Afinal, o que é um IPO? Se você acompanha notícias sobre o mercado financeiro e finanças pessoais, provavelmente já se deparou com esta sigla de três letrinhas.
O IPO é o processo que marca a entrada de uma empresa na bolsa de valores, e esse tipo de operação tem estado em alta nos últimos tempos, mas é importante saber o que é e quais as etapas desse processo.
Neste guia do InvestNews, você vai tirar as suas dúvidas e entender como avaliar melhor se vale a pena ou não investir nesta modalidade.
O que é IPO de uma empresa?
IPO, sigla do inglês para “Initial Public Offering” (ou oferta pública inicial em português), é o processo que marca a abertura de capital de uma empresa, ou seja, sua entrada na bolsa de valores. É quando a companhia realiza sua primeira oferta de ações neste mercado.
Portanto, este é o nome dado ao processo de lançamento das ações de determinada companhia no mercado de valores mobiliários, com o objetivo de captar recursos (oferta primária) ou vender participações de sócios (oferta secundária).
A partir daí, a empresa passa a ter novos sócios, oficializando sua constituição como uma sociedade anônima, ou seja, a participação dos acionistas passa a ser definida pelo número de ações que eles possuem na companhia.
Por que empresas fazem IPOs? Veja 3 motivos
Existe mais de um motivo para a abertura de capital de uma empresa. Alguns deles são: liquidez, acesso a capital ou impulso na imagem da companhia.
1 – Liquidez
Iniciar uma oferta pública de ações pode representar uma forma de proporcionar aos sócios da empresa uma oportunidade de repassar suas ações a outros investidores, recebendo dinheiro por elas.
2 – Acesso a capital
O IPO é uma maneira de captar recursos, oferecendo uma participação na companhia em troca de capital. Esse capital pode ser utilizado para o crescimento da empresa, investimento em infraestrutura ou até mesmo em aquisições de outras companhias, quando a oferta é primária.
3 – Imagem
O processo para a abertura de capital exige a execução de uma série de requisitos, que levam a empresa a ser mais transparente com relação às suas operações. Isso torna a empresa mais visível aos olhos do público e da mídia, dando mais credibilidade a ela.
Tipos de IPO
Oferta Primária
Neste tipo de oferta, novas ações são emitidas pela companhia para circularem no mercado. A própria empresa emite e vende suas ações e o capital obtido com esta oferta retorna para sei caixa, podendo ser utilizado para investir em sua expansão.
Oferta Secundária
Na oferta secundária, quem vende as ações são os empreendedores ou os sócios da empresa. Ou seja, a oferta é de ações já existentes. Isso significa que os recursos captados não serão destinados à empresa, mas aos acionistas/cotistas como retorno pela venda de suas ações da companhia.
Vantagens do IPO para a empresa
O momento que marca a oferta pública inicial de uma empresa é extremamente importante, pois demonstra uma maturidade do negócio e pode criar oportunidades de crescimento.
Uma das vantagens da oferta inicial é o lucro obtido pelos proprietários das ações da companhia. Muitos deles aproveitam a ocasião para vender uma grande quantidade destas ações, no momento em que tornam-se públicas, e receber retorno financeiro em troca.
Outro ponto positivo é o acesso ao recurso destes novos acionistas. Muitas corporações aproveitam esta oportunidade para investir em crescimento e expansão do negócio com filiais, novos produtos, aquisições, entre outras atividades.
A visibilidade que a empresa adquire ao abrir seu capital também pode ser considerada positiva, pois, além de atrair novos investidores e conferir aparência de mais autoridade, pode abrir um leque de novas opções de negócios com outras empresas.
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Desvantagens para a empresa
A abertura de capital, apesar de possuir seus pontos positivos, pode gerar alguns contratempos. O processo para a oferta inicial é caro e burocrático. É necessário cumprir uma série de exigências, e por isso, a empresa precisa de ajuda externa.
A partir do momento em que uma empresa oferta suas ações e passa a ter novos sócios, os proprietários podem perder sua liberdade e o controle do negócio.
Requisitos para IPO
Para iniciar o processo de IPO, é necessário seguir algumas recomendações da B3. Para isso, a empresa precisa:
- Ser constituída como Sociedade Anônima
- Ter 3 anos de demonstrações financeiras auditadas por um auditor com registro na CVM (ou todos os registros desde o início, no caso de empresas com menos de 3 anos)
- Designar um diretor de Relacionamento com investidores estatuário
- Possuir um conselho de administração
- Identificar o segmento de listagem e de admissão para a negociação na B3
IPO em 8 passos
- Protocolo do pedido de registro da operação na CVM
O primeiro procedimento para a empresa abrir capital é entrar com o pedido de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que é o órgão regulador e fiscalizador do mercado de capitais brasileiro.
A empresa deve solicitar também o pedido de listagem na bolsa. É por meio deste pedido que ela vai ser autorizada pela bolsa a usar o ambiente de negociação, além disso receberá o código para negociação de ações, chamado de ticker.
