Finanças
ETF brasileiro EWZ recua 5% após vitória de Lula; ADR da Petrobras desaba 10%
Investidores estrangeiros reagiam de forma negativa à eleição de Lula no pré-mercado norte-americano.
Investidores estrangeiros reagiam de forma negativa na manhã desta segunda-feira (31) à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente do Brasil. É o que mostram tanto o desempenho do EWZ, um dos principais ETFs de ações brasileiras negociados nos Estados Unidos, quanto dos recibos de ações da Petrobras (PETR3, PETR4) negociados no exterior, que operavam em forte queda no pré-mercado norte-americano.
Por volta de 7h30 (horário de Brasília), o Ishares MSCI Brazil ETF (EWZ), principal ETF (Exchange Traded Fund) atrelado à bolsa de valores brasileira negociado em Nova York, recuava 5,69%, cotado a US$ 29,66. Na sexta-feira (28), antes do resultado das urnas, o fundo havia fechado em queda de 0,57%, a US$ 31,45.
De forma geral, por ter em sua composição ativos que integram o Ibovespa, o EWZ é um sinalizador da demanda internacional por ações brasileiras e, consequentemente, de como pode performar o principal índice da bolsa de valores brasileira.
No mesmo horário, os ADRs da Petrobras (PBR), que são recibos de ações da estatal também negociados em Nova York, desabavam 10,19%, a US$ 12,08.
As performances ocorrem após Luiz Inácio Lula da Silva vencer, no domingo (30), em segundo turno, a disputa à Presidência da República contra o atual presidente Jair Bolsonaro, que tentava reeleição. O petista, que teve 50,90% dos votos válidos (60.251.829 votos), contra 49,1% do adversário (58.130.778 votos), retorna ao comando do Palácio do Planalto após 12 anos do fim de dois mandatos seguidos.
O que esperar do Ibovespa e dólar
Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital, avalia que o mercado, em grande parte, já vinha precificando que esse seria o resultado da eleição presidencial, o que, segundo ele, explica a queda do Ibovespa, o avanço do dólar e o recuo de ações de estatais brasileiras na última semana.
Na sexta-feira (28), o Ibovespa recuou 0,09%, aos 114.539 pontos, e dólar, por sua vez, teve baixa de 0,15%, negociado a R$ 5,3005. Já na semana passada como um todo, o indicador caiu 4,49% e a moeda norte-americana teve alta de 2,99%
“Em um primeiro momento, podemos ver a bolsa de valores caindo e dólar subindo, talvez nos dois primeiros dias da semana. O que devemos ver depois é o mercado se estabilizando um pouco e voltar a ser positivo para o Brasil. Por mais que tenhamos instabilidade local nestes primeiros dias, a gente deve voltar a ver em um prazo médio para curto a bolsa se fortalecendo e o dólar caindo”, estima Izac.
O sócio da Nexgen Capital avalia que o Brasil está muito bem colocado economicamente no cenário externo, principalmente quando comparado com os principais emergentes, estando muito bem visto e muito bem quisto no cenário externo, principalmente para o investidor estrangeiro.
Izac destaca, no entanto, dois pontos de atenção, sendo que o primeiro deles é que a transição de governo tem que ser pacífica.
“Caso a gente veja o atual presidente seguindo uma linha de não aceitar o resultado, ou contestar as urnas, ou seguir para qualquer tipo de movimento para uma aceitação não pacífica, isso pode trazer uma instabilidade politica alta, o que mudaria essa visão positiva que o Brasil tem no exterior. Caso isso aconteça, terá um cenário bem negativo para a bolsa brasileira”, destaca o sócio da Nexgen Capital.
O segundo ponto de alerta, segundo Izac, é, eventualmente, como Luiz Inácio Lula da Silva vai se comportar ao anunciar sua equipe de ministros, principalmente o da economia. “A depender de quem for o nome, isso pode mexer com o mercado”, diz.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, avalia que a bolsa de valores deve corrigir durante a semana, muito por causa das incertezas sobre qual será a política econômica adotada pelo novo governo, e que muitos investidores devem preferir assistir de fora o que pode acontecer com as empresas estatais, o que pode gerar uma forte pressão vendedora também.
“O dólar deve se valorizar frente ao real nas próximas semanas e respeitar a média de R$ 5,20, projetada como a referência pela maioria dos analistas do mercado. Então, não devemos ter um dólar abaixo dos R$ 5 no curto prazo”, projeta Alves.
Ações de estatais
Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital, aponta que as perspectivas para as ações de estatais brasileiras é negativa, já que “o pensamento da esquerda não é de privatizações”.
Na sexta-feira, a ação preferencial da Petrobras caiu 1,18%, a R$32,57. Já o papel ordinário recuou 1,51%, a R$ 35,78, retomando a trajetória negativa que marcou a semana. Além da susceptibilidade às eleições, o ativo também teve de pano de fundo a queda do preço do petróleo no exterior.
A ação do Banco do Brasil (BBSA3), por sua vez, um dos papéis mais vulneráveis ao quadro político, encerrou a sexta-feira em alta de 0,6%, a R$ 38,82, acompanhando a recuperação dos bancos.
A XP Investimentos avaliou em relatório que ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação às políticas futuras do novo presidente da República. No caso do Banco do Brasil, as questões giram em torno das linhas de concessão de crédito subsidiadas. Já para a Petrobras, segundo a XP, as principais questões são em relação à futura política de precificação de combustíveis, bem como seus programas de investimentos futuros.
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