiores altas, ficaram empresas da área de papel e celulose Suzano (SUZB3), subindo em torno de 7,5% e Klabin (KLBN3), com alta perto de 10%.
Bolsas asiáticas
As bolsas da Europa fecharam em território positivo, em meio ao otimismo pela recuperação da economia global, renovado com aumento inesperado das exportações na China. Os ganhos, no entanto, foram contidos pela divulgação de balanços corporativos negativos e os desdobramentos da pandemia de coronavírus. O índice Stoxx 600 encerrou em alta de 1,09%, a 337,98 pontos.
As bolsas da Ásia e do Pacífico fecharam majoritariamente em baixa nesta quinta-feira, influenciadas por tensões entre EUA e China e apesar do desempenho melhor do que o esperado da balança comercial chinesa no último mês.
China x EUA
Ontem, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que a China “pode ou não” manter o acordo comercial bilateral firmado no começo do ano entre as potências. Segundo Trump, só será possível saber se os chineses estão ou não cumprindo suas obrigações na fase 1 do pacto comercial “em cerca de uma semana ou duas”.
Desde a semana passada, EUA e China vêm protagonizando uma polêmica sobre a origem da pandemia de coronavírus. Para autoridades de Washington, o surto teria começado devido a uma “falha” em um laboratório de Wuhan, cidade chinesa onde os primeiros casos da doença foram registrados. Recentemente, Trump ameaçou voltar a impor tarifas a produtos chineses.
O mau humor predominou mesmo após os últimos números da balança comercial da China, que superaram as expectativas. Na comparação anual de abril, as exportações chinesas tiveram uma inesperada alta de 3,5%, enquanto as importações diminuíram 14,2%. Analistas previam queda de 18,8% nas exportações e recuo mais acentuado nas importações, de 15,8%.
Já o índice de preços de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços chinês subiu de 43 em março para 44,4 em abril, segundo pesquisa da IHS Markit com a Caixin Media, mas permaneceu abaixo da marca de 50 que indica contração da atividade.
*Com Estadão Conteúdo