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Com inflação alta, o que vale mais a pena: comer fora ou em casa?

Neste Cafeína, Samy Dana e Dony De Nuccio analisam o preço médio cobrado em uma refeição versus o salário mínimo.

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O brasileiro perdeu o poder de compra em 10,4% em 2021. E levando em consideração os preços cobrados nas refeições feitas fora de casa, as realizadas em domicílio tiveram uma alta até maior. Isso porque café moído, frutas, carnes e legumes tiveram os preços bem salgados.

Já quando analisado o valor cobrado pela cesta básica, ele aumentou nas 17 capitais onde o Dieese faz a pesquisa mensal Nacional de Cesta Básica de Alimentos. Com base na cesta mais cara, que, em dezembro, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas essenciais de um trabalhador e da sua família, o Dieese estima que o salário mínimo necessário pra isso seria de R$ 5.800.  Mas com o atual valor pago (de R$ 1.212), o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 119 horas e 53 minutos. O que são quase cinco horas a mais do que o tempo necessário um ano antes. 

Mas quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em 2021, 59,5% do rendimento. Porém, quando comparamos com anos anteriores, entre 1.973 até 2005, era necessário muito mais do que este percentual do salário mínimo pra comprar uma cesta básica.

Atualmente, um trabalhador que receba um salário mínimo ganha R$ 6,80 pela hora trabalhada. O equivalente a R$ 54 por dia. Mas este é o valor bruto sem considerar os descontos na folha de pagamento. No Brasil, a média para comer fora é de R$ 34,62, segundo pesquisa do preço médio da refeição da ABBT, a Associação Brasileira de Benefícios ao Trabalhador. E para um trabalhador que não recebe um vale-alimentação ou subsídio da empresa, o almoço pode considerar parte significativa da renda. Quem ganha até um salário mínimo, teria comprometido 64% do salário para realizar uma refeição completa de segunda a sexta-feira considerando um mês com 22 dias úteis. Na mesma comparação, quem ganha até cinco salários mínimos comprometeria 12% da sua renda, e até dez salários mínimos, 6%.

Agora comparando com o preço cobrado pela cesta básica, de R$ 690 na capital paulista, quem ganha até um salário mínimo teria comprometido com ela 57% do salário para cozinhar em casa. No caso de quem ganha até cinco salários mínimos, comprometeria 11%. E para dez salários mínimos, 5,7%.  Isso se usar apenas os ingredientes que estejam na cesta.

Só que esse valor médio cobrado em uma cesta básica abastece não apenas uma pessoa, mas uma família de até quatro pessoas. Diferente do cálculo feito para a refeição fora de casa, que considera apenas uma refeição por pessoa. Então se analisar por essa metodologia, acaba sendo muito mais barato o cozinhar em casa. Mas isso se essa cesta não for complementada.

Neste Cafeína, Samy Dana e Dony De Nuccio analisam o que vale mais a pena: comer fora ou fazer a própria refeição em casa?

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