Finanças

Bolsa fecha em queda, de olho no cenário interno; dólar recua com posse de Biden

Preocupações sobre vacinas e contas públicas pesam sobre a bolsa, enquanto o cenário externo é positivo para o câmbio.

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A bolsa de valores brasileira fechou em queda nesta quarta-feira (20), com o cenário interno pesando sobre o humor dos investidores. Já o dólar caiu, acompanhando a tendência positiva no exterior em meio à transição de governo nos Estados Unidos, com a posse do novo presidente, Joe Biden.

O principal índice da B3, o Ibovespa, caiu 0,82%, aos 119.646 pontos. A variação acumulada pelo Ibovespa no ano caiu para 0,53%. Já o dólar comercial terminou o dia em R$ 5,3118, caindo 0,63%. Em 2021, porém, a moeda já subiu 2,37% sobre o real.

Após um começo de ano mais positivo, com o Ibovespa renovando recorde histórico e superando os 125 mil pontos, o tom negativo tem prevalecido, com cinco de oito pregões fechando em baixa desde a máxima registrada no último dia 8.

“‘Um dia não faz uma tendência’, mas essa dinâmica negativa pode virar uma tendência na ausência de uma atuação efetiva, concreta e agressiva para colocar o país de volta aos trilhos”, disse à Reuters o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos.

Entre os fatores internos a puxaram a bolsa para baixo neste pregão está a incerteza em relação ao avanço das vacinas no Brasil – e a possibilidade de que, com isso, sejam necessárias mais medidas de estímulo à economia, agravando as preocupações sobre as contas públicas.

Na terça-feira (19), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) adiou para março a entrega das primeiras doses da vacina da AstraZeneca a serem produzidas no Brasil por causa do atraso na chegada do insumo farmacêutico ativo (IFA) da China.

O mercado também tem monitorado com atenção a campanha por eleição na Câmara e no Senado para calcular riscos de nova pressão por mais gastos, que também podem vir do próprio governo.

Além disso, investidores estavam no aguardo da sinalização do Banco Central sobre os rumos da Selic, a taxa básica de juros da economia, com parte do mercado contando que o BC retirará do comunicado a promessa de manter os juros caso certos critérios sejam respeitados.

O entendimento seria o primeiro passo para se vislumbrar alta da Selic, o que poderia alimentar algum movimento de queda do dólar. Isso porque, segundo analistas, um dos motivos para a pressão sobre o real é o juro em patamar muito baixo, que deixa a moeda mais vulnerável a operações de hedge ou de financiamento para apostas em outras divisas.

Na terça-feira (19), o Ibovespa fechou em queda de 0,5%, aos 120.636 pontos, com as ações de siderúrgicas entre as maiores quedas do dia. O dólar encerrou em R$ 5,3456, subindo 0,77%.

Posse de Biden e queda do dólar

Joe Biden toma posse como novo presidente dos EUA 20/01/2020 REUTERS/Kevin Lamarque

Nesta quarta, o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tomou posse do cargo. Segundo o Bradesco, a expectativa de investidores é que Biden apresente ao Congresso, ainda nos primeiros dias de governo, sua proposta para um pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, num momento em que a economia norte-americana dá sinais de perda de vigor.

Mais estímulos nos EUA significam mais liquidez que pode migrar para mercados de maior risco, como o Brasil, estimulando entrada de dólares e potencialmente baixando o preço da moeda.

Conforme pesquisa do Bank of America, o real é a maior aposta entre as moedas da América Latina que terão desempenho superior nos próximos seis meses. Ainda de acordo com a sondagem, a deterioração fiscal é o principal risco citado em relação ao Brasil, concentrando 72% das respostas.

Destaques da bolsa

Perto do fechamento, as ações de varejistas estavam entre os principais ganhos do dia.

B2W (BTOW3) saltou 8,53%, liderando as altas entre as ações de ecommerce, com MAGAZINE LUIZA (MGLU3) avançando 5,56% e VIA VAREJO (VVAR3) subindo 1,75%. “Além do forte fluxo estrangeiro que continua a entrar, há uma busca por setores considerados atrasados e o varejo pouco se movimentou desde novembro”, comenta o analista José Falcão, da Easynvest.

Na outra ponta, Embraer (EMBR3) perdeu 3,27%, tendo de pano de fundo corte na recomendação para “underperform” pelo Bradesco BBI, citando desafios estruturais e de curto prazo.

O dia também foi negativo para as ações de Petrobras (PETR4), que caiu 1,67%, e Vale (VALE3), que perdeu 1,85%. Por terem forte relevância na composição do Ibovespa, esses papéis ajudaram a puxar índice para baixo neste pregão.

Bolsas globais

Os mercados acionários dos Estados Unidos encerraram em máximas recordes nesta quarta, com Joe Biden empossado como 46º presidente, enquanto o sólido balanço da Netflix alavancou as ações da empresa.

  • O Dow Jones subiu 0,83%, a 31.188,38 pontos.
  • O S&P 500 ganhou 1,39%, a 3.851,85 pontos.
  • O Nasdaq saltou 1,97%, a 13.457,25 pontos.

Na Europa, o mercado acionário avançou depois que a fornecedora de fabricantes de chips ASML e o grupo suíço de luxo Richemont divulgaram dados encorajadores, enquanto os investidores apostaram em um grande pacote de alívio fiscal nos EUA com Joe Biden assumindo a Presidência. O índice pan-europeu STOXX 600 encerrou em alta de 0,7%.

  • Em FRANKFURT, o índice DAX subiu 0,77%, a 13.921 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,53%, a 5.628 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,93%, a 22.650 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou alta de 0,06%, a 8.204 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,15%, a 5.069 pontos.

O mercado acionário da China fechou em alta nesta quarta-feira, enquanto o banco central manteve a liquidez abundante para sustentar a recuperação econômica. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, subiu 0,72%.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei recuou 0,38%, a 28.523 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 1,08%, a 29.962 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,47%, a 3.583 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,72%, a 5.476 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve valorização de 0,71%, a 3.114 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou baixa de 0,45%, a 15.806 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,10%, a 2.998 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,41%, a 6.770 pontos.

*Com informações da Reuters

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