China restringe promoção de stablecoins para acalmar frenesi

Medida visa controlar as stablecoins para evitar instabilidade

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A China instruiu corretoras locais e outros órgãos a interromperem a publicação de pesquisas ou a realização de seminários para a promoção das stablecoins. A medida busca controlar a moeda digital para evitar instabilidade.

Algumas corretoras e think tanks líderes receberam o guidance de reguladores financeiros no final de julho e no início deste mês. Os reguladores solicitam que cancelem seminários e interrompam a disseminação de pesquisas sobre as stablecoins, disseram fontes familiarizadas com o assunto.

Os reguladores também estão preocupados que as stablecoins possam ser exploradas como uma nova ferramenta para atividades fraudulentas na China continental, afirmaram as fontes, que pediram anonimato porque os detalhes são privados.

Embora a China tenha uma proibição total de transações relacionadas a criptomoedas, comentários oficiais recentes alimentaram especulações de que o país mostrava abertura para o setor. As autoridades também aprovaram Hong Kong como o centro de ativos digitais, e a cidade lançou neste mês uma nova legislação para emissores de stablecoins, o que provocou um aumento no interesse de empresas da China continental.

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China e o Banco Popular da China não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

“As autoridades chinesas não dão muita importância a alguns tópicos apenas para evitar uma corrida em massa para qualquer ativo”, disse Christopher Wong, estrategista cambial no Oversea-Chinese Banking, com base em Singapura. “Ainda existe a preocupação de que nem todo mundo saiba o suficiente sobre criptomoedas e que as autoridades, sendo pragmáticas, não querem uma mentalidade de rebanho” quando os investidores compram algo sem saber dos riscos, acrescentou Wong.

Apesar da proibição de criptomoedas na China, houve um rápido movimento de negociação de ativos digitais no mercado de balcão no país. A negociação atingiu US$ 75 bilhões nos primeiros nove meses de 2024, de acordo com estimativas da Chainalysis, como evidência de uma grande presença de meios para tais transações.

Stablecoins alertam autoridades

As atividades ilícitas de angariação de fundos ligadas a moedas virtuais e stablecoins também floresceram em meio ao entusiasmo, o que levou a alertas das autoridades locais da China, inclusive em Pequim, Suzhou e na província de Zhejiang, no mês passado.

Stablecoins, normalmente lastreadas em moedas e emitidas por empresas privadas, ganharam força como uma opção mais rápida e barata para pagamentos internacionais. A maioria é atrelada ao dólar e lastreada em ativos dos EUA, como os Treasuries de curto prazo, com a oferta total mundial projetada para atingir até US$ 3,7 trilhões até 2030.

Os reguladores intensificaram a intervenção depois que comentários oficiais recentes estimularam especulações de que o país se aproxima da ideia de criptomoedas lastreadas no yuan, à medida que busca desafiar o domínio do dólar americano nas finanças globais e promover o uso da moeda chinesa.

Em junho, o presidente do Banco Popular da China, Pan Gongsheng, disse que as stablecoins poderiam revolucionar as finanças internacionais, especialmente porque as crescentes tensões geopolíticas destacam a fragilidade dos sistemas de pagamento tradicionais.

Hong Kong, amplamente visto como uma área restrita de regulamentação para a China, é um dos vários mercados na região da Ásia-Pacífico que avançou com um regime de licenciamento próprio nos últimos meses.

Hong Kong já havia concedido licenças para 11 corretoras de criptomoedas, além de 44 empresas com permissão para negociar ativos digitais para clientes. Entre elas, estão empresas estatais chinesas, como a CMB International Securities, a Guotai Junan Securities (Hong Kong) e a TFI Securities and Futures.

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