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Dólar atinge R$ 4,37 e Bolsa sobe nesta quarta-feira

Moeda ganhava força frente ao real, mas desvalorizava em outros mercados emergentes.

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O dólar chegou ao patamar de R$ 4,37 nesta quarta-feira (19), na contramão da queda predominante frente a outras moedas emergentes. Especialistas citam uma série de fatores que estão levando o real para baixo, entre eles a queda dos juros no Brasil e a baixa entrada de dinheiro estrangeiro no país.

Por volta de 16h, a moeda norte-americana avançava 0,27%, negociada a R$ 4,370. Na máxima do dia, chegou a R$ 4,3756. Já o Ibovespa operava em alta de 0,99%, perto do mesmo horário, aos 116.098 pontos.

Destaques da Bolsa

Na B3, as maiores altas estavam nos setores de engenharia elétrica, energia e resseguros. Por volta das 16h, a WEG (WEGE3) negociava ações em R$ 47,91, em alta de 7,17%, após a divulgação dos resultados do 4º trimestre de 2019. O balanço aponta crescimento de 20,9% do lucro em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já a resseguradora IRB Brasil (IRBR3) negociava suas ações a R$ 37,25, tendo alta de 2,62%. A empresa também divulgou recentemente seu balanço do 4º trimestre de 2019, apontando na consolidação anual, uma expansão de 44,7% nos lucros líquidos comparados a 2018.

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A Telefônica Brasil, dona da marca Vivo (VIVT4), apresentou lucro líquido recorrente contábil de R$ 1,396 bilhão no quarto trimestre de 2019, queda de 9,9% na comparação com o mesmo período de 2018. Os papéis da Telefonica Brasil subiam 0,81%.

Já a Gerdau (GGBR4) registrou lucro líquido de R$ 102 milhões no período, queda de 73% sobre igual trimestre de 2018, porém aprovou pagamento de dividendos. As ações cediam 3,85% mais cedo.

A alta das bolsas externas amparava o Ibovespa, diante de notícias de desaceleração nos novos casos de coronavírus na China, onde a epidemia teve início. Apesar disso, as preocupações quanto aos impactos do vírus sobre a economia mundial e a brasileira seguem se renovando.

Em estudo, a LCA Consultores, por exemplo, afirma que cerca de 20% da atividade industrial brasileira poderá ter impacto de maneira relevante pela obstrução das cadeias de fornecimento de insumos da China associada às medidas de contenção do contágio do coronavírus.

Já outra parte (40%) pode ser indireta ou parcialmente afetadas, estimam os economistas em nota, que ainda lembram da greve dos petroleiros. A paralisação já dura 19 dias e conta com a adesão de mais de 20 mil trabalhadores.

“Quando a mediana das expectativas para o PIB Produto Interno Bruto de 2020 na Focus indica elevação em torno de 2,5%, já esperávamos 2,2%. Depois, alteramos para 2% e, agora, para 1,8%. Além dos problemas internos, temos essa piora nas expectativas para o PIB mundial. Os dados da economia interna estão horrorosos, e ainda mais se de fato tiver estresse por conta dessa situação envolvendo o Guedes”, diz uma fonte.

A despeito da percepção negativa de alguns sobre o avanço das reformas, o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, pondera que o determinante para a Bolsa brasileira continua sendo o cenário externo. “A coisa mais importante agora é a decisão do banco central chinês”, diz.

Investidores aguardam por mais redução de juros esta noite, desta vez os juros de referência, na reunião do Banco do Povo da China (PBoC). O BC chinês já havia anunciado na segunda-feira corte de juros de empréstimos de um ano, para fazer frente aos impactos da epidemia na economia chinesa.

A alta do petróleo no exterior e a expectativa de um crescimento no lucro da Petrobras também dão sustento para os ganhos na B3. A expectativa é que o lucro líquido atribuído aos acionistas some R$ 8,7 bilhões no quarto trimestre ante igual período de 2018. Se confirmado, será uma alta de 315% frente ao mesmo período de 2018, quatro vezes maior que o último dado.

Alta do dólar é “estrutural”

O operador da Commcor, Cleber Alessie Machado Neto, diz que o atual patamar do dólar é estrutural e está relacionado com os juros baixos no país. Ele cita várias razões: não há atrativo para carry trade (prática que consiste em lucrar com diferença de juros entre dois países), há pouca entrada de fluxo estrangeiro para a Bolsa, o País não tem grau de investimento e o PIB pode ser comprometido pelos efeitos do coronavírus.

“Tudo isso é ruim para o real. O investidor nacional é que está apoiando as altas recentes da Bolsa e faz hedge cambial para exposição em renda variável”, acrescenta Machado Netto.

Ele relata que aumentou a posição comprada em dólar de investidores nacionais. “Ontem (terça) o investidor local estava comprador em dólar futuro em US$ 5,964 bilhões, ante uma exposição vendida desses players de US$ 837,5 milhões em 31 de janeiro”, comenta.

“O investidor nacional se protege no dólar por temer eventual revés na economia interna ou estresse externo mais forte”, avalia. Sua percepção é de que o real opera descolado, mas se o movimento se acentuar e persistir, o BC pode mostrar as caras. “Aparentemente, não há uma defesa de nível de preço, mas de eventual volatilidade”, diz.

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