Finanças
Depois do pânico, bolsa de Tóquio dispara. Mas isso não significa que o mercado se acalmou
Nesta terça-feira (6), os dois principais índices de ações do Japão saltaram mais de 9%, o maior ganho desde outubro de 2008
Uma recuperação na terça-feira depois de um início de semana catastrófico para os mercados já se tornou um padrão que se repetiu muitas vezes. A má notícia é que isso não garante que a derrocada tenha atingido o fundo do poço.
O comportamento do investidor durante uma forte tendência de queda costuma começar com nervosismo na quinta-feira, corrida para se proteger na sexta e venda generalizada na segunda, de acordo com Brent Donnelly, operador veterano do mercado americano e presidente da empresa de análise Spectra Markets. Nas terça-feiras, o impulso descendente costuma estar pronto para uma ligeira reversão, acrescentou.
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Os números históricos apoiam a tese. O padrão já se repetiu 582 vezes desde 1928, com quedas consecutivas entre a quinta-feira e a segunda, e uma recuperação média de 0,2% na terça, segundo dados compilados pelo estrategista macro Cameron Crise, da Bloomberg.
Quando as perdas intradiárias ultrapassam 1% em cada uma das três sessões anteriores — como aconteceu desta vez — o ganho médio da terça sobe para 0,63%.
O terreno foi preparado para uma “clássica virada da terça-feira”, disse Donnelly em nota publicada na segunda. “Está tudo tão dramaticamente sobrevendido.”
Na segunda (5), os dois principais indicadores da bolsa de Tóquio despencaram mais de 12%, e o selloff se espalhou pelos mercados globais. O índice S&P 500 afundou 3%, a maior queda diária desde setembro de 2022. O índice de volatilidade implícita VIX, conhecido como “indicador do medo”, chegou a registrar um salto recorde.
Nesta terça-feira (6), os dois principais índices de ações do Japão saltaram mais de 9%, o maior ganho desde outubro de 2008.
Mas isso dificilmente será suficiente para apagar o crescente mal-estar generalizado nos mercados financeiros. Investidores que compram e vendem com base em dados quantitativos, como a volatilidade, desfizeram US$ 130 bilhões de apostas em ações nas últimas semanas, e esse processo pode acelerar nos próximos dias e semanas.
Os investidores que pretendem aproveitar pechinchas devem estar cientes de que esta pode ser apenas uma oportunidade de curto prazo.
“Não espero uma recuperação duradoura”, disse Nick Ferres, diretor de investimentos da Vantage Point Asset Management, em Singapura. “É provável que haja volatilidade até outubro ou novembro.”
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Ferres disse que a Vantage Point comprou ações japonesas na segunda quando os preços afundaram, mas acrescentou que “isso é algo mais tático para nós”.
Ele disse que o movimento de venda foi “impulsivo, rápido e emocional” e que se arrependeu de não ter comprado mais.
“A magnitude da venda foi tão grande — a correção ao longo de três dias foi aproximadamente equivalente ao que vimos na quebra do mercado de ações de 1987”, disse Ferres. “Em retrospecto, deveríamos ter comprado um pouco mais.”
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