Finanças

Bolsa acelera e volta a fechar acima dos 100 mil pontos; dólar vai a R$ 5,34

Declaração de Maia sobre a reforma tributária e balanços de bancos nos EUA injetaram ânimo nos investidores.

Publicado

em

Tempo médio de leitura: 5 min

Após vacilar ao longo do dia, o principal índice da bolsa brasileira acelerou os ganhos e voltou a fechar acima dos 100 mil pontos nesta terça-feira (14), ignorando a cautela com o avanço da pandemia. O foco ficou na retomada do debate sobre a reforma tributária e nos resultados acima das expectativas dos bancos americanos no segundo trimestre, além da divulgação da “prévia do PIB” de maio.

O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 1,77%, aos 100.440 pontos. Já o dólar comercial era negociado a R$ 5,3484, em queda de 0,73%.

Na véspera, as novas contaminações que fizeram estados americanos reverem a abertura das economias derrubou as bolsas. No final do pregão a queda foi 1,33%, fechando aos 98.697 pontos. O dólar comercial reagiu em alta e fechou valorizando 1,21%, cotado a R$ 5,388.

Destaques da Bolsa

Além do clima favorável nos EUA, dados informados nesta terça-feira na China, um dos principais parceiros do Brasil, reforçaram a retomada econômica do gigante chinês, impulsionando os papéis da Vale e Petrobras. Ambas ajudaram a sustentar os ganhos do índices, dado o seu forte peso na composição do Ibovespa.

As ações da Vale (VALE3) dispararam 7,03%, beneficiadas pelo avanço do minério de ferro no mercado internacional, com a demanda crescente da china pela commodity. Já as ações da Petrobras subiram 3,46% nas ordinárias (PETR3) e 3,34% nas preferenciais (PETR4). A alta da estatal refletiu mais o otimismo do mercado com a economia do que a cotação do petróleo, que apresentou leve variação, à espera de uma definição sobre cortes na produção da Opep+, marcada para esta quarta-feira (15).

Em seu segundo dia de negociação na B3, a empresa de gestão ambiental Ambipar (AMBP3) teve mais um dia de fortes ganhos após a escalada em seu IPO. A ação disparou 7,51% nesta sessão, negociada em R$ 31,50, acumulando valorização de 27% de seus papéis em apenas dois pregões.

‘Prévia do PIB’ e reforma

O índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de maio veio pior que o esperado. O indicador subiu 1,31% no quinto mês, ficando aquém do piso de 1,9% das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast, do sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, cujo teto era de 7,2%, com mediana de 4,4%. Na comparação com maio de 2019, caiu 14,24%, o que veio mais intenso que a mediana de recuo de 12,2% (intervalo de -16,3% a -9,8%).

Em desdobramento positivo na política, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse hoje que o debate sobre a reforma tributária será retomado amanhã na casa. Ele também voltou a defender a prorrogação da desoneração da folha por um ano, que foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro e pode ser restabelecida pelo Congresso.

A declaração sobre a volta à pauta da reforma tributária é o que investidores queriam ouvir. “Reformas estruturais são o único caminho para o Brasil pós-pandemia” avalia a consultoria internacional TS Lombard, destacando que a volta das discussões sobre a reforma no Congresso deve também fazer com que o ministério da Economia priorize o tema. O fato de Jair Bolsonaro ter conseguido construir uma coalização entre deputados, via aliança com partidos do Centrão, deve contribuir para o avanço da agenda.

Cenário externo

Ontem, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que vários países “estão indo na direção errada” na pandemia da covid-19 e disse que as Américas continuam a ser o epicentro global da doença. EUA e Brasil lideram o ranking global de casos e mortes por coronavírus.

A situação é mais preocupante nos EUA. Lá, a Califórnia anunciou que vai fechar operações internas em estabelecimentos como bares e restaurantes, diante do aumento de novos casos de coronavírus. Já a Flórida acumula quase 280 mil casos da doença.

Tensões entre EUA e China também estão no radar. Em comunicado divulgado ontem, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que a reivindicação do governo chinês pelo controle de recursos offshore em boa parte do Mar do Sul da China (também chamado de Mar da China Meridional) é “completamente ilegal”.

Além disso, o governo Trump planeja em breve anular um acordo de 2013 entre autoridades de auditoria de Washington e Pequim, segundo fonte do Departamento de Estado ouvida pela “Reuters”, numa medida que poderá levar a uma repressão mais ampla a empresas chinesas listadas em bolsas nos EUA.

Neste cenário desfavorável, o bom desempenho das exportações e importações da China, que contrariaram as expectativas e subiram na comparação anual de junho, foi ignorado hoje por investidores.

*Com Estadão Conteúdo

Mais Vistos