Finanças

Crescem as expectativas de baixa do mercado em Wall Street

JPMorgan diz que o mercado acionário nos EUA está sobrevalorizado e corre o risco de novas perdas.

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O mercado acionário nos EUA está sobrevalorizado e corre o risco de novas perdas, pois a divergência em relação aos títulos ainda não foi reduzida, dizem estrategistas do JPMorgan Chase. Enquanto isso, segundo estrategistas do Citigroup, cresce o pessimismo em relação às bolsas nos EUA.

No pregão desta terça-feira (28), os principais índices de Wall Street caminhavam para fechar fevereiro em queda após um forte desempenho no início do ano, com sinais de uma economia norte-americana forte e inflação elevada elevando temores de que o Federal Reserve (Fed) manterá sua política monetária restritiva (juros altos) por mais tempo.

Operadores começaram a precificar a possibilidade de um aumento mais intenso dos juros, de 0,5 ponto percentual, em março, embora as chances permaneçam baixas, em cerca de 23%. Os futuros do juro básico do Fed também sugerem que as taxas chegarão a 5,41% em setembro, acima dos cerca de 4,57% de agora.

Avaliaçãodo JPMorgan

A queda moderada das bolsas americanas nas últimas semanas não reflete o forte aumento nas taxas desde a última reunião do Fed, de acordo com a equipe liderada por Marko Kolanovic. Para o nível atual de taxas reais, dados históricos mostram que o índice S&P 500 está 2,5 vezes mais caro, escreveu.

“Os mercados de risco estão desalinhados com a política e o ciclo”, escreveu Kolanovic em nota na segunda-feira. Para ele, juros mais altos por mais tempo levam a efeitos como destruição da demanda, margens menores e baixas contábeis de ativos.

Enquanto os comentários de aperto monetário do Fed e dados que sinalizam inflação elevada levaram traders de renda fixa a precificar uma política monetária muito mais restritiva do que o esperado anteriormente, o mercado acionário teve uma reação mais silenciosa, ampliando a divergência entre as classes de ativos. O índice S&P 500 ainda mostra ganho de 4% no ano, mesmo após três semanas de perdas, enquanto os rendimentos dos Treasuries se aproximam da marca de 4%.

Kolanovic, que esteve entre os otimistas de Wall Street durante a maior parte da onda vendedora no ano passado, mudou de opinião. O estrategista reduziu sua alocação em ações em meados de dezembro, quando citou um cenário econômico fraco este ano. Ele alertou no início de fevereiro que o rali das bolsas após a última reunião do Fed era uma armadilha de mercado baixista. O S&P 500 já caiu 4,7% desde a máxima em 2 de fevereiro.

Agora, Kolanovic também observa a complacência do mercado em relação à geopolítica, um risco que ele vê novamente em alta no curto prazo, além de implicações para o mercado de energia, dado o potencial para uma nova ofensiva russa na guerra com a Ucrânia e o aumento das tensões com a China.

O risco-retorno para ações permanece fraco em nossa opinião, reforçando nossa posição ‘underweight’ em renda variável”, escreveu Kolanovic.

Perspectiva do Citi

Em uma virada para um humor “acentuadamente mais negativo” na semana passada, operadores acrescentaram quase US$ 3 bilhões em novas posições vendidas em S&P 500 e fizeram resgates líquidos de US$ 5,1 bilhões de fundos negociados em bolsa, disse a equipe do banco liderada por Chris Montagu. Na Europa, as apostas baixistas no Euro Stoxx 50 triplicaram, embora partindo de uma base menor, disseram.

O posicionamento geral permanece “moderadamente” positivo, sugerindo que há potencial para que as apostas de baixa aumentem, escreveram os estrategistas. Mas isso também pode indicar que os investidores “não estão convencidos” sobre a recente tendência de queda, disseram.

“O posicionamento líquido atual é positivo, mas essa posição comprada líquida diminuiu — isso sugere que o humor e a convicção estão começando a mudar”, disse Montagu em resposta a perguntas. “Pelo nosso modelo, não dá para dizer se este é o início de uma nova tendência ou algo pontual.”

Outras análises

Operadores negociam na Bolsa de Valores de Nova York 27/01/2023 REUTERS/Andrew Kelly

Outros estrategistas de mercado, como Michael Wilson do Morgan Stanley, também alertaram que as ações enfrentarão pressão em março, com lucros fracos e múltiplos de preço altos.

Max Kettner do HSBC, por outro lado, disse que vê uma chance maior de recuperação em meio a um crescimento econômico resiliente e expectativas de juros mais altos já precificadas. Mesmo assim, ele recomenda se precaver, escolhendo ações com múltiplos baixos, em setores defensivos não sensíveis a juros. 

(* com informações da Bloomberg e da Reuters)

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