2. Formação do consórcio de instituições que vão coordenar e distribuir a operação
As ofertas públicas são intermediadas por instituições financeiras, como bancos de investimento, corretoras ou distribuidoras. Essas instituições poderão se organizar em consórcios para distribuir os valores mobiliários no mercado, sempre com a organização de uma instituição líder. Para participar de uma oferta pública, o investidor precisa ser cadastrado em uma dessas instituições.
3. Elaboração de conteúdo da oferta, incluindo lote e forma de precificação
A empresa que irá ofertar ações no mercado, em conjunto com a instituição líder, é obrigada a elaborar e colocar à disposição do público investidor o prospecto da oferta, que deverá ser distribuída ao mercado. Primeiramente é divulgado um material preliminar e depois um definitivo. O documento disponibiliza informações essenciais para que o investidor entenda a proposta da companhia e tome sua decisão de investimento.
Além da quantidade de ações que serão distribuídas ao mercado; devem constar perspectivas e planos da companhia; situação do mercado em que ela atua; os riscos do negócio e o quadro administrativo da empresa. Uma seção muito importante do prospecto e que deve ser analisada com muita atenção pelos investidores é a que trata sobre os “fatores de risco”. Nesta seção são informados os riscos relacionados ao valor mobiliário ofertado; ao ambiente econômico de uma forma geral e à própria oferta em questão.
4 – Coleta, junto aos investidores, de intenções e reserva (quantidade e preço máximo)
Os valores mobiliários oferecidos em uma oferta primária ou secundária têm seus preços estabelecidos de forma fixa ou, como acontece na maioria dos casos brasileiros, resultam de um processo chamado bookbuilding. A formação de preço pelo mecanismo de bookbuilding considera a demanda apresentada pelos investidores (quantidade que cada um deseja comprar) e o preço máximo por ativo que cada um está disposto a pagar.
O bookbuilding é, portanto, o processo através do qual o preço de lançamento de uma oferta pública é determinado, levando em consideração a demanda dos investidores institucionais. Este procedimento permite que o emissor tenha uma percepção antecipada da receptividade da oferta pelo mercado, fixando, assim, um preço adequado para os valores mobiliários ofertados.
6- Recebimento de reservas (quando contemplado no prospecto e no anúncio de início de distribuição)
Se depois de ler o prospecto o investidor decidir comprar as ações de uma companhia, ele precisa fazer uma reserva. É no período de reserva, que tem prazo definido pela companhia, que os investidores avisam suas corretoras quantas ações desejam comprar ou quanto dinheiro pretendem investir. Normalmente, quando a oferta é divulgada já existe um intervalo de preço indicativo, que baseará o preço final. No momento em que vários investidores fazem a reserva, o preço se forma de acordo com a lei da oferta e da procura.
7 – Resultado da oferta, incluindo o preço final da ação
Encerrado o período de reserva, é definido o preço da ação, que é divulgado em prospecto definitivo, e caso a procura seja maior do que a oferta acontece um rateio. Ou seja, se mais gente quiser comprar ações daquela companhia do que a quantidade oferecida ao mercado, é necessário dividir as ações disponíveis entre os investidores interessados e os investidores recebem menos ações que eles queriam inicialmente comprar. É quando ocorre o IPO efetivamente.
8 – Início da negociação dos papéis na bolsa
Após esse processo de distribuição dos papéis aos investidores que participam da oferta é que os papéis passam a ser negociados na B3, ampliando o leque de participação de investidores.
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Como o investidor pode participar de um IPO
- Acesse a conta da corretora; é preciso que ela esteja participando do processo de IPO;
- Em geral, as ofertas públicas das empresas ficam disponíveis na sessão de investimentos dos aplicativos e sites das instituições financeiras;
- É fundamental que o investidor leia o prospecto preliminar da companhia para então fazer a reserva de papéis;
- O investidor deverá informar o volume financeiro de ações que deseja comprar, de acordo com a faixa de preço estabelecida após análise de mercado feita em conjunto com a empresa e os coordenadores financeiros da oferta (nessa fase ainda não foi definido o preço final da ação);
- Muitos IPOs fornecem a opção de aceitar o lockup ou não. O lockup é o período de tempo pré-definido o qual o investidor não poderá se desfazer de suas ações;
- O investidor deve pagar uma parte do valor das ações para garantir sua participação;
- A precificação final das ações é estabelecida de acordo com a demanda e o preço que os investidores estão dispostos a pagar;
- O valor definido nesta etapa é o que será pago por quem reservou os papéis. É a partir daí que se concretiza o IPO;
- Depois de realizada a oferta, é iniciada a negociação das ações na B3. Mesmo que a oferta tenha sido destinada a investidores profissionais, nesta fase qualquer investidor poderá negociar os papéis da empresa na bolsa de valores;
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