Finanças
Dólar cai e Ibovespa sobe após China anunciar novos estímulos para a economia
Estímulos à demanda na economia chinesa trouxe otimismo ao mercado do Brasil e ofuscou ata do Copom
O pacote de medidas anunciado nesta terça-feira (24) pela China teve impacto positivo no mercado brasileiro: o dólar fechou abaixo de R$ 5,50 e o Ibovespa avançou 1% no fechamento do dia.
O chefe do Banco Central chinês, Pan Gongsheng, listou medidas do governo para estimular a economia. Elas incluem, de acordo com a Bloomberg, cortes nas taxas de juros, mais dinheiro para os bancos, incentivos para a compra de imóveis e a possibilidade de criar um fundo para estabilizar o mercado de ações.
Como resultado, no Brasil o dólar voltou a cair após dois dias de alta, e fechou abaixo do patamar de R$ 5,50, em baixa de 1,33%. Já o dólar futuro, segundo a Reuters, tinha queda de 1,45% às 17h04, na B3, valendo R$ 5,4614.
O Ibovespa, por sua vez, subiu 1,22% a 132.155,76 pontos, puxado principalmente pelas ações ligadas às commodities, especialmente as da Vale, com alta de 4,88%, da Usiminas (7,68%), da CSN (9,39%) e da CSN Mineração (4,11%).
O ânimo também atingiu outros mercados. Os preços dos contratos futuros de minério de ferro naquele país a registrarem o maior ganho intradiário em mais de um ano. Nos Estados Unidos, os principais índices acionários fecharam em alta, com o S&P 500 registrando ganho de 0,25%, enquanto o rendimento do Treasury de 10 anos marcava 3,7318% no final da tarde, de 3,738% na véspera.
Efeito China
“O tema de hoje é a China”, resumiu à Reuters Jennie Li, estrategista de ações no Research da XP. “Esse é o principal catalisador para essa alta que a gente está vendo.”
Segundo a Bloomberg, autoridades chinesas fizeram diversas reuniões a portas fechadas para definir as novas medidas, que foram aceleradas depois do temor de que uma província do país não conseguiria cumprir a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Com a economia em risco por causa da queda da demanda e da confiança, nas últimas semanas bancos como o Goldman Sachs e o UBS reduziram suas previsões de crescimento para a China, após uma série de dados negativos que alarmaram o mercado sobre a possibilidade de queda nos preços.
Com as medidas anunciadas nesta terça, economistas do Bloomberg Economics e outras instituições esperam que o governo consiga atingir a meta de Xi de expandir o PIB em “cerca de 5%” este ano. Contudo, a maioria dos especialistas concorda que mais medidas serão necessárias para evitar uma deflação prolongada nos moldes do Japão. O principal desafio continua sendo uma estratégia eficaz para estimular os 1,4 bilhão de habitantes da China a aumentar o consumo.
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Ata do Copom ofuscada
Segundo a Reuters, o pacote da China acabou por ofuscar o noticiário doméstico, pelo menos no mercado de câmbio. Pela manhã, o Banco Central publicou a ata de seu último encontro de política monetária, quando elevou a taxa básica Selic em 25 pontos-base, para 10,75% ao ano.
No documento, em tom de pessimismo, o BC informou que a alta da Selic foi retomada com base em três pontos: um cenário que demanda política monetária mais contracionista, uma percepção de que o início do ajuste deveria ser gradual e uma discussão sobre ritmo, magnitude do ciclo e sua comunicação.
“Em virtude das incertezas envolvidas, o Comitê preferiu uma comunicação que reforça a importância do acompanhamento dos cenários ao longo do tempo, sem conferir indicação futura de seus próximos passos, insistindo, entretanto, no seu firme compromisso de convergência da inflação à meta”, disse o BC no documento.
A mensagem da ata foi reforçada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, durante evento em São Paulo. Segundo ele, o número mais recente de inflação foi “até melhor”, mas ao se observar o quadro mais completo a “dinâmica de inflação ainda preocupa o Banco Central”.
Profissionais ouvidos pela Reuters nos últimos dias têm avaliado que a perspectiva de uma Selic ainda mais alta no Brasil, com juros menores nos EUA, abriria espaço para o dólar buscar níveis abaixo dos 5,40 reais. No entanto, a preocupação do mercado com o equilíbrio fiscal — que vem sustentando a curva de juros brasileira — seria um obstáculo para isso.
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