Finanças
Estudo mostra como o índice S&P 500 reagiu a períodos de guerra
Levantamento do Yubb aponta que período mais longo que o índice precisou para se recuperar foi depois da Guerra do Vietnã.
O S&P 500, índice das ações mais representativas listadas na Nyse e na Nasdaq, operou negativamente nos últimos dias após a guerra declarada pela Rússia contra a Ucrânia. No entanto, conforme aponta estudo do buscador de investimentos Yubb, as baixas do indicador durante conflitos semelhantes não são novidade.
A pesquisa, que avaliou 12 momentos históricos desde a criação do S&P 500 (ano de 1957), apontou que a maior queda do indicador norte-americano ocorreu na Guerra do Golfo, em 1990, com baixa de 20,22%, seguida da Guerra do Vietnã, em 1959, com o desempenho desfavorável de 14,62%.
O estudo considerou a reação inicial do mercado financeiro a cada conflito. Para cada um, foram considerados intervalos diferentes – já que, em alguns casos, sequências de ameaças, por exemplo, já faziam preços nas bolsas antes de os conflitos armados e fato eclodirem, enquanto, em outros, investidores foram pegos de surpresa e, portanto, a reação foi mais abrupta.
Tempo de recuperação do S&P
Além do mais, outro dado interessante que a pesquisa revelou foi o tempo que o índice precisou para se recuperar das quedas depois de cada um dos conflitos. Os períodos mais longos para o S&P 500 voltar às normalidades também foram da Guerra do Vietnã e da Guerra do Golfo, que precisaram de 1.017 e 211 dias, respectivamente.
Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, explica no estudo que as guerras analisadas acabam não impactando tão duramente os mercados como os conflitos mundiais. “Isso acontece porque, durante as guerras mundiais, os ciclos econômicos são interrompidos, as cadeias produtivas são desestabilizadas e a ordem global é alterada. Já as guerras pontuais não atingem os resultados de grandes empresas e, portanto, não afetam a bolsa de valores”.
O que aconteceu com o S&P 500 no conflito entre Rússia e Ucrânia?
Para Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA, “o S&P 500 já vinha sofrendo recentemente com as preocupações com a inflação em nível mais alto em 40 anos nos EUA e o iminente início do processo de alta dos juros norte-americanos”.
Sendo assim, para ele, claramente, o início dos conflitos pressionou ainda mais o índice, “que chegou a cair mais de 11% desde o topo histórico, registrado no início do ano”.
Desse modo, o economista ainda acrescenta que “mesmo em um hipotético cenário de encerramento dos conflitos, o foco deve voltar ao principal fator de risco até então, que é saber se o Fed está atrás da curva. Isso incorreria em piora das expectativas de inflação de longo prazo e induziria o Fed a apertar ainda mais as condições monetárias, com maior elevação dos juros”.